segunda-feira, 1 de julho de 2024

Crítica – Meu Malvado Favorito 4

 

Análise Crítica – Meu Malvado Favorito 4

Review – Meu Malvado Favorito 4
Quando escrevi sobre Meu Malvado Favorito 3 (2017) mencionei como o filme deixava evidente o desgaste criativo da franquia, se limitando a encadear uma série de gags cômicas de modo aleatório e episódico sem uma trama que ajudasse a nos manter investidos em todo o caos. Este Meu Malvado Favorito 4 segue o mesmo caminho, partindo de um fiapo narrativo para jogar um monte de situações cômicas a esmo, sendo que uma parcela não funciona como deveria.

Gru (Leandro Hassum) se vê ameaçado pelo antigo inimigo Maxime Le Mal, que fugiu da prisão e jura se vingar de Gru e de sua família. Agora ele, a esposa, Lucy (Maria Clara Gueiros), e as filhas se mudam para uma pequena cidade, recebendo novas identidades. Ao mesmo tempo, os minions são levados para o QG da Liga Antivilões para serem treinados como agentes, o que logicamente dá muito errado e gera muitas confusões.

A impressão é que temos dois filmes distintos aqui, já que a subtrama dos minions na Liga, ganhando super poderes e tudo mais, é completamente desconectada do restante da narrativa, só encontrando Gru e os demais nos últimos minutos para facilmente derrotarem o vilão. É como se a Illumination visse que as ideias para um quarto filme do Gru não tivessem estofo suficiente para render um filme e jogaram no meio um rascunho para um terceiro filme solo dos minions. Sim, as cenas com os Mega Minions tentando salvar a cidade e falhando miseravelmente (com direito a uma piada com a cena do trem de Homem-Aranha 2) são divertidas, mas poderiam ficar na sala de edição sem muito prejuízo.

A questão de Gru e a família viverem sob novas identidades nunca vai a lugar algum também, se restringindo a um humor de constrangimento conforme Gru tenta ficar amigo do novo vizinho e uma cena previsível em que Lucy vai trabalhar em um salão de beleza mesmo sem ter nenhuma experiência (porque a Liga não criou uma identidade que se relacionasse com as habilidades dela?) e dá tudo errado. Esse é um dos problemas de boa parte do humor, é tão previsível e conseguimos antever as gags com tanta antecedência que quando acontece é difícil esboçar um sorriso.

Outro problema é que muitas piadas parecem se apoiar meramente em referências a cultura pop, como se simplesmente reconhecer uma citação fosse suficiente para algo ter graça. É isso que acontece, por exemplo, na cena do supermercado em que Lucy é perseguida por uma cliente cujo penteado destruiu e a dondoca começa a correr atrás dela sob uma música muito parecida com a de Exterminador do Futuro e, bem, é isso. A cena não tem nada em termos de uma sátira específica desses filmes, apenas constrói imagens parecidas e acha que isso é o bastante para nos fazer rir. O ocorrido, por sinal, não tem qualquer repercussão na trama e a tal cliente ou a destruição que Lucy causou no salão de beleza não fazem nenhuma diferença.

É diferente, por exemplo, do flashback em que vemos Gru imitar Boy George em um show de talentos da escola cantando Karma Chameleon. A graça não vem simplesmente de reconhecermos uma referência à canção pop da década de oitenta, mas em ver o habitualmente mau humorado Gru reproduzindo as roupas e maneirismos excêntricos de Boy George, invertendo as expectativas que temos a respeito do personagem. A questão é que boa parte das gags não tem essa construção, se limitando a mencionar algo conhecido e pronto.

Sim, aqui e ali temos momentos divertidos (a maioria por conta dos minions) e o filme provavelmente deve ser capaz de manter crianças entretidas nos seus cerca de noventa minutos de duração, mas o resto do público não vai encontrar nada de muito interessante ou engraçado. Meu Malvado Favorito 4 mais uma vez dá a impressão que esses filmes não tem mais para onde ir criativamente e que tudo é feito a toque de caixa só para tentar espremer alguma bilheteria do público cativo. Só espero que a Illumination saiba que já está passando da hora de parar antes que vire algo intragável como aconteceu com o quinto A Era do Gelo.

 

Nota: 5/10


Trailer

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