quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Drops – Batalhão 6888

 

Crítica – Batalhão 6888

Review Crítica – Batalhão 6888
Boas intenções nem sempre são suficientes para sustentar um filme. Batalhão 6888 é mais um exemplo disso, com uma trama que faz um importante resgate historiográfico não alcançando o impacto que deveria por conta de uma série de problemas.

Correspondência história

A produção conta a história real do Batalhão 6888, único batalhão composto por mulheres negras a servir na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. A missão do batalhão era dar apoio logístico às tropas, garantindo que as correspondências entre soldados e seus familiares chegassem onde deveriam. A trama é centrada em Lena (Ebony Obsidian), que se alista no exército depois que o amado morre na guerra, e na Major Adams (Kerry Washington) que tenta liderar seu batalhão a despeito de ser constantemente subestimada pelos superiores.

Assim como aconteceu com o recente Blitz (2024), é um filme que sofre bastante por uma representação muito limpa da guerra. Mesmo quando as personagens habitam em prédios abandonados ou dirigem entre ruínas de cidades europeias tudo é tão limpo e cosmeticamente perfeito que nunca soa como se estivéssemos diante de uma experiência vivida e sim de uma experiência encenada, fazendo boa parte do filme soar artificial.

Essa artificialidade também está nos diálogos, já que as personagens não conversam, elas estão sempre discursando ou palestrando, como que explicando ao espectador constantemente as dificuldades experimentadas pelas mulheres negras na época. Kerry Washington entrega a devoção intensa da Major Adams, mas o comprometimento da atriz não é o suficiente para contornar a artificialidade e excesso de didatismo do texto. O general racista interpretado por Dean Norris é uma caricatura tão exagerada que quase descamba para o cômico. Nas mãos de alguém com alguma sensibilidade, como Ava DuVernay, poderia render um ótimo drama histórico, mas sob a batuta histriônica de Tyler Perry, cujos filmes (drama ou comédia) sempre descambam em excessos, o resultado é bem raso.

O único momento em que o filme faz um tributo digno das figuras reais que inspiraram a narrativa é quando mostra falas e imagens de arquivo das mulheres que serviram no batalhão. Se a intenção de Perry era fazer algo mais expositivo talvez ele tivesse se saído melhor com uma produção documental.

 

Nota: 5/10


Trailer

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