De início pensei que fosse mais uma daquelas histórias de “salvador branco” em que o técnico branco estrangeiro chegaria nesse país pequeno e ensinaria os locais a jogarem futebol e a serem melhores com seus valores ocidentais. Felizmente a trama meio que faz o inverso disso ao fazer de Rongen o sujeito a ser salvo, já que são seus demônios internos e senso de isolamento que o fazem ter dificuldade de treinar o time. Claro, ainda é aquela típica narrativa de superação através do esporte, mas ao menos tenta evitar certos clichês colonialistas.
A produção também se beneficia de um grupo de personagens carismáticos, como o assistente técnico Ace (David Ace), um sujeito tão gente boa que não consegue ser rígido com os jogadores, o goleiro Nicky (Uli Latukefu, de Young Rock) que tenta superar o trauma da goleada que tomou da Austrália ou a jogadora transgênero Jaiyah (Kaimana). As interações entre esses personagens rendem momentos divertidos e o elenco desenvolve uma química sincera entre si.
A questão é que os momentos mais dramáticos não funcionam como deveriam pelo modo como o filme tenta inserir piadas mesmo em cenas que deveria dar mais espaço para o drama se desenvolver. Com isso, o humor termina por sabotar certos momentos de drama (algo comum em produções de Waititi, vide seus dois filmes do Thor) e o desenvolvimento dos personagens não traz o impacto que deveria. Um exemplo é o sacerdote interpretado por Waititi, cujas narrações constantemente interrompem o fluxo da trama para fazer piadinhas descartáveis que, com o tempo, causam mais aborrecimento do que risos, não muito diferente das interjeições do Korg (também Waititi) em Thor Amor e Trovão (2022).
Assim, Quem Fizer
Ganha desperdiça o potencial de sua história e personagens insólitos em uma
trama que nem sempre consegue equilibrar drama e comédia.
Nota: 5/10
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