sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Crítica – MaXXXine

Resenha Crítica – MaXXXine


Review – MaXXXine
Desfecho da trilogia iniciada com X: A Marca da Morte (2022) e Pearl (2023), este MaXXXine é, infelizmente o mais fraco dos três. Ele segue boa parte dos temas iniciados nos dois outros filmes, mas não tem muito a acrescentar a eles. A trama acompanha a atriz Maxine (Mia Goth), depois dos eventos do primeiro filme. Ainda marcada pelo trauma da matança a qual sobreviveu ela tenta reconstruir a carreira saindo do pornô e indo para Hollywood. Quando Maxine consegue um papel de protagonista em um filme de terror ela crê que finalmente alcançará o estrelato que almeja, mas começa a ser seguida pelo detetive John Labat (Kevin Bacon) que ameaça revelar segredos do passado dela, tudo isso enquanto a atriz navega pelo perigo das ruas de Los Angeles aterrorizadas pelo serial killer Night Stalker (que existiu de verdade).

Histórias paralelas

Se em Era Uma Vez em Hollywood (2019) Quentin Tarantino fez uma fantasia triunfalista na qual o registro histórico era alterado para evitar o fim de um período dourado de Hollywood ou do país, aqui o diretor Ti West reconstrói a Hollywood do final dos anos 70 e início dos oitenta para repensar a história a partir de um triunfalismo feminino. Não é à toa que ele preenche seu universo com personagens femininas que provavelmente não ocupariam os espaços que elas ocupam na época retratada, como a prestigiada diretora vivida por Elizabeth Debicki ou a detetive interpretada por Michelle Monaghan. A trama reescreve a história para pensar em um passado menos marcado por machismo, mas acaba não fazendo muito para imaginar como as coisas seriam diferentes.

Do mesmo modo, a narrativa desfila várias referências a clichês de terror (embora sem o humor autoconsciente de algo como a franquia Pânico) que raramente vão a lugar algum. Referências visuais pipocam o tempo inteiro na tela como o fato da caracterização do detetive Labat ser toda pensada para evocar o Jack Gittes (Jack Nicholson) de Chinatown (1974) ou o homem fantasiado de Buster Keaton que ataca em um beco culminando em uma brutal reação da protagonista. A impressão é que tudo isso está posto em cena apenas para que reconheçamos essas referências embora elas não sejam usadas para tecer nenhum comentário sobre Hollywood, seus cânones ou as representações que eles põem em jogo.

Prazeres violentos

A subtrama do serial killer inspirado em uma figura real corre em paralelo com o arco de Maxine durante boa parte da narrativa e era de se esperar que escolher referenciar um assassino que de fato existiu seria usado para fazer algum comentário sobre o período. No fim até que isso acontece, mas toda a ideia de moralismo religioso envolvida na revelação do assassino (cuja identidade acaba sendo um pouco previsível) se limita a repetir ideias que já vimos nos dois primeiros filmes da trilogia.

Quem segura o filme é a intensidade de Mia Goth como Maxine, uma mulher claramente traumatizada pelos horrores recentes aos quais sobreviveu e marcada por uma educação demasiadamente religiosa, mas que se endureceu para sobreviver a um mundo que lhe é hostil e agora não hesita em recorrer ao uso de violência para remover qualquer um de seu caminho. É difícil negar a força catártica da violência brutal criada por Ti West conforme Maxine elimina os homens que se colocam contra ela, do momento em que ela esmaga os testículos de um sujeito com os pés ou quando mata um adversário usando o compactador de um ferro velho, o filme não economiza na violência explícita para nos mostrar até onde Maxine vai para conseguir o que quer e como ela não vai mais aceitar ser usada, abusada ou explorada.

É uma pena que MaXXXine não esteja a altura dos dois filmes anteriores, se perdendo em referências vazias e uma trama que nunca amarra suas várias ideias em um todo coeso, valendo só pela intensidade brutal da Mia Goth.

 

Nota: 5/10

Trailer

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