segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Crítica – Garotas em Fuga

 

Análise Crítica – Garotas em Fuga

Review – Garotas em Fuga
Como em muitos outros filmes dos irmãos Coen Garotas em Fuga apresenta uma trama sobre pessoas comuns acidentalmente envolvidas em uma trama criminal. Despreparadas para lidar com os eventos ao seu redor, as personagens agem de maneira sem noção e provocam reações desproporcionais em seus perseguidores, criando uma espécie de bola de neve crescente de burrice e caos. Dirigida por Ethan Coen, a produção não tem nada que ele já não tenha feito antes, mas ao menos envolve com suas personagens pitorescas.

Comédia de erros

A trama é centrada em Jamie (Margaret Qualley), que busca um recomeço depois de terminar com a namorada, Sukie (Beanie Feldstein), embarca em uma viagem para a Flórida ao lado de sua amiga Marian (Geraldine Viswanathan). O problema é que o carro que elas alugaram deveria ser entregue a um grupo de criminosos que iria transportar a carga escondida nele até a Flórida e agora os criminosos estão no encalço das duas.

Muito do humor vem das personalidades opostas da dupla principal, com Jamie sendo aventureira e disposta a qualquer maluquice enquanto Marian é mais retraída e introspectiva. Boa parte das situações insólitas em que a dupla se coloca vem de Jamie querer que Marian se solte e tenha uma transa espetacular com alguma garota que encontrem na estrada, enquanto Marian prefere esperar pela garota ideal.

Universo caótico

Além das protagonistas, o filme povoa seu universo com figuras esquisitas e histriônicas, como a dupla de capangas no encalço de Jamie e Marian, que estão sempre discordando e questionando o modo de agir um do outro, enquanto um quer ser mais violento o outro tenta resolver via diálogo, um embate que terá consequências sangrentas perto do final. Igualmente pitoresca é a agressiva policial vivida por Beanie Feldstein que parece sempre reagir a qualquer situação com o máximo de intensidade, que faça sentido para o momento ou não.

Esse senso de bizarrice se dá também na própria progressão da trama, com guinadas que acontecem por conta de coincidências ou desencontros fortuitos e revelações completamente absurdas. A principal delas é a descoberta do que há na maleta escondida no carro de Jamie e Marian e o motivo de um poderoso e conservador senador da Flórida (interpretado por Matt Damon) estar tão focado em recuperá-la. De todas as possibilidades de construir uma trama de escândalo político, o filme escolhe pela via mais estúpida e aloprada possível. Há uma crítica aqui às hipocrisias dessas figuras públicas que arrotam moralismo em prol da “família tradicional”, mas são observações que nunca saem da superfície e carecem da acidez de sátiras sociais que os Coen já fizeram em filmes como Fargo (1996), O Grande Lebowski (1998) ou Queime Depois de Ler (2006).

Assim, Garotas em Fuga diverte pelo seu universo povoado por personagens excêntricos, ainda que não faça nada que os Coen não tenham feito melhor em trabalhos anteriores.

 

Nota: 6/10


Trailer


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