quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Crítica – Back to Black

 

Análise Crítica – Back to Black

Review – Back to Black
Nos últimos anos tivemos várias cinematografias de músicos bastante protocolares que pareciam versões ilustradas de verbetes de Wikipedia, narrando fatos notórios da vida dessas pessoas, sem oferecer qualquer insight a respeito do que as move. Produções como Bohemian Rhapsody (2018), I Wanna Dance With Somedoby: A História de Whitney Houston (2023) ou Bob Marley: One Love. Este Back to Black, cinebiografia de Amy Winehouse, está em outro patamar, sendo uma produção que não é apenas rasa, ela parece ativamente detestar a pessoa que está biografando.

Reescrevendo a história

A narrativa acompanha a trajetória da cantora Amy Winehouse (Marisa Abela), focando no lançamento do álbum Back to Black e na relação entre ela e seu pai, Mitch (Eddie Masran), e o marido, Blake (Jack O’Connell), bem como os problemas da cantora com drogas. Como as produções que citei no primeiro parágrafo, o filme se limita a reconstruir momentos notórios da vida da cantora, mas não ajuda a compreender quem ela era para além desse retrato midiático.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Crítica – Senna

 

Análise Crítica – Senna

Review – Senna
Considerando o quanto Ayrton Senna é importante para o esporte brasileiro e os vários documentários feitos sobre ele é até estranho que tenham demorado tanto para fazer uma ficção. A minissérie Senna é exatamente isso, tentando condensar toda a trajetória do piloto em seis episódios, acompanhando desde seu início na Formula Ford, até seu dia derradeiro na Formula 1, quando faleceu em um acidente.

Vida veloz

A série sofre por tentar compreender um período de tempo muito longo em uma quantidade pequena de episódios e com isso passa muito rápido pelos eventos marcantes da vida de Senna sem dar o devido tempo para analisar como essas experiências impactaram sua trajetória. Talvez tivesse sido melhor se a produção fosse pensada como uma série de duas ou três temporadas. Do jeito que está fica a impressão de uma história compostos por verbetes soltos de Wikipedia que se limitam apenas a narrar os feitos mais notáveis do personagem sem buscar alguma compreensão deles.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Crítica – Sorria 2

 

Análise Crítica – Sorria 2

Review – Sorria 2
O primeiro Sorria (2022) foi uma grata surpresa com sua atmosfera macabra. Com o sucesso dele era de se esperar uma continuação. Esse Sorria 2 tem uma estrutura bem similar ao primeiro, mas tenta superá-lo pelo modo intenso com o qual constrói a tensão ao redor de sua protagonista.

O horror da fama

A narrativa é protagonizada por Skye Riley (Naomi Scott, de Aladdin) uma pop star que tenta retomar sua carreira depois de problemas com drogas e um acidente de carro que matou seu namorado, Paul (Ray Nicholson), e a deixou com várias cicatrizes e dores pelo corpo. Depois de sentir dor durante um ensaio, ela procura o traficante Lewis (Lukas Gage) em busca de analgésicos potentes. Chegando lá, encontra Lewis transtornado, com um sorriso macabro, e ele acaba por se matar na frente dela. A partir de então ela começa a ter visões com acontecimentos bizarros e pessoas com sorrisos sinistros.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Crítica – Alice: Subservience (Submissão)

 

Análise Crítica – Alice: Subservience

Review – Alice: Subservience
Você já se perguntou como seria o filme Megan (2023) se ao invés de um robô boneca tivéssemos uma robô boazuda? Não? Pois azar o seu, já que é exatamente essa resposta que o filme Alice: Subservience tenta dar. Sua narrativa de um futuro próximo poderia pensar em precarização do trabalho ou transhumanismo, mas prefere ser um slasher genérico com pitadas de um erotismo frígido.

