A trama se passa anos depois da morte de Cesar, com os símios dominando o planeta e os humanos cada vez menos numerosos. Noa (Owen Teague) é um jovem símio de um clã remoto que é atacado pelos símios agressivos que servem a Proximus Cesar (Kevin Durand). Agora Noa precisa se aventurar fora de seu vale remoto para resgatar a família. No caminho ele aprende mais sobre o atual estado do mundo e como as coisas se tornaram assim, ele conhece Raka (Peter Macon), um seguidor dos valores do falecido Cesar, e a humana Mae (Freya Allan, a Ciri de The Witcher).
A estrutura é a de uma típica “jornada de herói” com um jovem protagonista chamado à aventura, saindo de sua vila para aprender sobre o mundo e salvar seu clã de um vilão. É bem esquemático nesse sentido, mas consegue nos manter investidos no arco de Noa por dar o devido tempo para desenvolver a conexão do personagem com sua clã e amigos, nos fazendo entender o que tudo significa para ele, dando o devido peso dramático e senso de risco no resgate, bem como estabelecendo conexões emocionais bem genuínas entre esses personagens.
Se de um lado temos Raka como representante fiel das ideias de Cesar que vimos na trilogia anterior, pregando um esforço de cooperação e de convivência pacífica mesmo entre humanos e símios, Proximus é um arauto que perverte esses ensinamentos como meio de controle social e de manter seu poder sobre o grupo. Em seus discursos vemos como ele usa os ensinamentos para fazer os outros símios seguirem suas ordens e cumprirem seus desejos, tornando o que seria um conjunto de princípios pensados para emancipar os símios sendo usado para escravizá-los. Não é muito diferente de como lideranças políticas e religiosas do mundo real pervertem diferentes doutrinas e apresentam visões dogmáticas que aprisionam seus seguidores.
Kevin Durand traz uma presença poderosa e imponente a Proximus, mas o personagem sofre por não ser muito mais do que um autoritário em busca de poder que aproveita o vácuo de autoridade de um mundo pós apocalíptico para ascender a uma posição de dominância. Um tipo de vilão que já vimos aos montes em outras histórias sobre colapso do mundo. Se a trilogia anterior tínhamos antagonistas com motivações compreensíveis, como Koba, que davam diferentes camadas a eles, algo que não acontece com Proximus.
Quem exibe alguma ambiguidade moral é Mae, que inicialmente parece uma humana frágil que depende de Noa e Raka para sobreviver, mas conforme a trama progride cresce a impressão de que ela tem planos ocultos e mesmo quando ela revela a verdade sempre há a impressão de que há mais sendo escondido por ela. Essa duplicidade fica ainda mais evidente durante o clímax, quando ela não demonstra qualquer hesitação em explodir a barragem mesmo sabendo que poderia matar os próprios aliados. Ainda que ela tenha dependido da ajuda de símios durante todo o filme, ela apresenta uma medida de soberba humana no modo como os enxerga, demonstrando mais de uma vez que ela vê os humanos como uma espécie dominante. É compreensível seu desejo de ajudar o que restou da humanidade e dar segurança aos seus iguais. Por outro lado, sua postura beligerante de ver os símios seres de segunda categoria é o exato motivo da humanidade ter sido quase destruída.
Como os demais filmes recentes da franquia, o filme impressiona pela fidelidade visual dos símios digitais e o quanto esses personagens conseguem ser expressivos. Os efeitos visuais também são eficientes nas cenas de ação, em especial na vertiginosa escalada durante a inundação do clímax que apresenta vários planos longos enquanto Noa tenta simultaneamente derrotar seus inimigos e manter seus aliados em segurança, criando uma tensa corrida contra o tempo.
Admito que não tinha muitas
expectativas para Planeta dos Macacos: O
Reinado e, embora não chegue aos pontos altos dos últimos três filmes, é
uma aventura competente por conta da construção de alguns personagens e cenas
de ação.
Nota: 7/10
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