Crítica – Os Novatos

 

História mais velha que o próprio tempo: grupo de garotos meio nerds chega no ensino médio decididos a se tornarem populares e conquistarem garotas, a oportunidade vem na primeira grande festa do ano. É essa premissa extremamente típica de filmes adolescentes que Os Novatos vai construir, com o grosso do filme se passando em uma festa que sai do controle não muito diferente de produções como Mal Posso Esperar (1998) ou Projeto X (2012).

Só mais um besteirol americano

A trama gira em torno de Benj (Mason Thames, de O Telefone Preto), que vê na primeira festa do ensino médio uma chance de ficar com Bailey (Isabella Ferreira, de Crush: Amor Colorido), a melhor amiga de sua irmã, Alyssa (Ali Gallo), por quem é apaixonado há anos. Na festa Benj e seus amigos se envolvem em muitas confusões para tentar parecerem descolados.

Muito do filme repete piadas e situações que já vimos em outras comédias adolescentes, sendo que algumas dessas ideias envelheceram mal e soam problemáticas nos dias de hoje. Um exemplo é Koosh (Bardia Seiri) se trancando em um cômodo com uma garota para tentar conquistá-la, uma estratégia que sua manipulativa e abusiva, com o filme ao menos reconhecendo isso ao fazer o personagem se dar mal ao final. A figura do professor (Bobby Cannavale) que se pretende a ser “descolado”, mas é meio fracassado e participa da festa também é questionável, já que é um adulto e professor bebendo e fumando em meio a menores de idade. A narrativa não aborda o que acontece depois, mas no mundo real, considerando que vários presentes o filmam com o celular, ele perderia o emprego e a reputação, ainda mais em um lugar puritano e moralista como os Estados Unidos.

Um pouco menos de imaturidade

São raros os momentos em que o filme tenta inverter ou fazer algo diferente com as expectativas desse tipo de narrativa. O melhor exemplo é o arco Connor (Raphael Alejandro) e Eddie (Ramon Reed) dando carona para Katrina (Loren Gray), a patricinha mais popular da escola. Saindo bêbada da festa, eles veem no fato dela estar no banco de trás uma oportunidade de se darem bem com ela. O que acontece, na verdade, é que ela passa mal e emporcalha o carro todo, obrigando os dois garotos a cuidarem dela. Sim, é “humor de banheiro”, mas ao menos vira do avesso o que se esperaria dessa situação, principalmente porque nenhum dos dois termina com ela, evitando o clichê de que homens deveriam ser recompensados simplesmente por não agirem como babacas junto a uma mulher.

Do mesmo modo, o final também evita o clichê do protagonista conquistar a garota ao fazer um grande gesto público depois de agir feito um babaca com ela. O fim deixa em aberto a possibilidade de Benj conseguir algo com Bailey, não terminando de uma maneira negativa ao mesmo tempo em que evita o tipo de solução fácil comumente empregado nessas produções. A atriz Kaitlin Olson (a Dee de It’s Always Sunny On Philadelphia) aparece pouco como a mãe de Benj, mas tem momentos divertidos no final com toda a tirada raivosa dela ao reclamar com os filhos por conta de tudo que aprontaram.

Ainda que aqui e ali tente evitar alguns lugares comuns problemáticos desse tipo de narrativa, Os Novatos não consegue se diferenciar de um oceano de produções similares, entregando uma comédia adolescente sem nada de muito marcante.

 

Nota: 5/10

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