Alma de silicone

A trama acompanha o empreiteiro Nick (Michele Morrone, do pavoroso 365 Dias), cuja esposa está hospitalizada com um sério problema cardíaco. Sem conseguir dar conta das demandas de trabalho e dos filhos, ele compra a robô doméstica Alice (Megan Fox). Dedicada, Alice logo se torna alguém que Nick e os filhos passam a confiar, mas a androide logo demonstra querer ir além de seu papel de ajudante.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Crítica – O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim

 

Análise Crítica – O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim

Review – O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim
Um anime que contasse a história do rei Helm Mão-de-Martelo e de como o a fortaleza que leva seu nome permitiu aos Rohirrim resistirem a uma invasão séculos antes dos eventos de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (2002) não era a primeira coisa que eu pensaria para uma nova produção na Terra-Média (ainda não entendo como ninguém tentou um projeto baseado em Beren & Luthien ou Os Filhos de Húrin). Mesmo não sendo um pedaço da história deste universo que deixava os fãs ansiosos de curiosidade, O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim é uma aventura bacana.

Lá e de volta outra vez

A trama é focada em Héra, filha de Helm. Quando um governante do sul, Freca, tenta forçar Helm a casá-la com seu filho, Helm o desafia para uma luta. Durante o combate Freca cai por conta de um soco de Helm e bate a cabeça, morrendo. Helm bane Wulf, filho de Freca, das terras de Rohan, mas ele jura vingança. Anos depois Wulf vem com um exército de mercenários atacar o reino, obrigando todos a recuarem para a fortaleza nas montanhas. Os irmãos de Héra morrem no primeiro ataque de Wulf e agora apenas ela e o pai restam da família real enquanto eles ficam sitiados na fortaleza.

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Crítica – O Jogo da Rainha

 

Análise Crítica – O Jogo da Rainha

Review – O Jogo da Rainha
O cinema de Karim Ainouz constantemente dialoga com noções de masculinidade, analisando os problemas e tensões de certas convenções a respeito do que é “ser homem”. Fez isso em filmes como Motel Destino (2024), Praia do Futuro (2014) ou Madame Satã (2002). Neste O Jogo da Rainha ele deixa o contexto brasileiro para ir à Europa do século XVI para construir uma história sobre patriarcado, masculinidade e a resiliência feminina diante de um mundo dominado por homens, algo que ele já fez em A Vida Invisível (2019).

Mundo masculino

A trama se baseia na história real de Catarina Parr (Alicia Vikander), sexta esposa do rei Henrique VIII (Jude Law). Enquanto o marido está fora em guerra, Catarina é nomeada regente e conforme adquire poder vai se tornando uma liderança em uma revolução protestante que via colocar a igreja acima do rei. Quando o monarca retorna da guerra, marcado por ferimentos e infecções, além de problemas com gota, ele não apenas remove o poder de Catarina, reduzindo sua regência a tarefas mínimas. Henrique também se torna mais agressivo e paranoico conforme seu estado de saúde piora e Catarina passa a temer por seu destino.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Crítica – Empate

 

Análise Crítica – Empate

Review – Empate
Focado na luta do movimento seringueiro do Acre, o documentário Empate explora o passado e o presente dessa luta e da figura de Chico Mendes como principal mobilizadora desses trabalhadores em prol da proteção das matas. O filme acompanha algumas das principais vozes do movimento, praticamente todos atuaram ao lado de Mendes até ele ser assassinado, para compreender como eles se organizaram e o que vem pela frente.

Passado de luta

O filme começa com imagens de arquivo, mostrando entrevistas de Chico Mendes enquanto ele narra a situação com fazendeiros no Acre e a necessidade de evitar o desmatamento. O documentário intercala imagens de arquivo com entrevistas e imagens do presente acompanhando lideranças do movimento. É um produto de natureza mais expositiva, que visa informar o espectador sobre quem foi Chico Mendes, a pauta do movimento, suas conquistas e os problemas atuais da causa.

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Crítica – Disclaimer

 

Análise Crítica – Disclaimer

Review – Disclaimer
Enquanto assistia o último episódio da minissérie Disclaimer me lembrei da frase do crítico Roger Ebert sobre o cinema ser uma máquina de gerar empatia. O modo como narrativas nos mobilizam e nos fazem aderir a um personagem, mesmo quando ele é moralmente duvidoso, e o poder da narrativa em nos fazer agir por conta desses afetos que são mobilizados são temas centrais da produção criada e dirigida pelo diretor Alfonso Cuarón. É uma história que nos lembra como histórias podem ser usadas para convencer a gente sobre um ponto de vista, mesmo que esse ponto de vista não seja capaz de dar conta de toda a história.

