Notas sobre o camp
É uma mistura de Mulher Nota 1000 (1985) com The Rocky Horror Picture Show (1975) e pitadas de filmes do Tim Burton como A Noiva Cadáver (2005) ou Edward Mãos de Tesoura (1990) que inclusive evoca o período e a estética desses filmes. Como em muitos filmes de Burton, Lisa é uma adolescente trevosa em meio a uma pacata comunidade suburbana de classe média tomada por tons pasteis dessaturados.
Os personagens e situações bizarras, como o fato de Lisa atrair garotos de sua escola para locais isolados de modo a matá-los e roubar partes de seus corpos para costurar em seu namorado desmorto, dá um clima excêntrico à produção, flertando com o camp. O problema é que por mais que essas coisas sejam piradas por si só, a execução de tudo isso é comedida demais para acompanhar a loucura da narrativa. A sensação é que falta “excesso” à direção de Williams e também ao trabalho do elenco que nunca entram na vibe de caos e bizarrice que a trama pediria.
A medida do excesso
A única exceção fica por conta de Cole Sprouse como a Criatura. Sem diálogos durante o filme inteiro, Sprouse tem apenas sua linguagem corporal como meio de se expressar e entrega uma composição com gestos mais amplos e expressões mais exageradas. É um trabalho marcado por excessos de caracterização, mas que funcionam pela natureza excêntrica do personagem, uma criatura que transita entre uma doçura ingênua e uma brutalidade implacável. São de Sprouse, inclusive, os melhores momentos do longa, como a cena em que ele entra correndo no quarto no qual Taffy está se pegando com um garoto do qual Lisa gostava e, para o choque de todos os presentes, arranca o pênis do rapaz a machadadas, sendo difícil não rir enquanto a silhueta do membro sai voando pelo recinto em câmera lenta.
São nesses momentos em que o
filme finca os dois pés no kitsch que
ele funciona melhor, sendo uma pena que a produção não consiga segurar o clima
de bizarrice e estranhamento para além desses poucos momentos espaçados. Mesmo
com uma trama pitoresca, Lisa
Frankenstein carece da energia caótica e excessiva que seria necessária
para fazer um material tão insólito funcionar no clima de bizarrice que ele
precisaria.
Nota: 5/10
Trailer
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