Crítica – Looney Tunes O Filme: O Dia Que a Terra Explodiu

 

Depois de toda a querela envolvendo o engavetamento de Coyote vs ACME mesmo com o filme já pronto, imaginei que a Warner não ia querer fazer mais nada com os Looney Tunes, o que seria uma pena, considerando que eles são basicamente os mascotes da empresa. Felizmente o estúdio continua a investir nos personagens com este longa animado Looney Tunes O Filme: O Dia Que a Terra Explodiu.

De volta à ação

A trama é focada em Patolino e Gaguinho, que cresceram juntos e agora precisam juntar dinheiro para reformarem a casa em que vivem, caso contrário a perderão. Depois de muitas tentativas frustradas eles conseguem emprego em uma fábrica de chicletes, mas Patolino logo descobre que o lugar guarda segredos sombrios e que parasitas alienígenas estão sendo colocados nos chicletes. Agora cabe a essa dupla amalucada salvar o mundo e desvendar a conspiração extraterrestre.

O filme é uma homenagem aos antigos desenhos dos personagens ao mesmo tempo em que tenta modernizá-los e apresentá-los a uma nova geração. O humor amalucado de sempre está presente desde os primeiros minutos quando uma montagem mostra a dupla principal tendo uma infância bucólica em uma fazenda. A montagem de Patolino e Gaguinho sendo demitidos de vários empregos tem várias piadas e gags visuais que remetem diretamente aos curtas antigos dos Looney Tunes e ao longo da trama cada frame de imagem sempre tem algo insólito acontecendo, sendo difícil não rir. Nesse sentido, a animação não apenas celebra o legado dos Looney Tunes como também é uma grande carta de amor à animação tradicional e seu potencial criativo.

Mundo insano

A comédia acerta ao explorar as personalidades díspares dos protagonistas. De certa forma eles refletem uma estrutura cômica tradicional, com Gaguinho sendo mais sério e comedido, ainda que guarde dentro de si uma medida de raiva e ressentimento por ter que ser responsável o tempo todo, enquanto Patolino é uma figura amalucada, que age por impulso e sempre deixa seus pensamentos intrusivos vencerem. Muito do humor entre eles vem desse choque de personalidades, mas o filme também consegue desenvolver um laço genuíno entre os dois, fazendo eles agirem como irmãos e nos fazendo nos importar com a relação deles. A dupla ainda é auxiliada por Petúnia, uma cientista que serve de interesse romântico para o Gaguinho embora suas investidas nela sejam constantemente interrompidas pelas maluquices do Patolino.

Quando penso nos Looney Tunes, grandes viradas narrativas não costumam estar no meu horizonte de expectativas, mas confesso que fiquei surpreso com a guinada que o filme dá no terceiro ato ao revelar o plano e a motivação do vilão. É algo que me pegou desprevenido e, ao mesmo tempo, não deixa de ser coerente com a natureza amalucada dos personagens que muitas vezes são movidos por razões bem absurdas. Toda a trama de parasitas alienígenas serve também para parodiar filmes de ficção científica como Invasores de Corpos (1978) ou O Enigma de Outro Mundo (1982).

Looney Tunes O Filme: O Dia Que a Terra Explodiu consegue, portanto, ser fiel ao espírito caótico de seus personagens ao mesmo tempo em que dá a eles novas camadas, celebrando o que torna os Looney Tunes tão marcantes enquanto os apresenta a uma nova geração.

 

Nota: 8/10

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