Passado esquecido

A trama gira em torno de Catherine (Cate Blanchett), uma documentarista que construiu sua carreira em revelar transgressões que instituições querem esconder. Ela tem seu próprio segredo do passado que está prestes a ser revelado por conta de Stephen (Kevin Kline), um professor recém desempregado que encontra um livro escrito pela esposa falecida, Nancy (Leslie Manville). O livro se baseia na história real da morte de seu filho Jonathan (Louis Partridge) que se afogou na Itália décadas atrás e pinta de maneira extremamente negativa a mulher casada com a qual se relacionou. A mulher em questão é Catherine e Stephen vê no livro uma maneira de se vingar dela, já que a julga responsável pelo afogamento de Jonathan.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Rapsódias Revisitadas – Casamento Sangrento

 

Crítica – Casamento Sangrento

Review – Casamento Sangrento
Lançado em 2019 Casamento Sangrento não foi exatamente um sucesso imediato, mas acabou ganhando um certo status cult ao longo do tempo por conta de sua narrativa slasher cheia de mortes sangrentas e o carisma hiperbólico de seus personagens. A narrativa é centrada em Grace (Samara Weaving), que está prestes a casar com Alex (Mark O’Brien), cuja rica família, dona de um império de jogos de tabuleiro, não vê Grace com bons olhos.

Jogos mortais

No dia do casamento Alex avisa Grace da sua tradição familiar. Toda vez que alguém se casa, o novo membro da família precisa jogar um jogo com a família. O que Alex não conta para a noiva é que o que estará em jogo é a vida dela, já que sua família pretende usá-la como sacrifício para a misteriosa entidade que seria responsável pela prosperidade em seus negócios.

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Crítica – Blitz

 

Análise Crítica – Blitz

Review – Blitz
Dirigido por Steve McQueen, diretor responsável por 12 Anos de Escravidão (2013) e As Viúvas (2018), Blitz retrata o período dos constantes bombardeios nazistas contra Londres durante a Segunda Guerra Mundial. É uma produção que tenta retratar a sobrevivência em um período de constante perigo e escassez, mas que por vezes tenta manejar tantas ideias ao mesmo tempo que não desenvolve nenhuma de maneira impactante.

Notícias de uma guerra cotidiana

A trama acompanha a jovem Rita (Saoirse Ronan), que vive com o pai e o filho George (Elliott Heffernan) em uma Londres sob constantes alvos de bombardeios. Quando o governo evacua as crianças da cidade, Rita e George se separam, mas George não vai para o abrigo do governo. Ele pula do trem durante o trajeto e tenta voltar para casa sozinho, enquanto isso Rita continua a trabalhar em uma fábrica, produzindo armamentos para o esforço de guerra, enquanto tenta sobreviver aos bombardeios constantes.

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Crítica – Meu Eu Do Futuro

 

Análise Crítica – Meu Eu Do Futuro

Review – Meu Eu Do Futuro
Como seria viver a juventude com o conhecimento e experiência de nossa versão mais velha? É essa pergunta que Meu Eu do Futuro tenta ponderar a resposta e o resultado é um exame singelo sobre o impacto de nossas escolhas de vida e como o tempo muda nossa perspectiva das coisas, nem sempre para melhor.

Convergência temporal

A narrativa é protagonizada por Elliott (Maisy Stella), uma garota que aproveita suas últimas férias antes de ir para a faculdade. Um dia ela vai acampar com as amigas Ruthie (Maddie Ziegler) e Ro (Kerrice Brooks) e elas acabam usando cogumelos alucinógenos. Durante a viagem nas drogas, ela encontra sua versão mais velha (Aubrey Plaza) e pede a ela conselhos para o futuro. Seu eu do futuro a alerta que tudo irá mudar depois que for para a faculdade, que ela deve aproveitar o tempo que tem com os irmãos e com os pais na fazenda da família e que deve evitar se apaixonar por um rapaz chamado Chad. No dia seguinte ela conhece um Chad (Percy Hynes White, de Wandinha) e não consegue entender porque a Elliott do futuro lhe disse para não se envolver com ele.

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Crítica – O Clube das Mulheres de Negócios

 

Análise Crítica – O Clube das Mulheres de Negócios

Review – O Clube das Mulheres de Negócios
Dirigido por Anna Muylaert, responsável por Que Horas Ela Volta? (2015), O Clube das Mulheres de Negócios tenta imaginar como seria um Brasil em que as mulheres dominassem a sociedade. É uma ideia com potencial de repensar noções de masculino e feminino, de como muito disso é uma construção social, mas infelizmente o filme se prende a um binarismo raso que o reduz a ser uma sátira de uma piada só.

