Crítica – Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa

 

Depois de dois filmes (Turma da Mônica: Laços e Turma da Mônica: Lições) e duas séries (Turma da Mônica: A Série e Turma da Mônica: Origens) da turminha da Rua do Limoeiro, agora é a vez do Chico Bento receber tratamento live action neste Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa.

A vida na roça

A trama acompanha Chico Bento (Isaac Amendoim) e seus amigos da Vila Abobrinha enquanto eles tentam impedir que um empresário local derrube a goiabeira do Nhô Lau (Luis Lobianco) para construir uma estrada. É uma trama simples que foca mais no lado de uma aventura pueril e na comédia do que no desenvolvimento emocional presente nos filmes da Turma da Mônica.

O garoto Isaac Amendoim equilibra bem o lado travesso de Chico Bento com uma faceta mais ingênua e adorável de um menino que se acha mais esperto do que realmente é. Seu trabalho é beneficiado por um texto que entende bem o personagem, com diálogos divertidos e uma escolha de colocar Chico para quebrar a quarta parede, narrando diretamente ao público, que nos permite entender o modo peculiar de pensar do personagem.

Chico é auxiliado por um elenco coadjuvante igualmente divertido, com destaque para o Zé Lelé de Pedro Dantas que é preciso nos momentos de comédia física e jeito aparvalhado do primo de Chico. Anna Júlia Dias faz uma Rosinha que é adorável, mas também funciona como o cérebro da turma, enquanto Débora Falabella traz muita ternura como a professora Marocas.

O Nhô Lau de Luis Lobianco traz uma mistura precisa entre ser um sujeito chucro e bruto e ser um completo trapalhão que é sempre superado por Chico. É importante que o personagem soasse ameaçador para as crianças protagonistas ao mesmo tempo em que ele precisa ser convincente em sua estupidez para tornar crível como essas crianças o superam constantemente, num equilíbrio similar aos ladrões dos dois primeiros Esqueceram de Mim.

Defendendo a natureza

A história do filme discute a importância de preservar a natureza e de não ceder àqueles que pensam na terra como apenas um meio de ganhar dinheiro. É tudo relativamente, mas encanta pela sinceridade do elenco e pela divertida e lisérgica sequência em que Chico conversa com a goiabeira, interpretada por Taís Araújo.

Há uma tentativa de dialogar com os mitos da cultura popular do interior, como na cena em que Chico e seus amigos tentam assustar Nhô Lau fantasiados como curupira ou mula sem cabeça, além de diálogos entre Chico e a avó sobre os encantados da roça, embora a narrativa não chegue a trazer plenamente esses elementos, deixando o sobrenatural mais para a cena do diálogo com a goiabeira.

Assim, mesmo que não tenha o mesmo impacto emocional dos outros filmes da turminha, Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa entrega uma aventura divertida e encantadora por conta de seu senso de humor e do carisma de seus personagens.

Nota: 7/10

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