quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Crítica – Venom: A Última Rodada

 

Análise Crítica – Venom: A Última Rodada

Review – Venom: A Última Rodada
O primeiro Venom (2018) foi bem fraquinho. A continuação, Venom: Tempo de Carnificina (2021) conseguiu ser pior ao desperdiçar a rivalidade entre Eddie Brock e Cletus Kasady em um conflito inane. Aos tropeços essa franquia conseguiu virar uma trilogia que aqui, com Venom: A Última Rodada, encerra a história com seu protagonista com um miado ao invés de um rugido, entregando o pior dos três filmes.

Inimigos do abismo

Depois de levar Eddie Brock (Tom Hardy) ao universo Marvel no final do segundo filme, este terceiro joga Brock de volta no agora defunto universo de vilões da Sony sem fazer nada com o gancho deixado no filme anterior. De volta ao seu mundo Brock se vê acusado pelos assassinatos cometidos por Cletus/Carnificina (Woody Harrelson) no anterior. Ele decide limpar seu nome, mas no caminho é atacado por criaturas enviadas por Knull (Andy Serkis) que quer arrancar de Venom e Eddie o Codex que eles carregam em si e é a chave para Knull fugir de sua prisão no vácuo.

Como os inimigos conseguem localizar Venom quando completamente transformado, Eddie precisa fugir sem usar seus poderes. Isso o leva a uma viagem que transforma o filme em um road movie e serve para mascarar um pouco o fato da trama ser uma colagem de vários nadas que não dizem nada sobre o personagem nem fazem nada de interessante com ele.

Em dado momento ele pega carona com uma família de hippies que não serve a nenhum propósito além de retornar durante o clímax para serem salvos por Eddie. Em outro segmento ele chega a Las Vegas e reencontra a Sra. Shen (Peggy Lu), a dona da loja de conveniência do primeiro filme. Sabe-se lá porque isso serve de pretexto para um número de dança entre Venom e a Sra. Shen, o que não faz sentido considerando que os personagens sabem que se transformar irá fazer monstros alienígenas aparecerem no encalço deles.

Universo em desencanto

Os coadjuvantes não se saem muito melhor. Chiwetel Ejiofor é completamente desperdiçado como um militar genérico que poderia ser interpretado por qualquer ator que não faria diferença. Nem o seu Mordo no primeiro Doutor Estranho (2016) foi tão mal utilizado. Juno Temple (de Ted Lasso) interpreta uma cientista com um passado traumático envolvendo a morte do irmão gêmeo em uma tempestade de raios e, bem, é isso. O filme não faz nada com essa informação para além dela ganhar poderes elétricos quando se funde com um simbionte durante a batalha final, mas isso não tem qualquer relação direta de causa e consequência com seu passado. A impressão é que provavelmente o plano era desenvolver mais a personagem e seu arco foi cortado do filme.

A batalha final, como muitas cenas de ação da trilogia é um borrão genérico de computação gráfica com personagens que parecem blocos de massa de modelar se chocando uns com os outros. As criaturas enviadas por Knull parecem uma mistura sem graça da rainha xenomorfa da franquia Alien com as crias da Ninhada das histórias dos X-Men. O único momento com o mínimo de criatividade é a perseguição no deserto na qual Eddie cai em um rio e o simbionte salta entre vários animais diferentes na tentativa de alcançar seu hospedeiro.

E quanto a Knull? Bem, ele não faz nada. Ele passa o filme inteiro parado em sua prisão só mandando criaturas para caçar Eddie. O filme encerra sem um confronto ou acerto de contas, cometendo o erro comum de introduzir um personagem penando em continuações (ele provavelmente seria o Thanos desse universo da Sony) sem fazer o esforço de torná-lo interessante no filme que estamos vendo no presente.

Assim como aconteceu com Morbius (2022) o filme apresenta uma cena pós créditos que sequer faz sentido ao apresentar um Knull liberto jurando vingança e conquista universal. Como ele se libertou se o filme encerra com a destruição do McGuffin que seria a chave para libertá-lo? O filme não parece se importar com isso e eu tampouco. O que importa aqui é tentar forçar mais continuações que agora sabemos que nunca virão porque a Sony já anunciou que irá descontinuar essa péssima ideia de universo compartilhado de filmes com personagens adjacentes ao Homem-Aranha, mas sem o Homem-Aranha.

Desde que a iniciativa foi anunciada todo mundo sabia que dificilmente daria certo, mas a Sony insistiu por seis anos (em parte porque o primeiro Venom fez mais sucesso que esperado) e acumulou vários fracassos, como o recente Madame Teia, até se dar conta de algo que boa parte do público já sabia desde o início.

Venom: A Última Rodada é um desfecho xoxo, anêmico e sem graça para uma trilogia que já não era grande coisa para começo de conversa. Ele encerra a trilogia do jeito que ela começou, como um cocô ao vento.

 

Nota: 2/10


Trailer

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