quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Crítica – The Plucky Squire (O Escudeiro Valente)

 

Análise Crítica – The Plucky Squire (O Escudeiro Valente)

Review – The Plucky Squire (O Escudeiro Valente)
Os primeiros trailers do game The Plucky Squire (que aqui recebeu o título de O Escudeiro Valente) me chamaram a atenção pelo modo como o game misturava elementos bidimensionais que remetiam a livros infantis com segmentos 3D cuja estética remetia ao remake de Link’s Awakening para Nintendo Switch ou o recente Echoes of Wisdom. Como ele ficou disponível no catálogo de jogos da Playstation Plus já no dia de seu lançamento pude conferir o jogo e o resultado é bacana, ainda que tenha alguns problemas.

Um elo entre mundos

A trama se passa dentro de um livro de histórias infantis protagonizado por Pontinho, o escudeiro valente. Um dia, o vilão da história, o mago Enfezaldo, se dá conta de que todos são personagens em um livro e usa poderes metamágicos para expulsar Pontinho do livro e reescrever a história se colocando como herói. Agora Pontinho precisa transitar entre os dois mundos para salvar seu livro e também o mundo real, já que sem suas aventuras as vidas das crianças que leem seus livros mudarão para pior.

O jogo é criativo no modo como usa essa dinâmica dos personagens estarem em um livro, construindo muitos quebra-cabeças em cima disso. Alguns dependem de manipular as palavras nas caixas de texto para mudar o ambiente ao redor. Trocando a palavra que descreve uma ponte, por exemplo, pode transformar uma ponte quebrada em uma novinha em folha. Outros envolvem mudar as páginas do livro para pegar itens ou palavras de diferentes momentos da história e resolver um problema do presente. 

No mundo tridimensional Pontinho caminha pela mesa do quarto do garoto Sam, um grande fã de seus livros. Se não impedir Enfezaldo, Sam perderá interesse na literatura e não se tornará um escritor quando for adulto. Navegar pela mesa de Sam, cheia de desenhos e maquetes inspiradas pelos livros do Escudeiro Valente, Pontinho pode navegar entre obstáculos usando desenhos e papéis com anotações para alternar entre o universo bidimensional e o tridimensional em mecânicas que remetem às de The Legend of Zelda: A Link Between Worlds. São quebra-cabeças criativos, embora não sejam complexos no raciocínio exigido, mas despertam interesse pela inventividade e pelo senso de humor da história.

Escudeiro limitado 

Além de quebra cabeças, Pontinho também enfrenta inimigos em combate. O problema é que apesar de até encontrarmos alguma variedade nos inimigos ao longo das cerca de oito horas necessárias para completar o jogo, a maneira de enfrentá-los é sempre a mesma. O protagonista até aprende algumas técnicas novas de combate como um arremesso de espada, um ataque giratório ou um golpe enquanto pula, mas essas habilidades não fazem qualquer diferença, nem temos qualquer inimigo que exija uma técnica específica para ser derrotado. Some isso ao fato de que esses combates são muito fáceis, as lutas rapidamente se tornam entediantes. 

Pelo menos as batalhas contra chefões se constroem em cima de minigames que ajudam a dar variedade aos combates ao mesmo tempo em que fazem graça evocando outros jogos, como um inimigo que precisa ser derrotado em uma luta de boxe ao estilo Puch Out, um duelo entre magos que requer alinhar bolhas de elementos como em Puzzle Bobble ou o chefão que remete à batalha contra Andross em Star Fox. Isso contribui para que o game não fique tão dependente de seu combate limitado.

Ritmo e performance

Por outro lado, a aventura perde o ritmo em seu capítulo final. O jogador é colocado em uma masmorra monocromática (entendo o motivo narrativo e estético por trás disso, mas não dá pra negar o quanto todo o universo em preto e branco do final carece da inventividade visual de todo o resto) na qual precisa enfrentar longos segmentos de furtividade bem sem graça para recuperar todos os itens e habilidades obtidos ao longo do jogo. A pior coisa, no entanto, é o minigame de furtividade ritmada, feito para emular a movimentação de Crypt of the Necrodancer, mas bem menos refinado em suas mecânicas de ritmo e resulta em uma experiência bem frustrante. 

O game também tem sua parcela de bugs, com portais e itens não aparecendo quando deveriam, o que obriga o jogador a perder tempo recarregando um save anterior. Também tive dois momentos de crash. Incomoda também que no seletor de capítulos não tenha indicações de quais colecionáveis em cada capítulo foram encontrados ou não, o que dificulta na hora de voltar para pegar os itens que não foram obtidos da primeira vez. 

Com um universo colorido e quebra-cabeças criativos no modo que exploram o trânsito entre dimensões The Plucky Squire entrega uma aventura carismática, ainda que prejudicada pela falta de refinamento em termos de combate e de seu ato final.

 

Nota: 7/10


Trailer

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