quinta-feira, 24 de abril de 2025

Drops – Acompanhante Perfeita

 

Análise Crítica – Acompanhante Perfeita

Review  – Acompanhante Perfeita
Estrelado por Jack Quaid (de The Boys) e Sophie Thatcher (de Yellowjackets e Herege) o suspense Acompanhante Perfeita usa sua premissa de ficção científica para ponderar sobre objetificação da mulher e masculinidade tóxica. O casal Josh (Jack Quaid) e Iris (Sophie Tatcher) viaja para passar um final e semana na casa de um casal de amigos de Josh, Sergey (Rupert Friend) e Kat (Megan Suri). Quando Sergey tenta estuprar Iris, ela o mata, mas então descobre a verdade sobre si: ela é um robô programado para amar e servir Josh. A partir daí os habitantes da casa pensam no que fazer com Iris enquanto ela pensa em meios de fugir do local para não ser destruída.

Alma plástica

O início do filme vai dando pistas sutis sobre quem Iris é de verdade fazendo a revelação soar orgânica ao invés de um choque súbito. Ainda assim, penso que essa revelação teria mais impacto se fosse construída a partir do ponto de vista da personagem ao invés de um olhar mais onisciente da narrativa, com ela “apagando” depois de ouvir o comando de desligamento de Josh e acordando algemada sem saber o que aconteceu até que os outros personagens explicassem para ela a verdade sobre si.

Tatcher é competente em construir a confusão de Iris, bem como seu senso obstinado de sobrevivência. Quaid já tinha mostrado em Pânico 4 (2011) como é capaz de fazer o “cara legal” que na verdade é um macho escroto. A dinâmica entre os dois ilustra como esses “caras legais” não passam de indivíduos medíocres e frustrados que culpam o mundo por suas inaptidões e reclamam da conduta das mulheres sendo que na verdade o que eles querem não é um relacionamento, mas um objeto que os obedeça e satisfaça suas fantasias. Não é nada de exatamente novo, mas que funciona pela performance da dupla principal e pelas situações de tensão que cria conforme Iris precisa agir de maneira engenhosa para contornar as limitações de sua programação.

Conforme a trama caminha para seu clímax, as várias reviravoltas que a narrativa apresenta vão criando alguns problemas. Se, por exemplo, Sergey não estava envolvido em nenhuma atividade ilegal porque ele teria um valor tão alto em dinheiro vivo em sua casa? Algumas centenas de milhares de dólares seria compreensível ou se os milhões fossem em joias ou outros bens na casa. Do mesmo modo, o plano final de Josh se revela bem estúpido, já que seria evidente que os fabricantes de Iris seriam capazes de acessar os metadados da robô para ver o que de fato aconteceu e as alterações que Josh fez em sua programação. Inclusive não faz muito sentido que Josh pareça saber tanto sobre a programação desses robôs, mas não tenha a menor ideia de onde estão seus componentes essenciais.

Ainda que se acomode em trabalhar noções familiares sobre masculinidade tóxica, Acompanhante Perfeita consegue ao menos funcionar como um suspense graças a uma eficiente condução da tensão e da performance de sua protagonista.

 

Nota: 6/10


Trailer

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