Mundo invertido

Na trama, o renomado fotógrafo Jongo (Luís Miranda) e o inexperiente repórter Candinho (Rafael Vitti) vão ao famoso Clube das Mulheres de Negócios, confraria privada que abriga as mulheres mais poderosas do país, para entrevistar as integrantes da diretoria. Jongo está apreensivo de entrar em um ambiente de mulheres tão poderosas, mas Candinho não se sente intimidado por ser neto da presidente do clube, a poderosa Cesárea (Cristina Pereira).

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Crítica - Dragon Age: The Veilguard

 

Análise Crítica - Dragon Age: The Veilguard

Review - Dragon Age: The Veilguard
Assim que saíram os primeiros trailers de Dragon Age: The Veilguard eu não fiquei muito animado. Depois de quase dez anos no limbo após Dragon Age: Inquisition o jogo que anteriormente se chamaria Dragon Age: The Dread Wolf tinha sido rebatizado e exibia uma direção de arte mais cartunesca e um clima mais aventureiro que o distanciava da fantasia sombria de outrora, assim como a jogabilidade adotava mais uma estrutura de RPG de ação do que o combate tático de antes. Estava pronto para não gostar, mas a verdade é que ao longo das minhas cinquenta horas com Dragon Age: The Veilguard percebi que quanto mais analisava o jogo pelo que ele se propunha a ser e não pelo que eu queria que ele fosse, mais ele crescia aos meus olhos.

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Crítica – Detetive Alex Cross

 

Análise Crítica – Detetive Alex Cross

Review – Detetive Alex Cross
Criado na literatura pelo escritor James Patterson, o detetive Alex Cross já está a algum tempo na mira Hollywood, mas os resultados dessas adaptações variavam entre o morno, com os filmes estrelados por Morgan Freeman Beijos que Matam (1997) e Na Teia da Aranha, e o péssimo, com A Sombra do Inimigo (2012), que trazia Tyler Perry como Alex Cross. Talvez o problema tenha sido adaptar os romances de Patterson como filmes e não como séries, já que Detetive Alex Cross mostra que o personagem funciona melhor nesse formato.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Crítica – Wicked

 

Análise Crítica – Wicked

Review – Wicked
Na Broadway, o musical Wicked trazia uma interessante releitura para a mitologia do universo de O Mágico de Oz, ponderando como sobre o perigo de ouvir apenas um lado da história e como isso resulta em maniqueísmos injustos. Fiquei curioso com o anúncio de uma adaptação para cinemas, principalmente pela escolha de dividir o musical em duas partes, que evitaria ter que condensar demais a narrativa e prejudicar a construção dos personagens e conflitos, como aconteceu em Caminhos da Floresta (2014). Sim, esse filme é só a primeira metade da história.

Metáforas da diferença

A narrativa começa com a derrota da bruxa Elphaba (Cynthia Erivo) no filme de O Mágico de Oz e enquanto a terra de Oz comemora a sua morte, Glinda (Ariana Grande), a bruxa boa, relembra o passado das duas e como ninguém nasce naturalmente maligno. Acompanhamos então a juventude das duas e como elas estudaram juntas para se tornarem feiticeiras, com Elphaba sempre demonstrando uma aptidão natural para magia enquanto Glinda não tinha o mesmo talento embora desejasse dominar a magia. As habilidades de Elphaba chamam a atenção da professora Morrible (Michelle Yeoh), que a consideram capaz de ajudar o grande Mágico de Oz (Jeff Goldblum), embora a aparência verde de Elphaba desperta preconceito e intolerância nos colegas.

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Crítica – Tesouro

 

Análise Crítica – Tesouro

Review – Tesouro
Adaptando um romance escrito por Lily Brett este Tesouro tenta ser simultaneamente um road movie sobre pai e filha se reconectando depois da morte da mãe e um exame sobre a memória do Holocausto e as consequências do antissemitismo. Nem sempre ele se sai bem nas duas coisas, funcionando melhor na dimensão familiar do que no exame histórico.

