sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Crítica – What If…?: 3ª Temporada

 

Resenha Crítica – What If…?: 3ª Temporada

Review – What If…?: 3ª Temporada
A série What If…? funciona melhor quando usa suas possibilidades do multiverso para explorar novas possibilidades de desenvolver seus personagens ou formatos narrativos diferentes para suas tramas de super-heróis. Esse terceiro e aparentemente último ano da série tenta trazer um encerramento ao arco do Vigia iniciado nos anos anteriores e dialogar com alguns gêneros diferentes, mas tanto suas escolhas narrativas quanto de personagem nem sempre funcionam.

Prisma de possibilidades

O primeiro episódio da temporada é claramente uma homenagem a filmes de kaijus como Godzilla e similares ao nos apresentar a uma realidade com monstros gigantes em que os Vingadores precisam pilotar mechas para enfrentar as criaturas. É um episódio com ação bem conduzida, ainda que nunca aproveite as possibilidades desse cenário e a narrativa tem muito pouco a dizer sobre a amizade que tenta construir entre Sam Wilson e Bruce Banner.

O sexto episódio, que se passa no velho oeste acompanhando uma história protagonizada por Shang Chi e Kate Bishop é outro que não aproveita sua possibilidade de brincar com elementos de western e a mescla com uma trama de artes marciais como a antiga série Kung Fu (1972-1975) protagonizada por David Carradine. O resultado é uma trama sem nada de muito marcante a despeito de seu esforço de falar sobre xenofobia contra imigrantes.

O quinto episódio da temporada parte de uma premissa interessante tentando imaginar o que aconteceria se os Eternos não tivessem impedido o despertar do celestial no centro do nosso planeta. O problema é a escolha de Riri Williams como protagonista do episódio, já que é uma personagem que conhecemos muito pouco e não tem uma personalidade tão bem estabelecida ao ponto desse cenário alternativo ser capaz de trazer um segundo olhar sobre ela quando não temos nem um primeiro olhar. Talvez o episódio tenha sido pensando tendo em mente a data de estreia original da série da Coração de Ferro, que estava programada para o final de 2023 e certamente traria mais desenvolvimento a uma personagem que só vimos por alguns minutos no segundo filme do Pantera Negra.

Multiverso da loucura

É curioso como essa temporada funciona melhor quando entra mais na comédia durante os episódios dois, três e quatro da temporada. O segundo episódio imagina como seria se Agatha Harkness se tornasse uma estrela de Hollywood e usasse sua posição para atrair Kingo, o resto dos Eternos e os celestiais para uma armadilha. O resultado é uma divertida homenagem aos musicais hollywoodianos de outrora, com direito a coreografias caleidoscópicas que remetem aos trabalhos do coreógrafo Busby Berkeley enquanto os números protagonizados por Kingo brincam com as convenções de Bollywood e musicais indianos.

O terceiro episódio coloca o Guardião Vermelho interferindo na missão do Soldado Invernal de matar Howard Stark colocando os dois para fugirem pelo interior dos Estados Unidos em uma comédia de parceiros na qual as personalidades opostas dos dois personagens colidem com resultados bastante divertidos. É uma estrutura de road movie que remete a filmes como Thelma & Louise (1991) com direito a uma paródia da famosa cena do penhasco.

Já o quarto episódio entra no terreno da comédia besteirol ao aproveitar um gancho do episódio do Thor festeiro da primeira temporada para mostrar o que aconteceu com Darcy e o Pato Howard depois que eles ficaram juntos. O resultado é Darcy parindo um ovo que se torna alvo de heróis e vilões do universo inteiro com o intento de usarem o poder da cria do insólito casal que precisa fugir para proteger o ovo. No percurso eles evadem a SHIELD, os Saqueadores, discípulos de Dormammu, Thanos e seus filhos, além de outros seres poderosos do multiverso Marvel. É puro caos e absurdo, com direito a heavy metal dos anos 80, entregando um dos episódios mais divertidos da série.

Quem vigia o Vigia?

Os dois últimos episódios da temporada funcionam como um clímax para a história do Vigia, que é detido pela Eminência depois de suas várias intervenções no multiverso. Sentindo a ausência do Vigia, a Capitã Carter e seu time decidem encontrar um meio de viajar até o mundo natal dos vigias para salvar o amigo e impedir que a Eminência de eliminar partes do multiverso.

Esses episódios entregam cenas de ação grandiloquentes que exploram o poder cósmico imenso da Eminência e revelam a extensão das capacidades do Vigia. No entanto o material entende o suficiente a respeito de seus personagens para não resolver o conflito apenas com força bruta, levando o Vigia a questionar a postura de não intervenção de seus superiores e a mudar os rumos de sua ordem, inclusive recuperando o seu nome, Uatu. É um desfecho satisfatório para o personagem e ainda que essa terceira temporada tenha ficado abaixo das duas anteriores, ela encerra a série de maneira digna caso essa seja mesmo a última temporada.


Nota: 6/10


Trailer

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