Hoje na coluna Drops, dedicada a textos mais curtos, vou falar sobre dois filmes que acabei deixando passar quando foram exibidos nos cinemas, Transformers: O Início e Hellboy e o Homem Torto, dois filmes que funcionam como recomeços para seus respectivos personagens.
Aventura “padrão Marvel”
Desde o início incomoda como o filme se apoia no expediente de ter seus personagens trocando piadinhas ou diálogos engraçadinhos o tempo todo, muitas vezes comentando a própria trama, como se esse tipo de humor “padrão Marvel” fosse um substituto para personagens sem personalidade ou para uma trama mal escrita (tentar rir de um roteiro ruim não é por si só engraçado). Isso é principalmente evidente em B-127 (que virará o Bumblebee), cujo falatório constante é mais constrangedor e irritante do que engraçado, e em Elita-1 (Scarlett Johansson), que é reduzida à “a garota”, se limitando a reagir exasperada às ações dos demais personagens de maneira tão clichê que imaginei que em algum momento ela fosse jogar os braços para cima e dizer “ah, homens” aborrecida.
As coisas melhoram depois que eles descobrem a verdade sobre Sentinel e o ordeiro D-16 se revolta com o fato de toda uma vida seguindo regras só fez alimentar uma mentira que o oprimia. Sua agressividade crescente e desejo de uma ruptura violenta com a ordem do mundo amplia a distância ideológica entre ele e Orion, criando o terreno para a intensa rivalidade entre Optimus e Megatron. O filme também acerta nas cenas de ação, com planos amplos e tomadas longa que exploram a amplitude do conflito e embates que usam de maneira criativa as habilidades dos personagens.
Nota: 6/10
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Retorno ao horror
A trama se passa na década de 50 e coloca Hellboy (Jack Kesy) ao lado da investigadora Jo Song (Adeline Rudolph), perdidos numa floresta em meio as montanhas Apalaches depois que uma missão dá errado. Eles encontram um pequeno vilarejo dominado por forças sombrias e bruxas controladas por uma misteriosa entidade chamada de “o Homem Torto”.
O filme se interessa mais pela construção de uma atmosfera de tensão, com ambientes sinistros e criaturas bizarras do que na ação grandiloquente de outras adaptações do personagem para os cinemas. É uma tentativa de fazer algo mais próximo dos quadrinhos, cujas histórias são muitas vezes focadas nas investigações sobrenaturais empreendidas por Hellboy ou outros personagens do Departamento de Pesquisa e Defesa do Paranormal.
Por mais que seja competente na construção desse clima de horror, fazendo o melhor que pode com os pequenos espaços e casas nas quais os personagens ficam confinados, a trama derrapa nos arcos de Hellboy e Jo. A narrativa tenta posicionar o Homem Torto como uma criatura que tenta fazer os dois personagens duvidarem de suas crenças e tenta explorar o passado de ambos, mas não dá elementos suficientes para que essas histórias tenham algum peso dramático. Jack Kesy faz um Hellboy mais próximo do estoicismo silencioso do personagem dos quadrinhos, uma criatura que parece sisuda, mas com uma certa dose de ternura que nos lembra como seu estoicismo vem de uma vida tomada por tragédias.
Assim, Hellboy e o Homem Torto acerta em seu clima de horror e em seu
protagonista, ainda que não tenha muito a dizer sobre ele.
Nota: 6/10
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