Viagem em família

A narrativa se passa em 1990 e acompanha a jornalista Ruth (Lena Dunham) que viaja à Polônia para conhecer a cidade em que os pais cresceram. Ela é acompanhada pelo pai, Edek (Stephen Fry), um octogenário sobrevivente do Holocausto. Os dois se afastaram depois da morte da mãe de Ruth, então a viagem é também uma tentativa dos dois em se reaproximarem. De início Edek reluta em voltar para sua antiga cidade, mas o retorno acaba despertando nele sentimentos que havia esquecido.

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Crítica – Cobra Kai: Sexta Temporada Parte 2

 

Análise Crítica – Cobra Kai: Sexta Temporada Parte 2

Review – Cobra Kai: Sexta Temporada Parte 2
A impressão ao assistir essa segunda parte da temporada final de Cobra Kai é estar diante de alguém que já sofreu morte cerebral, mas a família se recusa a desligar os aparelhos e aceitar que acabou. Não apenas a trama já não tinha mais para onde ir, algo que mencionei quando escrevi sobre a primeira parte, como essa segunda parte se recusa a encerrar a história e prolonga a série para mais uma terceira leva de episódios que não tem mais qualquer razão para ter se alongado tanto.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Drops – Corte no Tempo

 

Crítica – Corte no Tempo

Review – Corte no Tempo
Uma adolescente volta ao passado para impedir um serial killer de matar um ente querido e no processo aprende mais sobre o passado de sua família. Essa era a premissa de Dezesseis Facadas (2023) e que é repetida neste Corte no Tempo, mas sem o humor ou o gore da produção de 2023.

Mortes sem impacto

A trama é protagonizada por Lucy (Madison Bailey, de Outer Banks), uma garota que acidentalmente viaja no tempo para 2003, dias antes da irmã mais velha, Summer (Antonia Gentry, de Ginny & Georgia) ser assassinada. Presa no passado, ela precisa encontrar um meio de retornar ao presente ao mesmo tempo em que busca um meio de impedir a morte da irmã.

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Crítica – A Extraordinária Vida de Ibelin

 

Análise Crítica – A Extraordinária Vida de Ibelin

Review – A Extraordinária Vida de Ibelin
É curioso como só conhecemos certas facetas de entes queridos depois que eles falecem. O documentário A Extraordinária Vida de Ibelin explora esse sentimento ao contar a história de Mats Steen, um jovem norueguês que morreu aos vinte e poucos anos por conta de uma doença muscular degenerativa. Seus pais achavam que a vida dele tinha sido só sofrimento por conta de seus problemas de saúde e de estar preso em uma cadeira de rodas, conseguindo mexer apenas os dedos, mas depois de seu falecimento descobriram que ele tinha uma enorme rede de amigos, paixões e apoiadores dentro do jogo World of Warcraft e perceberam que a vida do filho não tinha sido tão solitária quanto pensavam ser.

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Crítica – Gladiador 2

 

Análise Crítica – Gladiador 2

Review – Gladiador 2
Não creio que ninguém que tenha assistido Gladiador (2000) tenha saído do filme pensando “nossa, mal posso esperar por uma continuação que conte a história do filho do protagonista”, mas mesmo sem ninguém querer ou que fosse necessário para amarrar qualquer ponta da história que Ridley Scott contou há mais de vinte anos atrás, Gladiador 2 está entre nós. Não faz a menor diferença, não precisava existir, mas não é exatamente ruim.

Ecos da eternidade

A narrativa é centrada em Lucius (Paul Mescal), filho de Lucilla (Connie Nielsen) e Maximus (Russell Crowe) do primeiro filme. Para ser mantido em segurança Lucius foi mandado para longe e se tornou um guerreiro no norte da África. Quando suas terras são conquistadas por Roma e sua esposa é morta pelo general Acacius (Pedro Pascal) ele é vendido como escravo e usado como gladiador pelo inescrupuloso Macrinus (Denzel Washington). Agora Lucius retorna à Roma para se vingar do general e dos cruéis imperadores Geta (Joseph Quinn, de Stranger Things) e Caracalla (Fred Hechinger).

É basicamente a mesma premissa do primeiro filme, mas tudo é duplicado. Ao invés de um guerreiro que luta por vingança e para restaurar a justiça em Roma temos essas motivações divididas entre Lucius e Acacius. Ao invés de um imperador imaturo e sádico temos dois em Geta e Caracalla, mas de resto é a mesma história sobre defender “o sonho de Roma” que embalou a história trágica de Maximus.

