A trama se passa nos anos 60, sendo protagonizada por Kelly (Scarlett Johansson), uma profissional de marketing que é contratada pelo governo dos EUA para fazer a opinião pública ficar favorável à ideia de uma missão para a Lua. Chegando na base de lançamento na Flórida, as táticas de Kelly para melhorar a imagem do programa espacial enfrentam resistência do diretor da missão Cole (Channing Tatum) que não aprova os métodos escorregadios de Kelly. Claro que a partir dessa união entre opostos os dois irão se apaixonar.
Toda a trama romântica é uma típica história de
personalidades opostas que começam às turras, mas aos poucos aprendem o
suficiente um com o outro para se apaixonarem. É uma aplicação bem direta do
tropos do “enemies to lovers” (de inimigos a amantes) que se desenvolve de
maneira relativamente previsível. Poderia não funcionar por sua adesão
excessiva aos formatos do gênero, mas encanta pelo carisma de suas duas
estrelas, que funcionam bem juntos e dão algum realismo emocional a personagens
que poderiam ser clichês entediantes. Johansson é encantadora como a
publicitária com língua ouro que sempre sabe dizer a coisa certa para conseguir
o que quer. Tatum faz o mesmo tipo chucro, mas de bom coração, que já
demonstrou fazer bem em tantos outros filmes. Eles são auxiliados pelo texto
espirituoso, que mantem o bom humor através de diálogos rápidos cheios de
trocas de farpas sagazes entre o casal principal, remetendo a comédias
românticas do período em que a narrativa se passa.
Se a faceta de comédia romântica funciona bem, o lado de filme histórico, porém, não tem a mesma sorte. A narrativa até toca no modo como a exploração espacial impactou a cultura da época e os debates a respeito da alocação de vultuosos recursos na empreitada, mas fica na superfície disso. Durante boa parte do tempo o filme foca num ufanismo propagandístico tão pouco sutil que soa cafona, como se a única coisa que a narrativa tivesse a dizer fosse reforçar a ideia dos Estados Unidos como a maior nação do mundo. Perto do final, porém, o texto consegue usar o passado para ponderar o presente através da noção de que o pouso na Lua poderia ter sido forjado. Essas ideias tentam resgatar a noção de um país em que fatos concretos importavam e que as pessoas não tentavam moldar a realidade para encaixar suas crenças. Nesse sentido o filme pondera sobre o dano que informações falsas podem causar a uma nação e como a verdade é sempre mais eficiente do que qualquer discurso baseado em mentiras.
O desfecho impede que a narrativa se resuma a uma mera
propaganda ufanista, embora o filme acabe se alongando mais do que o necessário
para chegar nessas ideias. Mesmo sendo relativamente previsível, Como Vender a Lua funciona melhor como
comédia romântica do que como drama histórico graças ao carisma do casal
principal e dos diálogos bem humorados.
Nota: 6/10
Trailer
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