sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Crítica – Bloomtown: A Different Story

 

Análise Crítica – Bloomtown: A Different Story

Review – Bloomtown: A Different Story
O que me chamou atenção neste Bloomtown: A Different Story foi a sua mistura de RPG e simulação social que evocava a franquia Persona e em sua ambientação em uma pequena cidade interiorana na década de 60, evocando aventuras juvenis como Stranger Things. Embora use essas referências com competência, o jogo produzido pela desenvolvedora lituana Lazy Bear Games nunca consegue ser mais do que uma derivação de elementos conhecidos.

Bagulhos sinistros

A trama é protagonizada pela garota Emily, que viaja junto com o irmão caçula para passar as férias com o avô na pequena cidade de Bloomtown. A garota tenta se aproximar das crianças da cidade, mas logo esbarra no mistério do desaparecimento de crianças e vai parar em uma dimensão chamada Subverso. O lugar funciona como uma versão sombria da cidade na qual demônios se apossaram dos residentes e agora Emily e seus aliados precisam explorar essas construções sinistras para encontrar as crianças desaparecidas e restaurar o espírito dos adultos, em uma estrutura que lembra bastante Persona 5.

Emily divide seus dias entre a exploração da cidade e suas incursões ao Subverso em uma aventura que dura cerca de 20 ou 30 horas. Diferente dos personagens em Persona, que aderem a um cronograma rígido de aulas e outras atividades, Emily está de férias e tem mais liberdade para usar seu tempo, embora ainda precise atentar para as rotinas de cada personagem ou loja da cidade já que tudo tem seus horários e tudo demanda tempo. É possível pescar, plantar, trabalhar em lojas, frequentar cinemas e várias outras atividades que ou aumentam o nível de amizade de Emily com outros personagens ou aumentam suas habilidades sociais.

No Subverso cada prédio funciona como uma masmorra cujos mistérios precisam ser decifrados antes que os personagens consigam acessar a sala do chefão. A exploração envolve tanto a resolução de quebra-cabeças quanto o combate aos demônios que vagam pelo local. É possível ver os inimigos no mapa e atacá-los antes para ter prioridade. Os combates se dão por turno e, novamente, remetem muito a Persona 5. Seu grupo ataca com armas corpo a corpo ou com armas de fogo, além de usar magias de seus espíritos guardiões. Atacar um inimigo com um elemento que ele é vulnerável o deixa atordoado e atordoar todos os inimigos em uma batalha os deixa vulneráveis a um ataque total no qual todo o grupo ataca os inimigos simultaneamente. Com todos atordoados também é possível subjugar os inimigos para usar seu poder, mas para isso é preciso estar com os atributos sociais (como coragem ou persuasão) no nível certo para trazer as criaturas para o seu lado.

Visualmente o game apresenta uma bela pixel art que remete a games como Stardew Valley, transmitindo bem a sensação de uma pequena cidade interiorana enquanto os segmentos no Subverso acertam no design bizarro dos monstros que encontramos pelo caminho. Enquanto está na cidade, a música evoca o bucolismo e a tranquilidade de uma pequena comunidade interiorana, mas durante a exploração do Subverso e das batalhas a música adota canções cheias de swing, remetendo à mistura de jazz, soul e pop da música de Persona 5, entregando algumas faixas que ficam na minha cabeça mesmo dias sem jogar.

Problemas de cidade pequena

O jogo sofre com mecânicas que não são bem aproveitadas como deveriam. Cultivar vegetais, por exemplo, é algo ensinado logo no início do jogo, mas faz pouca diferença, já que não há nada que possa ser obtido dessa forma que não possa ser comprado e mesmo que você cultive para vender, eles rendem tão pouco que trabalhar na mercearia é um jeito melhor de arrecadar dinheiro.

Fortalecer a amizade com outros personagens fornece habilidades úteis, mas essas conexões estão restritas aos três membros do seu grupo e mais outra personagem que faz amizade com Emily. É estranho, considerando que vários outros personagens tem seus arcos narrativos próprios que envolvem várias missões secundárias, mas não fornecem essas conexões sociais, que poderiam ser melhor exploradas.

O combate é relativamente fácil e nem chefões soam como grandes desafios, com a única diferença que eles têm para inimigos comuns é o HP mais alto e a ausência de vulnerabilidades elementais. Assim os chefões falham em oferecer embates singulares e até mesmo a luta final contra Lúcifer não tinha nada de particularmente desafiadora, soando como só mais um chefão. O jogo também tem alguns problemas de performance (ao menos no Switch), como constantes quedas na taxa de frames e várias paradas para carregar quando Emily corre por mapas mais amplos, algo que não deveria acontecer em um game que não exige tanto assim do console.

Bloomtown: A Different Story  é um RPG que acerta em sua ambientação de aventura juvenil e nos mistérios de sua trama, mas sua jogalibidade nunca afasta a sensação de que é só uma derivação da franquia Persona com algumas mecânicas soando superficiais ou carecendo de polimento. Se você quer um game similar a Persona e que não vai requisitar uma centena de horas de seu tempo, Bloomtown é uma boa alternativa.

 

Nota: 7/10


Trailer

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