Crítica – Manual de Assassinato Para Boas Garotas

 

Adaptando o romance de mesmo nome escrito por Holly Jackson, Manual de Assassinato Para Boas Garotas é uma trama investigativa para o público jovem que remete a produtos similares como as histórias de Nancy Drew ou Veronica Mars. O problema é que a série não faz muito mais além de seguir todas as estruturas típicas desse tipo de narrativa sem muito brilho.

A trama é protagonizada por Pippa (Emma Myers, de Wandinha) que decide investigar o assassinato de Andie Bell (India Lillie Davies), a garota mais popular da escola, ocorrido cinco anos atrás. O crime abalou a pequena cidade em que Pippa vive e a garota pensa em usar sua investigação como a redação para a faculdade. Sua investigação também é motivada pelo fato dela não acreditar que Sal (Rahul Pattni), o namorado de Andie, tenha cometido o crime.

A série faz aquilo que se espera de uma trama investigativa, encadeando reviravoltas e descobertas que vão desvelando os segredos sombrios daquela pequena cidade, com cada episódio terminando com uma grande revelação que serve de gancho para o seguinte. Não há nada de exatamente incorreto no manejo da intriga, o problema é como a série falha em construir qualquer senso de urgência ou perigo em relação à investigação de Pippa. Não há exatamente uma corrida contra o tempo ou a necessidade de tirar alguém da cadeia (Sal se matou depois de ser acusado).

Também não há o senso de que há algo em jogo para Pippa ou algum senso de consequência caso ela falhe. Ela poderia simplesmente escolher outro tema para sua redação e deixar a investigação inconclusa não lhe causaria nenhum prejuízo. Durante boa parte da temporada sequer sentimos que ela está em algum grau de perigo por mexer nos segredos da cidade. Mesmo quando Pippa sofre uma tentativa de estupro a trama não dá o devido tempo para trabalhar a repercussão disso na personagem, rapidamente passando pelo evento. A impressão é que a série não se demora sobre isso talvez para evitar que as coisas fiquem sombrias demais para o jovem público alvo, mas se esse é o caso talvez fosse melhor nem ter esse evento, já que do jeito que está fica como um momento raso feito para chocar. 

Só nos dois últimos episódios é que sentimos que a protagonista corre algum perigo real e esses capítulos finais também são eficientes em nos dar reviravoltas impactantes envolvendo os culpados pelo crime. O problema é que é muito pouco e muito tarde, não sendo o suficiente para salvar a narrativa de toda a construção inane até então. É uma pena, pois Emma Myers é uma protagonista carismática que confere uma curiosidade espevitada a Pippa e a personagem merecia uma trama e uma construção melhores.

No fim das contas, Manual de Assassinato Para Boas Garotas entrega uma trama investigativa que carece de tensão, falhando em envolver porque demora em dar ao espectador o suficiente para se manter investido na investigação da protagonista.

 

Nota: 5/10

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