Repetição também está no trabalho do elenco ainda que entreguem performances competentes. Denzel Washington devora o cenário ao interpretar Macrinus como uma versão romana e com mais joias do que um bicheiro carioca de seu Alonzo de Dia de Treinamento (2001). Macrinus é um sujeito ardiloso, que joga em vários lados sempre visando o ganho pessoal e está sempre a frente dos oponentes, como se ele estivesse jogando xadrez enquanto os demais jogassem damas. É um personagem que domina cada cena em que está, mas a essa altura da carreira Washington o interpretaria com as mãos amarradas nas costas. Connie Nielsen traz a mesma dignidade e altivez a Lucille que apresentava no original, enquanto Pedro Pascal traz um misto de honra e desilusão a Acacius.

Os dois imperadores, por outro lado são tão histriônicos que pendem para a caricatura. Joseph Quinn se sai um pouco melhor ao conseguir injetar algum mínimo grau de humanidade a Geta, mas o Caracalla de Fred Hirchinger passa do ponto do exagero e soa como um vilão de desenho animado. Sim, eu entendo que ele deveria ser um sujeito louco com o cérebro carcomido pela sífilis, mas mesmo entre toda essa loucura há uma pessoa ali (pensem em Forrest Whitaker como Idi Amin em O Último Rei da Escócia) e o trabalho de Hirchinger é tão exagerado ao ponto de soar falso.

Arena Mortal

O primeiro filme foi alvo de críticas por sua falta de precisão histórica, algo que nunca me incomodou pessoalmente, mas aqui Scott desvia tanto da realidade que o filme praticamente entra no domínio da fantasia. Digo isso não apenas por sua trama se povoada por muitos personagens ficcionais, mas por uma série de eventos que transcorrem, principalmente dentro da arena do Coliseu. Aqui vemos batalhas com rinocerontes, uma batalha naval com direito a tubarões nadando na arena uma série de outras ocorrências que qualquer leigo é capaz de dizer que se trata de liberdades artísticas.

Não que a ação seja ruim, pelo contrário, ela é um dos pontos altos do filme. Essas liberdades que Scott toma servem para evidenciar ainda mais a opulência e desigualdade de sua Roma corrompida que gastava horrores com esses jogos no Coliseu enquanto a população ficava à míngua e os espetáculos brutais serviam como uma distração para essa miséria. A condução de Scott é eficiente em construir o senso de escala dessas e o caos brutal desses embates. São lutas vencidas tanto na estratégia quanto na força e cujas consequências sangrentas o filme faz questão de exibir. Seja nas batalhas mais grandiosas ou em duelos mais íntimos, como na luta entre Lucius e Acacius, a produção instila uma energia intensa na ação e um senso de que Lucius e outros personagens passam por um risco palpável de serem derrotados. O senso de grandiosidade e de tragédia também é construído pela música, inclusive com o uso de faixas da trilha do primeiro filme como Now We Are Free de Hans Zimmer cuja melodia dá senso da jornada grandiosa de seus personagens enquanto os vocais de Lisa Gerrard, cuja letra menciona liberdade, constrói a dimensão transcendental e trágica dessa história.

É por conta desse senso de grandiosidade da ação e pelo trabalho do elenco que Gladiador 2 consegue oferecer algo de interessante ainda que não tenha nada que Ridley Scott já não fez melhor antes. De certa forma é como ver aquela banda que você gosta e que já não toca como antes sair em uma turnê cantando seus melhores sucessos. É bacana, mas você sabe que é uma reprodução menor do que veio antes.

 

Nota: 7/10


Trailer

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Crítica – Pinguim

 

Análise Crítica – Pinguim

Review – Pinguim
O anúncio de que o recente Batman (2022) ganharia uma série derivada centrada no Pinguim (Colin Farrell) não me soava muito interessante. Parecia mais o tipo de tentativa de forçar mais um universo compartilhado cheio de spin offs do que algo que partia de alguma premissa interessante. Os primeiros episódios de Pinguim reforçaram um pouco essa impressão, já que apesar de um drama competente, tudo soava muito derivativo. O protagonista, com seu ego instável, sociopatia violenta, relação tóxica com a mãe e Complexo de Édipo mal resolvido remetiam tanto ao Tony Soprano que a série parecia ser basicamente um Família Soprano situado no universo do Batman.

