quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Rapsódias Revisitadas – Casamento Sangrento

 

Crítica – Casamento Sangrento

Review – Casamento Sangrento
Lançado em 2019 Casamento Sangrento não foi exatamente um sucesso imediato, mas acabou ganhando um certo status cult ao longo do tempo por conta de sua narrativa slasher cheia de mortes sangrentas e o carisma hiperbólico de seus personagens. A narrativa é centrada em Grace (Samara Weaving), que está prestes a casar com Alex (Mark O’Brien), cuja rica família, dona de um império de jogos de tabuleiro, não vê Grace com bons olhos.

Jogos mortais

No dia do casamento Alex avisa Grace da sua tradição familiar. Toda vez que alguém se casa, o novo membro da família precisa jogar um jogo com a família. O que Alex não conta para a noiva é que o que estará em jogo é a vida dela, já que sua família pretende usá-la como sacrifício para a misteriosa entidade que seria responsável pela prosperidade em seus negócios.

É como um jogo fatal de esconde-esconde em que Grace precisa sobreviver até o nascer do sol para não ser morta pela família do marido. Enquanto ela tenta sobreviver, a família lida com seus próprios conflitos internos, já que Alex está ajudando Grace, enquanto Daniel (Adam Brody), irmão mais novo de Alex, começa a questionar a insanidade homicida de seus parentes.

É uma premissa absurda e que o filme trata com o devido absurdo. As mortes surpreendem pela violência gráfica e pela criatividade com a qual elas são mostradas, como uma personagem que tem parte do rosto destruída depois de um tiro acidental ou a funcionária que esmagada pelo elevador de comida. Algumas situações angustiam justamente pelo modo gráfico com o qual são retratadas, como o momento em que Grace sobe uma escada despedaçada e precisa colocar a mão ferida sobre um prego para conseguir se apoiar e sair do buraco. O segmento evoca tensão justamente porque vemos a mão sendo atravessada pelo prego e como ele se mexe na mão Grace conforme ela sobe, nos fazendo imaginar a dor que ela sente e o risco dela despedaçar a mão e não conseguir subir.

Família insana

Outro modo pelo qual o filme abraça o excesso é no trabalho do elenco, constantemente pendendo para o histrionismo. Henry Czerny e Andie MacDowell devoram o cenário como os sogros de Grace. De um lado Czerny é uma versão completamente de um ricaço inebriado pelo próprio poder, que acha que pode fazer o que bem entende e trata todos como instrumentos. Conforme a trama progride, ele vai ficando cada vez mais histérico. MacDowell, por sua vez, faz uma megera manipuladora de fala mansa, mas venenosa. É um tipo que poderia ser conduzido com sutileza e que aqui é levado aos extremos do caricatural.

Esse tipo de retrato funciona em favor do filme, já que parte do prazer é ver esses ricaços histéricos, fúteis e estúpidos recebendo exatamente o que merecem, seja pelas ações de Grace, seja pela própria estupidez. Weaving também embarca no excesso como Grace, cujo medo logo dá lugar a raiva conforme ela compreende que precisará fazer tudo o que for preciso para sobreviver. A atriz desfia algumas ondas de insultos mais raivosamente sinceros do cinema conforme ataca seus anfitriões e todos que são cumplices deles. Cada grito ou xingamento soa como uma liberação da raiva que a personagem sente pela situação absurda na qual se encontra e quando chegamos ao final seu semblante ensanguentado nos dá a exata medida da catarse experimentada por ela ao livrar de tudo aquilo.

Povoado por personagens histrionicamente bizarros e com uma violência tão sanguinolenta que chega a ser absurda, Casamento Sangrento entrega um divertido slasher.


Trailer

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