Futuro imperfeito
A trama se passa na Inglaterra em 1941 e é toda contada por meio de rolos de filme feitos pelas irmãs Thomasina “Thom” Hanbury (Emma Appleton) e Martha “Mars” Hanbury (Stefanie Martini). As duas criam Lola, um aparato que permite acessar transmissões de rádio e televisão de qualquer ponto no tempo. Com o experimento elas tem contato com informações do futuro, se encantando com a arte da década de 90 como a música de David Bowie ou os filmes de Stanley Kubrick. Elas também tem acesso ao que acontece durante a Segunda Guerra Mundial e como os bombardeios nazistas afetam a ilha. Assim, as duas irmãs decidem colocar seu invento à disposição do governo britânico, ajudando a coletar inteligência de ações futuras dos nazistas.
A narrativa é criativa em imaginar que impactos o uso de um aparato como esse poderia ter no curso da história e nas questões éticas tomadas a partir desse conhecimento futuro, como deixar um ataque acontecer para montar uma armadilha e eliminar os inimigos. Essa interferência nos eventos logo repercute no futuro quando as irmãs percebem que figuras como David Bowie ou Kubrick desaparecem da paisagem midiática depois que elas começavam a interferir na guerra. Isso coloca as irmãs em conflito quanto aos méritos de interferirem na história, já que as ações dela eliminaram muito da arte e da cultura que definiria futuras gerações.
Marcas do tempo
Os desdobramentos em relação ao intervencionismo histórico das protagonistas geram boas reviravoltas envolvendo a relação entre Grã-Bretanha e Estados Unidos durante a guerra e a possibilidade de uma invasão nazista à ilha. Impressiona como o filme consegue aproveitar da melhor maneira que pode os poucos recursos que tem, já que mesmo que a ação seja quase toda confinada na casa das irmãs, conseguimos entender o peso que as ações delas têm nos rumos da guerra e, como de costume em tramas sobre viagens no tempo, as consequências terríveis de tentar mudar o curso da História.
Nem sempre faz sentido que as personagens estejam filmando, mas esse é um problema comum a praticamente todos os filmes de estética found footage. Ao menos é convincente em parecer com algo filmado em preto branco embora o som seja limpo demais para uma captação caseira da época. Imagino que essa escolha é feita pra privilegiar a inteligibilidade do áudio e também para evitar que o público estranhasse ou se distraísse com um chiado constante na banda sonora. Por outro lado, em algumas cenas noturnas a imagem em preto e branco fica tão escura que chega a ser difícil entender o que está acontecendo, como uma versão analógica das imagens tremidas e pixelizadas que são uma constante em produções found footage que emulam a filmagem de dispositivos mais contemporâneos.
Mesmo com certas conveniências
narrativas para justificar o formato found
footage, Máquina do Tempo é uma
inventiva ficção científica que oferece boas surpresas em sua construção de uma
história alternativa.
Nota: 7/10
Trailer
Nenhum comentário:
Postar um comentário