sexta-feira, 14 de março de 2025

Crítica – Invencível: 3ª Temporada

 

Análise Crítica – Invencível: 3ª Temporada

Review – Invencível: 3ª Temporada
Depois de uma segunda temporada equivocadamente dividida em duas partes, Invencível retorna para sua terceira temporada no formato habitual de um episódio por semana e sem a desnecessária divisão que mais prejudicou do que ajudou a temporada anterior. Esse terceiro ano é talvez o mais intenso da série até aqui, testando as convicções e lealdades dos personagens ao limite.

Guerra interna

Lidando com as consequências da batalha contra Angstrom Levy, Mark pondera se a violência que cometeu o aproxima do genocídio cometido por seu pai e se ele corre o risco de se tornar igual a ele. Ao mesmo tempo ele avalia a possibilidade de uma relação com Eve e sua parceria com o implacável Cecil por discordar dos métodos dele.

A série já começa com o intenso conflito entre Mark e Cecil no segundo episódio, quando o herói descobre que Cecil está empregando antigos vilões da defesa global e tem planos de contingência contra Mark. O conflito nos prende não só pela ação explosiva conforme Mark enfrenta os robôs de Cecil e tenta alertar os Guardiões do Globo das violações éticas de seu chefe, mas também pelo drama que há entre os dois personagens.

Flashbacks ao longo do episódio mostram a juventude de Cecil e como ele assumiu a agência de defesa global, aos poucos abandonando sua retidão moral para uma postura mais pragmática com o passar dos anos. De certa maneira, Cecil fora como Mark em sua juventude, mas a realidade da função o fez mudar sua atitude. Por outro lado, implantar uma arma no crânio de Mark sem ele saber não foi a melhor maneira de ganhar sua confiança. Mark, por sua vez, tem razão em questionar a falta de limite moral de Cecil e como ele está disposto a eliminar qualquer um que veja como obstáculo, embora ignore o enorme dano colateral que ele próprio causa em sua cruzada contra Cecil.

Há um dilema ético complicado no centro desse conflito e isso nos deixa emocionalmente investidos na ação porque entendemos o que as convicções desses personagens significam para eles e até onde eles estão dispostos a irem para defender seus princípios. Esse embate de filosofias dá um senso de risco a todo o confronto e a impressão de que algum deles pode realmente morrer.

Conflito multiversal

Falando em dano colateral, Mark é confrontado com isso pelo novo vilão Powerplex. Um sujeito normal que perdeu a irmã e a sobrinha durante a luta entre Invencível e Omni-Man no fim da primeira temporada. Munido de implantes que o fazem absorver energia, Powerplex tenta eliminar Mark, mas só causa mais dano colateral. O que torna o vilão uma figura interessante é a dor genuína que ele exibe. Lutar com Mark é só uma maneira que ele encontra (ou crê) para tentar acabar com o pesar que ele sente pela perda de sua família, seja matando o herói ou sendo morto por ele. Tanto que ele fica transtornado quando Mark se recusa a lutar e apenas o imobiliza até ele perder a carga de energia, enquanto Powerplex se debate e chora fica evidente os únicos resultados que ele buscava eram matar Mark ou morrer nas mãos dele. É mais outro conflito intenso ao longo da temporada justamente pela moralidade complicada dos envolvidos e de como a narrativa consegue fazer a audiência se importar com os dramas desses indivíduos.

A temporada, no entanto, encontra espaço para explorar seus outros personagens. Depois de quase morrer na temporada anterior, Rex encontra uma nova perspectiva de vida e tenta ser um herói e uma pessoa melhor, começando a deixar de lado sua personalidade babaca e abrasiva. Do outro lado do universo Allen está em uma prisão viltrumita ao lado de Nolan e tenta convencer o Omni-Man a entrar na luta contra os viltrumitas ao invés de estoicamente aceitar sua execução. A fuga da prisão, aliás, é outra excelente sequência de ação da série conforme Allen, Nolan e o feroz Thokk enfrentando os carcereiros e os dois viltrumitas que chegaram para executar Nolan.

A ação fica ainda mais intensa quando Angstrom Levy retorna trazendo consigo um exército de Marks do multiverso para atacar nossa Terra. A “guerra dos Invencíveis” testa não apenas Mark, mas todos os heróis do planeta, já que todas as versões de Mark são tão poderosas quanto ele. Através dessas contrapartes malignas vemos o poder destrutivo de Mark, dando razão a Cecil em temê-lo e como uma invasão viltrumita ao planeta poderia ser ainda pior. A narrativa nos faz sentir o poder desses agressores conforme vemos os Marks derrotando facilmente vários heróis que acompanhamos ao longo dos anos e alguns deles precisando se sacrificar para eliminar alguns dos Invencíveis.

As convicções de Mark são testadas mais uma vez em seu confronto com Levy, já que sua filosofia de não matar só parece piorar as coisas, dando ao vilão novas chances de atacar e ferir as pessoas próximas a Mark. É mais um exemplo de sequência de ação que tem sua intensidade amplificada pelo conflito emocional no centro dela, já que Mark não enfrenta apenas seu inimigo, mas também a possibilidade de ter que abrir mão de seus ideais e se tornar um matador que não deseja ser porque não há alternativa.

Conquista sangrenta

Em qualquer outra série a Guerra dos Invencíveis poderia ser o final de temporada, mas aqui ela é apenas o prelúdio de uma batalha ainda maior para Mark com a chegada do viltrumita Conquista. Depois que Mark se recusou várias vezes a cumprir as demandas de outros membros do império, o implacável Conquista é despachado para eliminar Mark e tomar o nosso planeta de uma vez por todas.

Mesmo com Mark já disposto a usar todo seu poder para eliminar o adversário, Conquista se mostra como o oponente mais poderoso que o herói já enfrentou. É uma batalha na escala da luta contra o Omni-Man no final da primeira temporada e ainda mais sangrenta, como fica evidente no momento em que Conquista agarra Mark e atravessa uma praia e uma cidade destruindo tudo e todos em seu caminho. A força e a velocidade dos dois é sentida no modo como a batalha vai transcorrendo por diferentes cantos do planeta e até fora dele, tudo enquanto Conquista age como se aquilo não passasse de uma brincadeira para ele.

O senso de perigo é agravado pelo modo como Conquista facilmente despacha os aliados de Mark que ainda tem condição de ajudá-lo (a maioria foi gravemente ferida na batalha anterior), quase matando Oliver e fazendo Eve Atômica levar seus poderes até o limite para enfrentá-lo e ainda assim mal conseguindo contê-lo. Toda essa destruição e aliados derrotados dá a impressão de que qualquer um pode morrer, de que ninguém está seguro e que os heróis podem mesmo perder. É um teste tanto do poder de Mark quanto de sua disposição para ir até as últimas consequências para derrotar seu oponente.

A terceira temporada de Invencível é a mais intensa da série até aqui, elevando sua ação sangrenta com uma consistente construção dos dramas que movem seus personagens deixando claro o que está em jogo em cada conflito.

 

Nota: 9/10


Trailer

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