Convergência temporal
A narrativa é protagonizada por Elliott (Maisy Stella), uma garota que aproveita suas últimas férias antes de ir para a faculdade. Um dia ela vai acampar com as amigas Ruthie (Maddie Ziegler) e Ro (Kerrice Brooks) e elas acabam usando cogumelos alucinógenos. Durante a viagem nas drogas, ela encontra sua versão mais velha (Aubrey Plaza) e pede a ela conselhos para o futuro. Seu eu do futuro a alerta que tudo irá mudar depois que for para a faculdade, que ela deve aproveitar o tempo que tem com os irmãos e com os pais na fazenda da família e que deve evitar se apaixonar por um rapaz chamado Chad. No dia seguinte ela conhece um Chad (Percy Hynes White, de Wandinha) e não consegue entender porque a Elliott do futuro lhe disse para não se envolver com ele.
Aos poucos Elliott vai entendendo os conselhos de sua versão mais velha sobre a importância de se conectar com a família, principalmente quando ela descobre mudanças drásticas que irão acontecer na fazenda. É como se o contato com sua versão do futuro a lembrasse de que nada é para sempre e quando somos jovens subestimamos a importância de certas coisas em nossas vidas porque cremos que elas sempre estarão ali e sempre haverá tempo para aproveitá-las. O filme encontra momentos singelos entre Elliott e a família, nos quais ela percebe como sua versão mais velha estava certa em lembrá-la de suas conexões com os parentes, em especial em uma cena entre ela e a mãe. São momentos sem grandes arroubos dramáticos, que envolvem justamente pela sinceridade singela com o qual são conduzidos.
Experiência e aprendizado
Apesar de aparecer menos do que eu esperava, Aubrey Plaza desenvolve uma química sincera com a jovem Maisy Stella, exibindo afeto e também um senso de proteção e responsabilidade em relação ao seu eu mais jovem. Assim, é uma pena que boa parte das interações entre elas se dê por mensagens de voz, já que a dupla é tão boa junto. A Elliott adulta toma para si o dever de ajudar sua versão mais nova a aproveitar o que é passageiro ao mesmo tempo em que tenta protegê-la de decepções futuras. Nesse sentido seria fácil fazer um retrato unidimensional da relação entre as duas, mas o filme acerta ao lembrar que certas experiências dolorosas fazem parte da vida, que não podemos nos fechar emocionalmente ao mundo simplesmente porque iremos nos decepcionar no futuro.
Uma revelação perto do final torna essa questão ainda mais presente (e de certa forma remete a questões similares a A Chegada) ponderando se seríamos capazes de abrir mão de algum vínculo emocional se soubéssemos que acabaria em tragédia. O texto tem maturidade o suficiente para entender que por mais que a Elliott do futuro tenha uma motivação compreensível para tentar proteger sua versão mais jovem de uma futura dor, certas vivências são importantes o suficiente para valer essa dor. Mais que isso, lembra que além de experiência a idade as vezes pode trazer um desencanto que nos torna cínicos em relação ao mundo e que é importante preservar um otimismo juvenil conosco para não nos isolarmos do mundo.
Embora não deixe de ser mais uma história sobre uma jornada de amadurecimento sobre as dificuldades do início da vida adulta, Meu Eu Do Futuro entrega um exame
singelo de como é olhar para o passado com a experiência dos anos, principalmente
por conta das interações entre as duas atrizes principais.
Nota: 7/10
Trailer
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