quarta-feira, 12 de junho de 2024

Crítica – Evidências do Amor

 

Análise Crítica – Evidências do Amor

Review – Evidências do Amor
Quando escrevi sobre Grandes Hits mencionei como é curioso que pessoas diferentes, em lugares diferentes, tenham ideias similares para um mesmo filme. Nesse caso é a premissa que ouvir certas músicas estaria tão conectado aos nossos sentimentos e memória que nos faria viajar no tempo. A produção brasileira Evidências do Amor parte da mesma ideia, embora trace com ela caminhos diferentes do hollywoodiano Grandes Hits, que foi lançado quase no mesmo tempo.

A trama gira em torno de Marco (Fábio Porchat), que não supera o fim do noivado com Laura (Sandy Leah). Agora toda vez que ouve a canção Evidências, de Chitãozinho & Xororó, música que cantou junto com Laura em um karaokê quanto se conheceram, ele é transportado ao passado e revive memórias do relacionamento. Reviver essas memórias o faz perceber que a decisão dela em terminar talvez não tivesse sido tão súbita quanto pensava e que ele tem responsabilidade no fim da relação. Assim, Marco tenta embarcar nessas memórias para pensar em uma maneira de retomar o relacionamento.

Porchat interpreta a si mesmo como de costume, mas funciona porque o texto sabe usar bem seu tipo de comédia e cria situações que sabem aproveitar a comédia física e jeito histriônico do humorista. Um exemplo é a cena em que ele improvisa uma coreografia para Cheia de Manias do Raça Negra ou o momento em que ele sai correndo nu nas bodas dos sogros com a câmera sempre encontrando um ângulo estratégico para tapar as partes do ator ao melhor estilo Austin Powers.

Porchat se beneficia de um elenco coadjuvante que embarca junto do seu ritmo cômico, em especial Evelyn Castro, com quem já trabalhou em inúmeros esquetes do Porta dos Fundos. Castro interpreta a zeladora do prédio de Marco e tem com ele alguns dos diálogos mais divertidos do filme. A cena em que ela fica tocando e parando Evidências só para ver o que isso faz com Marco me fez rir alto. Além dela Porchat também tem interações divertidas com a chefe interpretada por Larissa Luz.

Menciono as coadjuvantes porque a verdade é que falta química entre Porchat e Sandy para convencer do sentimento intenso de Marco e da fossa que ele se encontra por conta do término. Sem essa química, sem sentirmos essa conexão intensa entre eles, parte da força dramática se dilui. Claro, ainda existem momentos dramáticos que funcionam, como a cena em que Marco viaja para uma memória na qual reencontra o pai falecido, mas o coração do filme deveria ser essa conexão entre Marco e Laura. Uma conexão que experimentamos através de fragmentos de tempos e espaços, cujo roteiro é hábil em ilustrar a dinâmica do desgaste da relação e como isso afeta os personagens, mas apesar de explicar muito bem o que essa relação foi para eles, a ausência de uma química mais intensa entre Porchat e Sandy não nos permite sentir efetivamente a força desse afeto.

Assim, Evidências do Amor envolve pela habilidade do texto em construir sua narrativa de realismo fantástico e por aproveitar o ritmo cômico de Porchat ao lado dos vários coadjuvantes, mas a falta de química entre o casal principal impede que o desenvolvimento da relação tenha todo o impacto pretendido.

 

Nota: 6/10


Trailer

Nenhum comentário:

Postar um comentário