Jogos mortais
No dia do casamento Alex avisa Grace da sua tradição familiar. Toda vez que alguém se casa, o novo membro da família precisa jogar um jogo com a família. O que Alex não conta para a noiva é que o que estará em jogo é a vida dela, já que sua família pretende usá-la como sacrifício para a misteriosa entidade que seria responsável pela prosperidade em seus negócios.
É como um jogo fatal de esconde-esconde em que Grace precisa sobreviver até o nascer do sol para não ser morta pela família do marido. Enquanto ela tenta sobreviver, a família lida com seus próprios conflitos internos, já que Alex está ajudando Grace, enquanto Daniel (Adam Brody), irmão mais novo de Alex, começa a questionar a insanidade homicida de seus parentes.
É uma premissa absurda e que o
filme trata com o devido absurdo. As mortes surpreendem pela violência gráfica
e pela criatividade com a qual elas são mostradas, como uma personagem que tem
parte do rosto destruída depois de um tiro acidental ou a funcionária que esmagada
pelo elevador de comida. Algumas situações angustiam justamente pelo modo
gráfico com o qual são retratadas, como o momento em que Grace sobe uma escada
despedaçada e precisa colocar a mão ferida sobre um prego para conseguir se
apoiar e sair do buraco. O segmento evoca tensão justamente porque vemos a mão
sendo atravessada pelo prego e como ele se mexe na mão Grace conforme ela sobe,
nos fazendo imaginar a dor que ela sente e o risco dela despedaçar a mão e não
conseguir subir.
Família insana
Outro modo pelo qual o filme abraça o excesso é no trabalho do elenco, constantemente pendendo para o histrionismo. Henry Czerny e Andie MacDowell devoram o cenário como os sogros de Grace. De um lado Czerny é uma versão completamente de um ricaço inebriado pelo próprio poder, que acha que pode fazer o que bem entende e trata todos como instrumentos. Conforme a trama progride, ele vai ficando cada vez mais histérico. MacDowell, por sua vez, faz uma megera manipuladora de fala mansa, mas venenosa. É um tipo que poderia ser conduzido com sutileza e que aqui é levado aos extremos do caricatural.
Esse tipo de retrato funciona em favor do filme, já que parte do prazer é ver esses ricaços histéricos, fúteis e estúpidos recebendo exatamente o que merecem, seja pelas ações de Grace, seja pela própria estupidez. Weaving também embarca no excesso como Grace, cujo medo logo dá lugar a raiva conforme ela compreende que precisará fazer tudo o que for preciso para sobreviver. A atriz desfia algumas ondas de insultos mais raivosamente sinceros do cinema conforme ataca seus anfitriões e todos que são cumplices deles. Cada grito ou xingamento soa como uma liberação da raiva que a personagem sente pela situação absurda na qual se encontra e quando chegamos ao final seu semblante ensanguentado nos dá a exata medida da catarse experimentada por ela ao livrar de tudo aquilo.
Povoado por personagens
histrionicamente bizarros e com uma violência tão sanguinolenta que chega a ser
absurda, Casamento Sangrento entrega
um divertido slasher.
Trailer
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