quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Crítica – Minhas Aventuras Com o Superman: Segunda Temporada

 

Análise Crítica – Minhas Aventuras Com o Superman: Segunda Temporada

Review – Minhas Aventuras Com o Superman: Segunda Temporada
O ano de estreia de Minhas Aventuras Com o Superman acertava na construção de um Superman mais esperançoso, benevolente e conectado à sua humanidade. Esse segundo ano continua isso e expande o universo com novos personagens.

Depois de salvar Metrópolis do Parasita o Superman conta com aprovação de boa parte do público, embora Amanda Waller ainda o trate como ameaça, principalmente depois da visão de uma frota kryptoniana se aproximando. Clark tenta descobrir mais sobre seu passado enquanto Lois se esforça para se reaproximar do pai e Waller cruza ainda mais limites éticos para conseguir meios de enfrentar o Superman, buscando inclusive ajuda do gênio tecnológico Lex Luthor.

A temporada explora o senso de solidão de Clark por ser o único de sua espécie e a dificuldade dele em lidar com o legado kryptoniano que parece ser o de um império expansionista. Esse senso de isolamento desperta inseguranças em Lois de que ela talvez seja banal demais ou não seja o suficiente para alguém tão extraordinário quanto Clark. Jimmy, por outro lado, só vai ter algum arco próprio quando Kara chega na cidade e ele se torna a principal conexão dela com a humanidade, mostrando o lado positivo do nosso planeta para a prima do Superman, que parece ter vindo para nos dominar.

É curioso como a série escolhe desenvolver a relação de Kara com Brainiac quase como uma versão sombria de Clark. Se o Superman veio para a Terra e recebeu pais adotivos amorosos, que o ensinaram a ser uma pessoa amorosa e responsável, Kara é criada por uma inteligência artificial manipuladora, que posa de pai benevolente, mas constantemente a diminui, a faz sentir inadequada ou indigna de afeto, fazendo-a crer que Brainiac é o único que se importa com ela. Se Clark foi criado para cuidar das pessoas, Kara foi criada por Brainiac para ser uma arma e a jornada dela é justamente perceber o quanto ela foi manipulada e romper com essa relação tóxica.

Ao repensar sua relação com Clark e revisitar sua relação com o pai Lois também entra numa jornada de autoaceitação para entender que seu amor por Clark é o suficiente. Isso é desenvolvido nos episódios que remetem à seminal história Para o Homem que Tem Tudo, de Alan Moore, e que já tinha sido adaptada pela animação Liga da Justiça Sem Limites. Preso na própria mente por conta da Clemência Negra, Clark acredita estar vivendo em Krypton até que Lois chega para quebrar a ilusão. O fato de Lois ter habilidades acima do normal dentro da mente de Clark revela como ele a vê como uma mulher poderosa, como uma igual e não como uma inferior como Lois pensava, lembrando também como a força do Superman não vem só de seus poderes, mas de sua humanidade e dos seus sentimentos pelos amigos.

Do lado dos vilões Brainiac se mostra um antagonista ardiloso, constantemente capaz de antecipar os movimentos dos heróis e usar contingências para adaptar seus planos, uma IA bélica que funciona como uma perfeita ferramenta de guerra, movido não apenas por sua programação, mas por ego, já que sua motivação para se virar contra os kryptonianos vem de não aceitar ter seu propósito questionado. Por outro lado Lex Luthor nunca tem espaço para dizer a que veio. De início até parece que ele será importante em colocar a opinião pública contra o Superman, usando sua retórica para fazê-lo parecer uma ameaça, mas conforme a trama progride ele se torna apenas um lacaio de Waller e mesmo suas invenções são facilmente neutralizadas pelo Superman ou Brainiac. Até em termos de design este Luthor não tem nada que chame atenção, soando como um nerd genérico. Sim, o final da temporada o posiciona como um possível problema adiante, mas aqui ele não chega nem perto do Luthor cuja inteligência seria capaz de ameaçar o Superman.

A ação continua fazendo um bom trabalho em retratar as capacidades dos personagens, em especial os poderes de Clark e Kara, acertando também em dar mais ambiguidade a alguns vilões que lutam do lado dos heróis em alguns momentos, em especial na exploração de Livewire e Onda Térmica, trazendo até o cotidiano das duas conforme elas auxiliam Lois e Jimmy. A batalha final mostra a extensão da ameaça de Brainiac como algo que se expande em tantas frentes que só uma ou duas pessoas não seriam capazes de contê-lo. Se no final da primeira temporada o papel do resto dos personagens em ajudar Clark era mais as margens do conflito, impedindo que o Parasita conseguisse mais energia da cidade, aqui os demais personagens tem um papel mais ativo em enfrentar o vilão, colocando até mesmo Amanda Waller ou o general Sam Lane para deixarem de lado as diferenças e ajudarem o Superman.

A batalha final contribui para que o Superman não seja simplesmente esse salvador solitário do qual as pessoas precisam confiar ou depender e sim alguém que inspira todos a serem melhores, a ajudarem os outros. Por mais poder bruto que tenha, o que faz a diferença é a capacidade do Superman em inspirar e unir as pessoas, com esse espírito de cooperação sendo essencial para a vitória contra Brainiac. Com isso, a segunda temporada de Minhas Aventuras com o Superman continua entregando histórias que lembram que o principal poder do Superman é sua humanidade, ainda que nem todas as tramas ou personagens desse segundo ano rendam coisas interessantes.

 

Nota: 7/10


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