terça-feira, 29 de outubro de 2024

Crítica – O Poder e a Lei: Terceira Temporada

 

Análise Crítica – O Poder e a Lei: Terceira Temporada

Review – O Poder e a Lei: Terceira Temporada
Chegando a sua terceira temporada, O Poder e a Lei funciona como uma espécie de série conforto para mim. Não tem nada de novo em termos de drama de tribunal, mas executa esses elementos com competência e carisma para me manter interessado mesmo que eu perceba todos os lugares comuns em cena.

Lei para quem precisa

A trama segue onde o segundo ano parou, com Mickey (Manuel Garcia-Rulfo) tentando descobrir quem matou sua antiga cliente, Gloria (Fiona Rene), ao mesmo tempo em que defende o homem acusado de matá-la, Julian (Devon Graye), a quem Mickey considera inocente. Para o advogado inocentar Julian o levará diretamente ao culpado pela morte de Gloria, mas isso o coloca em meio a uma perigosa teia de crimes.

A série continua a exibir a noção de que a lei é imperfeita e feita muitas vezes para proteger quem ocupa posições de poder e não quem está longe desses espaços. Essa ideia serve para justificar as ações de Mickey em andar perigosamente no limite da legalidade, dobrando alguns regulamentos como uma forma de resistir ao uso da lei como ferramenta opressora, reconhecendo que as vezes é preciso usar as tecnicalidades do judiciário de maneira criativa como forma de fazer justiça verdadeira.

Como de costume o trabalho de Manuel Garcia-Rulfo dota Mickey Haller de um carisma cafajeste e de um senso de justiça que equilibra sua visão elástica sobre a aplicação da lei com um intento de verdadeiramente fazer a diferença, nos fazendo aderir ao personagem mesmo quando sabemos que seus métodos são escorregadios. Neste terceiro ano a jornada central de Mickey é a de lidar com a culpa, tanto pela morte de Gloria como a de outros aliados importantes.

Os deuses da culpa

Culpa também move outros personagens, como promotora Andrea (Yaya DaCosta), cuja omissão em um caso leva à morte da vítima que ela deveria proteger e leva a promotora a uma conduta de autossabotagem como se ela estivesse se penitenciando. Culpa também é algo presente no arco de Izzy (Jazz Reycole), cujo sonho de abrir um estúdio de dança se mostra diferente do que esperava e ela lida com o peso de que talvez devesse abrir mão desse sonho e perseguir outras coisas. Por sua vez Lorna (Becki Newton) tenta finalmente se tornar uma advogada ao prestar a prova da Ordem e tem na temporada a oportunidade de se mostrar uma defensora tão hábil quanto Mickey. O elenco é convincente na construção das relações entre esses personagens e como os membros do escritório de Mickey funcionam como uma grande família apoiando uns aos outros.

Como de costume a série é hábil no manejo do suspense, sempre colocando obstáculos diante dos personagens que os obrigam a agirem com engenhosidade, criando uma tensa disputa entre eles e seus adversários. Sempre que achamos que Mickey está no controle da situação, há um contragolpe ou evento inesperado que mais de uma vez ameaça o sucesso do advogado. Essa habilidade consegue me manter interessado mesmo que a narrativa central envolva uma conspiração que soa mirabolante demais em relação ao realismo urbano da série até aqui.

Incomoda também como um dos antagonistas, o promotor Forsythe (John Pirrucello), é subaproveitado. Em sua primeira cena Forsythe é apresentado como um advogado ardiloso, que constrói uma fachada de burocrata ingênuo para desestabilizar seus oponentes. Era de se imaginar que essa faceta ardilosa fosse continuar ao longo da temporada, mas tirando o primeiro encontro dele com Mickey, o promotor não tem nada de muito interessante para fazer no resto da temporada.

Mesmo se entregando a excessos de uma trama demasiadamente mirabolante, a terceira temporada de O Poder e a Lei continua envolvendo pelo carisma dos personagens e pelo seu hábil manejo da intriga.

 

Nota: 6/10


Trailer

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