terça-feira, 4 de junho de 2024

Crítica – Paper Mario: The Thousand Year Door (2024)

 

Análise Crítica – Paper Mario: The Thousand Year Door (2024)

Review – Paper Mario: The Thousand Year Door (2024)
Quando o primeiro Paper Mario saiu para Nintendo 64 eu não fiquei muito impressionado. Esperava algo na veia de Super Mario RPG para SNES e seus sistemas mais simples de RPG soavam como um retrocesso. Com o tempo aprendi a gostar do estilo do jogo e acompanhei outros lançamentos da franquia como Super Paper Mario para Wii, que transformava o jogo numa espécie de RPG de plataforma em tempo real. Com o tempo os jogos foram se afastando mais de elementos tradicionais de RPG e a franquia foi se tornando menos interessante para mim.

Paper Mario: The Origami King para Nintendo Switch foi uma tentativa de retornar a algumas mecânicas de RPG e a presença de diferentes parceiros para Mario, mas ainda assim não era o retorno à fórmula que muitos esperavam, nem estava à altura daquele que era considerado o pináculo da franquia: Paper Mario: The Thousand Year Door para Gamecube. Como não tive um Gamecube, nunca joguei TTYD, então fiquei bastante empolgado quando um remaster dele pra Switch foi anunciado. Depois de ter experimentado o jogo, confesso que os elogios não são infundados e espero que a Nintendo retorne Paper Mario a algo neste estilo em futuros games.

A trama do jogo começa quando a princesa Peach chega à misteriosa cidade de Rogueport. Lá ela encontra um mapa mágico que a direcionaria a um tesouro misterioso e chama Mario para ajudá-la. Chegando na cidade, o encanador descobre que Peach foi sequestrada pelos misteriosos X-Nauts, mas deixou o mapa para ele. De posse do item, Mario precisa recolher as sete Crystal Stars para abrir uma porta mística nos subterrâneos da cidade, resgatar Peach e descobrir o que os misteriosos vilões planejam.

Como em outros Paper Mario é uma trama repleta de humor, com trocadilhos, comédia pastelão e até momentos de quebra da quarta parede, como a cena em que um personagem, claramente um X-Naut disfarçado, olha para tela e pede ao jogador que não conte para Mario que ele é um inimigo, uma fala que deixa confusos os personagens ao redor. É também marcado por personagens carismáticos, lembrando um período em que a franquia se preocupava em introduzir figuras pitorescas, jogáveis ou não, ao invés de usar Toads para tudo como aconteceu a partir do pavoroso Paper Mario: Sticker Star.

A campanha também acerta ao trazer várias locações marcantes em cada capítulo. De um torneio de luta, passando por uma vila sombria ou uma ilha do tesouro, cada local é cheio de uma personalidade singular e oferece vários momentos marcantes.

O combate consiste de batalhas por turnos nos quais o jogador controla Mario e um de seus parceiros. Os ataques dependem de comandos realizados com timing preciso para aumentar o dano e há uma estratégia em saber que tipo de ataque ou qual parceiro usar a cada tipo de inimigo. Se defender também depende de timing, já que bloquear no momento certo ajuda a diminuir o dano recebido. O jogo introduz ainda uma mecânica de defesa precisa que usa o botão B ao invés do A. A janela de defesa é ainda menor, mas se acertar o jogador não apenas anula completamente o dano como também causa um ponto de dano aos adversários, inserindo um componente de risco e recompensa.

As estratégias de combate são ampliadas com o retorno das badges do primeiro Paper Mario, equipamentos que oferecem novas habilidades, como ataques mais fortes ou que causam status negativos, ou melhorias de atributos, ampliando o leque de customização. Como cada equipamento utiliza uma quantidade de badge points, saber o que equipar a cada momento é importante para explorar as vulnerabilidades dos inimigos de cada região. Como as batalhas acontecem em um palco, é importante também estar atento aos perigos do cenário, com objetos caindo nos heróis ou inimigos, e também nas ações da plateia, que pode jogar itens para auxiliar Mario ou atacá-lo. Nesses momentos um comando para apertar um botão específico aparece na tela e o jogador precisa examinar rápido o que está vindo em sua direção para impedir que o item seja ou não jogado no palco.

O remaster mantém a trama e as mecânicas originais, mas adiciona algumas melhorias de navegação e menus. É possível trocar o parceiro de Mario rapidamente apertando o botão L, sem precisar ir para o menu. O constante backtracking, muito criticado no original de Gamecube é suavizado pela colocação de atalhos em várias partes depois de superar os obstáculos pela primeira vez e a adição de uma sala nos subterrâneos de Rogueport com canos que permitem se transportar direto para o ambiente de cada capítulo sem precisar refazer todo o caminho até lá. Isso tira uma boa parte da frustração de ter que ficar indo e voltando, principalmente nas missões secundárias, que transparecem um design datado.

É possível pegar missões secundárias em um quadro de avisos em Rogueport e todas elas consistem de fetch quests bem básicas de falar com um NPC, coletar um item que ele pede e voltar para ele depois. Algumas oferecem momentos divertidos, como a que te coloca para ouvir histórias do idoso prefeito de Petalburg, embora não seja o bastante para nos distrair que é tudo bem básico em termos de jogabilidade e só continuamos a fazê-las porque algumas dão recompensas valiosas, como equipamentos, expansões para a mecânica de cozinhar itens e até um companheiro adicional para Mario. Incomoda também que só seja possível pegar uma missão secundária por vez, ao invés de várias, o que só amplia o backtracking, ainda que a sensação de perda de tempo seja menor por conta da inserção de atalhos.

Assim, embora mostre sua idade em alguns aspectos, o remaster de Paper Mario: The Thousand Year Door é um excelente RPG, repleto de humor e personalidade, que lembra do pleno potencial da franquia depois de várias continuações que ficaram aquém do que poderiam.

 

Nota: 9/10


Trailer


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