Vidas em jogo
Assim que o prazo do contrato contra Joe se inicia ele recebe uma ligação do médico avisando que houve um engano com seus exames e ele não vai morrer. Agora é tarde demais para retirar a recompensa que ele próprio botou sobre si e Joe vai precisar enfrentar todos os assassinos da Europa se quiser sobreviver.
É uma trama bem básica e sem muita substância, como Joe não oferecendo muito além do assassino com consciência que deseja reconstruir a vida. Sofia Boutella, por sua vez, é desperdiçada com uma personagem que existe só para ser o interesse romântico do protagonista.
O que chama atenção, por outro lado, é todo o universo absurdo de assassinos de aluguel que o filme cria, com direito a um aplicativo no qual os matadores recebem a “encomenda” e podem escolher pegar o serviço ou não arrastando para a esquerda ou direita como se fosse o Tinder. A narrativa cria todo tipo de matador aloprado, como a dupla de irmãos que luta em cima de uma moto ou o assassino espanhol que luta dançando enquanto ouve flamenco. Essa natureza exagerada se encontra também na vilã Antoinette (Pom Klementieff, a Mantis de Guardiões da Galáxia), que devora o cenário em sua histeria violenta.
O exagero cartunesco está também
na ação sanguinolenta, com um tiro bastando para fazer a cabeça de alguém
explodir em milhares de pedaços e pintar um cômodo inteiro com sangue. O sangue
digital as vezes descamba para a artificialidade, mas o diretor J.J Perry, que
tem uma longa experiência como dublê, faz a ação funcionar pela criatividade
nas suas coreografias de luta e como explora os talentos pitorescos de seus
assassinos. É tudo muito absurdo, muito exagerado e muito idiota, como se
estivéssemos vendo uma versão live action
sangrenta de algum desenho animado antigo tipo Tom & Jerry, conferindo ao filme um charme tosco que o torna
divertido mesmo quando a narrativa e personagens são qualquer coisa.
Nota: 6/10
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