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Crítica – Herege

 

Análise Crítica – Herege

Review – Herege
Aproveitando sua boa fase como vilão nos filmes do Paddington ou no divertido e pouco visto Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes (2023), Hugh Grant resolve fazer um vilão de terror neste Herege. A produção visa ser um questionamento sobre fé e instituições religiosas conta a história de duas missionárias mórmons, Barnes (Sophie Tatcher) e Paxton (Chloe East), que se veem presas na casa do estranho Sr. Reed (Hugh Grant) depois dele convidá-las para falar mais do mormonismo. Na casa, Reed irá testar as convicções delas em situações que começam desconfortáveis, se tornam tensas e logo se transformam em desafios mortais.

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Crítica – The First Slam Dunk

 

Análise Crítica – The First Slam Dunk

Review – The First Slam Dunk
Apesar do título, The First Slam Dunk não é um prelúdio para a história do anime/mangá Slam Dunk de Takehiko Inoue. Na verdade, ele é uma espécie de continuação do anime ao adaptar o último arco do mangá e mostrar a partida decisiva entre os protagonistas do colégio Shohoku e os rivais do colégio Sannoh. De partida isso pode afastar novatos a este universo, já que encontramos esses personagens e suas relações plenamente desenvolvidos, mas o filme, dirigido pelo próprio Inoue em sua estreia como realizador de cinema, consegue funcionar como uma ótima introdução a Slam Dunk.

Vidas em jogo

A narrativa se passa durante a partida derradeira entre Shohoku e Sannoh e ao logo do jogo volta algumas vezes ao passado dos protagonistas para construir suas histórias e o que está em disputa para cada um naquela partida numa estrutura similar a Rivais (2024). Se o anime e mangá eram protagonizados pelo jovem delinquente Sakuragi, que entrava para um time de basquete para se aproximar de uma garota de quem gostava, aqui o foco da narrativa é Ryota, um armador de baixa estatura, mas muito ágil.

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Crítica – Operação Natal

 

Análise Crítica – Operação Natal

Review – Operação Natal
Não esperava muita coisa de Operação Natal. O trailer dava a impressão de um blockbuster genérico, feito para cumprir a cota de filmes natalinos do ano, mas o resultado é uma aventura divertida, que cria um universo interessante e tem um inesperado calor humano. Além do mais, em um ambiente em que praticamente todos os blockbusters são continuações de franquias longevas ou pertencem a algum universo compartilhado, é um alívio enorme assistir um filme-pipoca que não te cobra o “dever de casa” de ter acompanhado meia dúzia de outros filmes, séries e spin-offs para conseguir minimamente se situar na narrativa. É bom ver que Hollywood ainda sabe fazer filmes que você pode simplesmente sentar e se divertir.

Papai Noel em perigo

A trama é centrada em Cal (Dwayne “The Rock” Johnson), o guarda-costas pessoal do Papai Noel (J.K Simmons). Ele está prestes a se aposentar por estar descrente com a humanidade, cuja lista de pessoas malvadas já superou a de pessoas boazinhas. No seu último dia de trabalho, Noel é sequestrado e a única pista é o hacker que ajudou os sequestradores a encontrarem a fábrica do Papai Noel. Assim, Jack (Chris Evans), que nunca acreditou em Papai Noel, é arrastado por Cal para descobrir o paradeiro do bom velhinho.

De certa forma é uma trama bem esquemática. Uma dupla de personalidades opostas, com Cal sendo o sisudo focado na missão enquanto Jack é um malandro que tenta resolver tudo na lábia e sempre busca tirar vantagem. É claro que ao longo da trama eles irão aprender algo um com o outro e Jack, que está na lista dos malcriados desde criança, vai aprender a ser bonzinho e se reaproximar do filho com quem tem pouco contato. É previsível, mas funciona pelo carisma do elenco.

Chris Evans é bem divertido fazendo um canalha de bom coração que aos poucos aprende a importância de formar laços com outras pessoas enquanto Johnson funciona como o contraponto mais sério à personalidade escorregadia de Jack. Evans inclusive encontra momentos de emoção genuína nas conversas entre Jack e o filho durante o clímax. J.K Simmons traz a Noel uma presença que é simultaneamente marcante e humilde. É um sujeito que demonstra um grande poder, mas uma medida similar de benevolência e afeto.

