A narrativa começa no ponto em que o ano anterior parou, com Gus (Christian Convery), Jepp (Nonso Anozie), Becky (Stefania LaVie Owen) e Wendy (Naledi Murray) tentando chegar ao Alasca para encontrar Birdie (Amy Seimetz), a mãe de Gus, e uma possível cura para o Flagelo que aflige a humanidade. Gus e seus amigos, no entanto, não são os únicos a buscarem a origem do Flagelo, já que Zhang (Rosalind Chao), a última líder de facção a sobreviver aos eventos da segunda temporada, busca a origem do vírus não apenas em busca da cura, mas também de um meio de eliminar os híbridos e fazer humanos voltarem a nascer.
Os primeiros episódios da temporada tem um clima bem de “história da semana”, com Gus e seus amigos chegando a um novo lugar, encontrando sobreviventes e, de maneira relativamente redundante, percebendo como o Flagelo devastou a humanidade e também como estimulou o que há de mais egoísta e cruel nas pessoas. São ideias que soam repetidas e que já foram mostradas a exaustão nas duas temporadas anteriores, embora eu imagine que sejam reforçadas aqui por conta dos temas que envolvem o desfecho.
A série acerta ao manter os personagens unidos e evitar a quantidade ampla de frentes narrativas que fez o segundo ano se arrastou e nos privou da dinâmica mais importante da série que é a relação entre Gus e Jepp. Aqui continuamos a ver a conexão profunda entre os dois e como o garoto fez desesperançoso Jepp ter novamente algo em que acreditar e pelo que viver enquanto o grandão ajuda Gus a ver o melhor da humanidade e como podemos ser abnegados e capazes de nos sacrificar por quem amamos.
Essa relação é o que vai dar impacto ao clímax e a escolha final de Gus em relação a como lidar com a misteriosa árvore no coração do Alasca e sua escolha em relação ao Flagelo e a humanidade. Muito do porque o desfecho tem de emoção e impacto vem justamente do afeto sincero e da conexão emocional intensa que sentimos entre Convery e Anozie. Se durante boa parte do tempo a série trocou o clima mais sombrio do quadrinho original em prol de um clima de aventura para toda a família, a decisão final de Gus nos traz a sóbria realização de que não há um cenário em que todos saiam ganhando e aqui. A ideia de que a humanidade talvez não deva ser salva ou restaurada é uma noção dura, mas coerente com o percurso até aqui e um lembrete para o mundo real de que todo nosso comportamento predatório com a natureza tem consequências.
Digo isso porque apesar dos primeiros episódios demorarem a entrar no conflito principal, a impressão é que tudo se move rápido demais na segunda metade da temporada, como se a série tivesse pressa de chegar ao fim. A sensação é que talvez tudo tivesse sido originalmente planejado para mais temporadas, mas a Netflix decidiu encerrar logo a série, então muita coisa precisou ser condensada. Isso é perceptível no excesso de exposição ao redor do passado da caverna e em como a trama corre em diálogo informativo atrás de diálogo informativo para rapidamente nos dar tudo que precisamos saber antes do confronto final. Não ajuda também que Zhang não seja uma antagonista a altura do senso de ameaça do General Abbot nas duas primeiras temporadas.
Claro, o final não deixa de ter impacto e emoção justamente
por conta do afeto entre Jepp e Gus, sem mencionar que mesmo com a ideia de que
a humanidade deve dar lugar a outras coisas nesse mundo, a mensagem final
consegue ser esperançosa ao mesmo tempo em que critica o modo como a humanidade
tratou a natureza. Pode não ser tão bacana quanto o ano de estreia, mas a
terceira temporada de Sweet Tooth ao
menos consegue encerrar a série de maneira digna.
Nota: 7/10
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