segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Crítica – Não Se Mexa

 

Análise Crítica – Não Se Mexa

Review – Não Se Mexa
Uma mulher enlutada pela morte do filho vai até o parque florestal em que ele morreu com o intento de se matar. Lá ela conhece um estranho que a convence a desistir do suicídio, mas logo a derruba com uma arma de choque e a leva cativa. Ela tenta se libertar, mas descobre que foi drogada com um paralisante potente que em questão de minutos irá travar seus músculos, então ela precisa correr contra o tempo.

A estagnação do luto

Essa é a premissa de Não Se Mexa, thriller produzido pela Netflix que até poderia render um suspense interessante pela ideia de usar a situação da protagonista, Iris (Kelsey Asbillie) como uma metáfora para a paralisia e impotência do luto. O problema é que o filme não leva essa construção simbólica para além da superfície (a perda do filho a deixou tão estática e impotente quanto a droga do assassino e ela precisa se forçar a se mexer para não morrer) e fica sem muito a dizer sobre esse tema central de perda e superação.

O que resta é um suspense que até tem alguns momentos de tensão, principalmente pelo modo como Finn Wittrock faz do assassino um manipulador astuto que consegue encontrar a vulnerabilidade de seus alvos e os leva na conversa. O ponto alto disso é a conversa do assassino na cabana de Bill (Moray Treadwell), que encontra Iris na floresta e a leva para casa. Durante todo o diálogo é possível sentir como esses dois personagens desconfiam um do outro e tentam encontrar furos na história que contam, construindo uma tensão crescente no qual cada palavra dita carrega um risco.

Crime sem rumo

O problema é que a trama se perde em uma série de conveniências na qual o assassino precisa agir de maneira tão estúpida que vai contra a sua caracterização e chega um ponto em que não há mais motivo para que ele mantenha Iris viva considerando os vários obstáculos que passaram. Não há motivo, por exemplo, para o assassino abrir o viva voz na conversa telefônica que ele tem com a esposa que não a necessidade do roteiro em estabelecer que o personagem tem uma fachada normal e que ele tem pouco tempo até que a esposa chegue. Considerando que ele tem o celular na mão enquanto dirige o tempo todo, o assassino poderia simplesmente colocar o aparelho no ouvido ao invés de expor informações que a vítima pudesse usar contra ele depois.

Do mesmo modo, depois do embate contra o policial no meio do mato não há mais qualquer motivo que ele continue tentando levar Iris para seu lugar usual de matança ao invés de matá-la ali mesmo e deixar seu corpo junto com o do policial morto dentro da viatura, inclusive podendo simular um assassinato seguido de suicídio que resolveria todos os seus problemas. Ao invés disso, mesmo com o tempo curto e com o efeito das drogas passando, ele insiste em levar Isis consigo para seu lugar habitual de matança simplesmente porque a trama precisa que ele faça isso para continuar.

Apesar de partir de uma metáfora interessante sobre a imobilidade do luto, Não Se Mexa parece não saber o que fazer com sua premissa e entrega um suspense arrastado por conta da trama frouxa e cheia de guinadas convenientes.

 

Nota: 4/10


Trailer


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