Liga nada extraordinária
A ideia de uma agência de espiões que recruta trabalhadores comuns por sua facilidade de entrar em qualquer lugar e ser invisível para a maioria das pessoas não é ruim, mas a maneira como o filme executa a ideia opera em contradição com as justificativas que ele apresenta para tal. Durante boa parte do tempo Mike e Roxanne não tentam se infiltrar ou serem discretos, eles simplesmente vão com armas em um punho, se envolvendo em perseguições explosivas e tiroteios quase como o primeiro meio de resolver as coisas.
Não ajuda que nunca temos uma justificativa plausível de porque Mike era o ideal candidato para uma missão tão importante, exceto a frágil noção de que ele era “alguém de fora”, portanto alguém que os inimigos não esperariam. Considerando que ele é um homem de meia idade sem qualquer experiência, treinamento ou habilidade que seja útil para os objetivos específicos de uma missão que, de novo, tem o peso de salvar o mundo. Certamente ela conseguiria encontrar outras pessoas de fora da agência mais habilitadas que ele.
O filme poderia ter estabelecido que Mike era um ex-militar dispensado de maneira desonrosa depois de se negar a seguir uma ordem antiética de um superior ou que ele tinha uma inteligência acima da média, mas nunca alcançou seu potencial por conta da instabilidade emocional (pensem em Matt Damon em Gênio Indomável) para justificar o recrutamento. A verdade é que nada disso é feito porque o texto precisa que ele seja um cara banal sem nenhuma habilidade para se construir como fantasia de poder para homens de meia idade de que eles também podem embarcar em uma aventura cheia de emoções com um antigo amor para escapar da vida entediante que levam. Nenhum problema com isso, cinema também pode ser escape, o problema é ser mal executado.
Espionagem previsível
A dinâmica entre Roxanne e Mike segue o clichê do casal que troca farpas o tempo todo, mas que inevitavelmente vai descobrir que se ama. Não tem nada de muito espirituoso nos diálogos e Berry e Wahlberg carecem de química para fazer a audiência efetivamente se importar com o casal.
Como tudo é tão obviamente construído para os dois ficarem juntos, as reviravoltas da trama se tornam excessivamente previsíveis. Quando o marido de Roxanne aparece em cena apontando a direção da Liga como os responsáveis pelo fracasso da primeira missão no início do filme é evidente que é uma mentira e ele próprio é o vilão da história porque o roteiro precisa deixar o caminho livre para Mike ficar com Roxanne. Poderia haver nuance nessa dinâmica entre os três, mas é claro que um filme tão preguiçoso seguiria o caminho fácil de tornar o marido uma pessoa horrível para facilitar o enlace amoroso entre o casal principal.
A ação é até bem executada, mas não tem nada que empolgue, em parte porque não importa o que aconteça os protagonistas sempre saem ilesos e nada tem qualquer peso ou consequência. Assim, por mais que as perseguições ou lutas sejam bem coreografadas, elas não tem nada de especial em termos visuais e nem elementos dramáticos que solicitem nosso engajamento. Os personagens simplesmente saltam de McGuffin narrativo para outro sem muito problema.
Com ação inane, narrativa mal
construída e personagens genéricos, A
Liga não tem nada a oferecer além de uma fantasia de poder ruim.
Nota: 4/10
Trailer
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