Crítica – Casamentos Cruzados

 

Estrelado por Will Ferrell e Reese Whiterspoon, Casamentos Cruzados é uma daquelas comédias românticas que não arrisca muito além dos lugares comuns do gênero. A narrativa acompanha duas famílias que acidentalmente tiveram casamentos marcados para o mesmo dia em uma bucólica e pequena ilha. Jim (Will Ferrell) é um pai viúvo que vai organizar o casamento de sua única filha, Jenni (Geraldine Viswanathan), enquanto que Margot (Reese Whiterspoon) é uma obstinada produtora de tv que fica responsável pelo casamento de sua irmã, Neve (Meredith Hagner).

Feudo familiar

Inicialmente Jim e Margot tentam se organizar para dividirem o diminuto espaço sem conflitos, mas obviamente o caos se instaura e as duas famílias começam a se desentender conforme cada um dos lados tenta oferecer o melhor casamento para sua família. A disputa entre as duas famílias também expõe também os conflitos internos de cada família. De um lado Jim lida com seu excesso de apego a Jenni e como sua presença pode ser sufocante para a filha. Margot, por sua vez, enfrenta o sentimento de distância em relação aos irmãos, que projetam imagens de perfeição, e do fato da mãe considerá-la inferior por não ser tão perfeita como os irmãos.

É tudo bem previsível, sendo evidente desde o início que uma família irá aprender muito uma com a outra e eventualmente irão se unir para resolver os problemas. É igualmente previsível que apesar de todas as rusgas Jim e Margot vão se apaixonar. O arco amoroso dos dois é prejudicado por ser inserido só no terço final do filme, sem a devida construção para tal, e também pela falta de química entre Ferrell e Whiterspoon, que nunca convencem juntos.

Por outro lado, Ferrell funciona bem ao lado de Geraldine Viswanathan, passando credibilidade como um pai cuja surperproteção da filha age como um mecanismo compensatório pela dor da perda da esposa e uma tentativa de garantir que a filha nunca passe por outra mágoa semelhante. A dupla acerta tanto na dinâmica afetiva dos dois como nos hábitos mais constrangedores dessa convivência excessivamente próxima entre pai e filha.

Caos matrimonial

As sabotagens e eventos inesperados rendem alguns momentos divertidos de comédia física, como a cena em que Jim paga uma lancha para passar fazendo barulho perto do deque onde o casamento de Neve acontece e acidentalmente a lancha derruba o deque jogando todos os convidados no rio. A cena em que Ferrell luta contra um jacaré que entra em seu quarto vale pelo puro absurdo da situação.

O humor, no entanto, também sofre com a previsibilidade do texto. Quando Margot acredita ter visto o noivo de Jenni beijar uma das damas de honra é óbvio desde o início que tudo se revelará como um grande mal entendido e assim o momento em que Jenni se desequilibra e questiona o noivo sobre a suposta traição perde a graça porque sabemos que a cena terminará com a confusão sendo desfeita.

Assim, tanto o drama quanto a comédia de Casamentos Cruzados sofrem com uma condução demasiadamente esquemática cujos breves momentos divertidos não são suficientes para sustentar a produção.

 

Nota: 5/10

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