quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Crítica – Sailor Moon: Cosmos

 

Análise Crítica – Sailor Moon: Cosmos

Review – Sailor Moon: Cosmos
Depois que Sailor Moon: Eternal adaptou o quarto arco do mangá em dois filmes, a saga de Usagi e suas aliadas iniciada em Sailor Moon Crystal chega ao fim neste Sailor Moon: Cosmos, que adapta o arco final do mangá. Como na história anterior, o anime produzido pela Netflix vem no formato de dois filmes.

A Lenda da Luz da Lua

A história inicia com Usagi e as demais voltando ao seu cotidiano de estudantes, mas essa paz é logo interrompida pela chegada das misteriosas Sailor Starlights, guerreiras de outro planeta que vieram à Terra um busca de sua princesa, e também da poderosa vilã Sailor Galaxia, que está em busca dos Sailor Crystals que Usagi e as outras carregam consigo.

Como em Sailor Moon Eternal, é uma produção que depende de certo conhecimento prévio para funcionar, já que a trama faz pouco para te dar muito contexto das relações entre essas personagens. Como no anterior o fato da narrativa de vários capítulos do mangá estar bem condensada significa que muita coisa acontece muito rápido sem que tenha havido tempo para ser desenvolvido, principalmente a relação com as novas Sailor Starlights. Por outro lado, a lógica meio O Império Contra-Ataca do primeiro filme, com a vilã eliminando Mamoru e as heroínas uma a uma, ajuda a dar um senso crescente de urgência e perigo, mostrando Sailor Galaxia como uma formidável oponente e a impressão de que seu poder talvez seja avassalador demais para a Sailor Moon.

Continua me incomodar o uso de termos em inglês pela dublagem mesmo quando o português poderia ser usado tranquilamente. Considerando que é um produto para um público mais jovem, seria bem mais fácil garantir o entendimento com termos como “pequena dama” ao invés de recorrer ao inglês “small lady”. Também não faz muito sentido para mim usar os nomes dos planetas em inglês. Não vou me estender muito nessas questões porque já falei sobre elas quando escrevi sobre Sailor Moon Eternal.

Um Caleidoscópio é Meu Coração

Se o primeiro filme traz as protagonistas sendo massacradas, o segundo leva Usagi em uma viagem pelo espaço com a ajuda das Starlights para deter a nova vilã. Essa segunda parte remete mais a uma aventura psicodélica ao estilo dos quadrinhos feitos pelo Jim Starlin na década de 70. Como tem menos personagens, já que a maioria foi eliminada na primeira parte, as coisas soam menos apressadas e os eventos ou mistérios tem o devido tempo para serem construídos.

Um desses mistérios é a identidade da pequena Chibichibusa, que parece ser a irmã menor da Chibiusa, filha de Usagi que veio do futuro. De início a ideia de mais uma filha do futuro soa meio forçada, mas a revelação de sua real identidade acaba levando para outras direções. A segunda parte tem sua parcela de reviravoltas impactantes, em especial a revelação de que todas as inimigas que Usagi enfrentou até então também eram Star Seeds que buscavam comunhão com os cristais das Sailors. Ou seja, durante todo esse tempo Usagi estava enfrentando e destruindo sua própria família. Mais que isso, ao recusar a comunhão com os demais cristais, Usagi garantia que mais e mais vilões fossem atraídos para ela e instigando ainda mais conflito.

É uma reviravolta que ressignifica muito do que entendíamos a respeito das protagonistas, já que elas não seriam protetoras da paz e sim constantes instigadoras de conflito. É uma realização que quebra o maniqueísmo comum na série até então e dá mais ambiguidade moral aos envolvidos, algo similar, embora menos complexo, ao que acontece no final do primeiro arco de Guerreiras Mágicas de Rayearth.

No fim das contas nenhum dos adversários enfrentados até aqui, mesmo a Sailor Galaxia, não eram vilões de verdade e sim a força primordial do Caos que tomou o controle do berço de criação das estrelas. Assim, ao invés de um inimigo físico a ser derrotado, Usagi é colocada diante da noção de que ela precisa parar de lutar e usar todo seu poder, talvez até sob o custo da própria vida, para comungar com todos os demais cristais e purgar o Caos. É um desfecho que impacta por desafiar as convicções da protagonista, fazendo-a repensar sobre como agiu até então e analisar o que ela realmente valoriza para orientar sua escolha final.

Apesar de apressado, Sailor Moon: Cosmos entrega um desfecho digno ao desafiar o limite do poder e das convicções de sua protagonista conforme suas aliadas vão sendo derrotadas uma a uma por um inimigo que parece além de sua capacidade.

 

Nota: 7/10


Trailer

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