Universo fantasioso

A produção é criativa na construção de seu universo em que seres mitológicos vivem ocultos em meio ao nosso mundo, com uma agência secreta que mantem a paz entre seres lideradas pela expediente Zoe (Lucy Liu). Cal, por exemplo, consegue se mover rapidamente para qualquer lugar do mundo usando uma rede de portais que são acessados em qualquer loja de brinquedos e uma manopla que pode transformar qualquer brinquedo em um objeto real, como transformar um carrinho em miniatura em um carro de verdade. Sim, esses momentos muitas vezes servem de publicidade para algumas marcas de brinquedos, mas não deixam de gerar alguns momentos divertidos.

O filme também acerta nas cenas de ação e como usa diferentes criaturas de histórias natalinas, como os bonecos de neve que congelam tudo em que tocam e servem de capangas para a vilã ou o modo como Cal altera entre sua forma humana e sua forma de elfo enquanto luta usando a variação de tamanho ao seu favor como se fosse o Homem-Formiga. O fato de boa parte dessas criaturas serem feitas usando próteses e maquiagem ajuda a tornar tudo mais crível e a dar um senso de materialidade a esse universo, como no segmento em que Cal e Jack invadem o lar do Krampus (Kristofer Hivju), o irmão maligno do Papai Noel, e todas as criaturas ali são primordialmente fruto de efeitos práticos.

Inclusive nos momentos em que o filme recorre a criaturas completamente digitais chega a ser difícil não sentir algum estranhamento, já que elas não parecem pertencer ao mesmo universo que o resto dos personagens, Alguns, como o urso polar Garcia, são convincentes, mas outros nem tanto. O melhor exemplo disso é quando a bruxa Gryla (Kiernan Shipka, de O Mundo Sombrio de Sabrina) assume sua forma monstruosa durante o clímax e o resultado parece mais um design rejeitado para chefão de Dark Souls.

O texto ocasionalmente apresenta algumas incongruências. Um exemplo é o fato de Cal trabalhar há séculos protegendo o Noel e agindo como um guarda-costas pró-ativo e diligente, mas quando é conveniente para o roteiro ele desconhece completamente como lidar com determinadas criaturas embora ele se comporte como se já tivesse enfrentado esses seres antes.

Mesmo com uma trama previsível, Operação Natal diverte pelo elenco carismático e pelo universo criativo que mistura fantasia e realidade.

 

Nota: 6/10


Trailer

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Drops – Transformers: O Início e Hellboy e o Homem Torto

 

Hoje na coluna Drops, dedicada a textos mais curtos, vou falar sobre dois filmes que acabei deixando passar quando foram exibidos nos cinemas, Transformers: O Início e Hellboy e o Homem Torto, dois filmes que funcionam como recomeços para seus respectivos personagens.

Aventura “padrão Marvel”

Análise Crítica – Transformers: O Início


Review – Transformers: O Início
Transformers: O Início acompanha a história de dois mineradores, Orion Pax (Chris Hemsworth) e D-16 (Bryan Tyree Henry, de Atlanta) antes que eles se tornem os lendários Optimus Prime e Megatron respectivamente. A trama mostra uma Cybertron arruinada, que depende da constante mineração de energon para sobreviver enquanto o líder, Sentinel Prime busca a mítica matriz da liderança para resolver o problema de energia do planeta.

Desde o início incomoda como o filme se apoia no expediente de ter seus personagens trocando piadinhas ou diálogos engraçadinhos o tempo todo, muitas vezes comentando a própria trama, como se esse tipo de humor “padrão Marvel” fosse um substituto para personagens sem personalidade ou para uma trama mal escrita (tentar rir de um roteiro ruim não é por si só engraçado). Isso é principalmente evidente em B-127 (que virará o Bumblebee), cujo falatório constante é mais constrangedor e irritante do que engraçado, e em Elita-1 (Scarlett Johansson), que é reduzida à “a garota”, se limitando a reagir exasperada às ações dos demais personagens de maneira tão clichê que imaginei que em algum momento ela fosse jogar os braços para cima e dizer “ah, homens” aborrecida.