quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Crítica – Twisters

 

Análise Crítica – Twisters

Review – Twisters
Filmes-catástrofe não fazem muito meu estilo e não morro de amores pelo primeiro Twister (1996), então não fiquei exatamente empolgado com o anúncio desse Twisters. Parecia só mais uma dessas continuações tardias que existe para capitalizar em cima da nostalgia do espectador. Talvez por isso eu tenha ficado surpreso com o fato de que o filme se concentra mais em seus novos personagens sem se preocupar muito com referências ao original.

Novos rostos

A trama é protagonizada por Kate (Daisy Edgar-Jones), meteorologista que desenvolve um protótipo que pode dissipar tornados. As coisas dão errado durante o teste e quase toda sua equipe morre. Anos depois, ela trabalha em Nova Iorque quando o antigo colega, Javi (Anthony Ramos), a procura para uma nova caçada a tornados. Javi está trabalhando para o empreendedor Scott (David Corenswet), que financia sua pesquisa de escaneamento de tornados. Com esse mapeamento, Kate poderia aperfeiçoar seu protótipo e, assim, ela aceita participar da empreitada. Chegando no interior do país, a equipe de Kate esbarra no grupo de youtubers liderado por Tyler (Glen Powell), cuja postura é bem menos profissional que a equipe de cientistas da qual Kate faz parte.

Me impressiona como o filme evita a armadilha de precisar remeter ao original o tempo todo, com poucas referências como a do sensor no início, evitando ser um mero exercício de nostalgia. O filme também exibe um claro fascínio pela ciência que envolve os tornados e pelo fenômeno em si, mostrando essas ocorrências como o exemplo da força da natureza no que há de mais belo e perigoso. A narrativa nos faz entender o porquê desses personagens se sentirem atraídos por esse tipo de ocorrência, seja a busca por adrenalina, por conhecimento, por ajudar quem precisa ou para o ganho pessoal. Todos os interesses convergem para os tornados.

Nesse sentido as cenas de destruição acertam no modo como exploram diferentes tipos de tornados de maneira criativa, como tornados gêmeos ou tornados em chamas, criando situações desafiadoras para seus protagonistas. Os momentos de catástrofe nunca deixam de lado o elemento humano, evitando ser um monte de pixels inanes na tela e investindo de drama as aparições de tornado. A câmera constantemente nos coloca em meio às multidões que correm e aos personagens que tentam ajudar os locais na rota dos furacões. Sentimos o risco e o custo humano da devastação que esses eventos e como o sucesso ou fracasso desses resgates afeta os protagonistas.

Mesmos problemas

Ainda que tenham motivações que consigamos entender, o filme não consegue ir além de lugares comuns com seus personagens. Kate é uma pesquisadora com um trauma passado envolvendo tornados não muito diferente da protagonista vivida por Helen Hunt no primeiro filme. A relação entre ela e Tyler é o tropo comum dos rivais que se apaixonam não muito diferente do que o próprio Glen Powell fez em Todos Menos Você (2023) e que continua a funcionar por conta do charme cafajeste do ator.

O antagonista vivido por David Corenswet é o típico empresário do mal que só enxerga as coisas como uma oportunidade de lucro. Sim, Corenswet o torna um vilão que dá gosto de odiar, trazendo ao personagem um desdém pela vida humana e pelas consequências da destruição que deixa ao seu redor que chega a ser surpreendente que Zack Snyder não o tenha escalado para ser seu Superman uma década atrás. Por sua vez Anthony Ramos não tem muito a fazer com um personagem que parece existir meramente para criar um senso de triângulo amoroso entre Kate e Tyler, já que Javi tem uma evidente paixão platônica por ela, embora seja óbvio desde o início que a meteorologista ficará com Tyler.

Mesmo com personagens planos, Twisters funciona pela condução das cenas de destruição, tanto em seu senso de espetáculo quanto na urgência que dá a elas.

 

Nota: 6/10


Trailer

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