Let’s do the time warp again
A trama envolve o casal Janet (Susan Sarandon) e Brad (Barry Bostwick) cujo carro quebra numa estrada chuvosa no meio da noite. Procurando ajuda, eles entram em uma estranha mansão que é habitada por Frank-N-Furter (Tim Curry), um cientista louco travesti alienígena que está devotado a criar um espécime perfeito em Rocky (Peter Hinwood). Para tal conta com a ajuda dos assistentes Riff Raff (Richard O’Brien) e Magenta (Patricia Quinn). A presença deles ali ao lado dos experimentos e da trupe de aliados de Frank-N-Furter faz o casal repensar sua vida puritana.
É um fiapo de trama que existe mais para justificar uma série de cenas e números musicais cujo principal interesse é brincar com elementos narrativos e estéticos da ficção científica, filmes de monstro e produções B realizadas em Hollywood entre os anos 30 e 60. Isso está presente desde o visual de personagens como Magenta, cujos cabelos evocam a Noiva do Frankenstein, a cenários, como o palco com a torre da RKO, ou situações, como Rocky carregando Frank-N-Furter torre acima como King Kong. A mansão usada como locação no filme era recorrentemente usada em filme da Hammer, famosa por seus filmes de terror entre as décadas de cinquenta e setenta.
É uma produção que abraça a estética kitsch dessas produções de baixo orçamento e celebra a sinceridade dessas produções marginais, misturando essa sensibilidade de filme B, com a do rock e do glam rock e também da cultura LGBTQIA+, com personagens travestis, drag queens e sexualidades não heteronormativas. O resultado é um filme diferente de qualquer outro de sua época e mesmo hoje ainda é possível sentir o quanto essa produção é singular no modo como articula sua salada de referências em uma visão artística bem própria.
Tremendo em anteci...pação
Os números musicais são outro elemento que tornam o filme tão envolvente, com canções que ficam na cabeça por muito tempo como The Time Warp, que nos introduz à toda excentricidade da mansão. Sweet Transvetite, canção que apresenta Frank-N-Furter permite que Tim Curry roube o filme para si e nunca mais devolva com uma performance de canto e dança que é igualmente sensual, assustadora e bizarra. Não sabemos exatamente quem é o cientista ou o que ele quer, mas no instante em que Curry desce do elevador é impossível tirar os olhos dele, que domina cada fotograma em que está.
A homenagem à ficção científica também se faz presente na música, com a primeira canção, Science Fiction/Double Feature fazendo referência a produções do gênero como O Dia que a Terra Parou (1951), Flash Gordon (1936), Planeta Proibido (1956) e vários outras. Esse primeiro número musical traz uma boca feminina (a da atriz Patricia Quinn, que faz a Magenta) dublando o canto de uma voz masculina (Richard O’Brien, que faz Riff Raff) já trazendo os temas de androginia a transgeneridade que vão marcar o filme.
É por conta da energia dessas
canções, dos personagens pitorescos e de um senso estético bem particular que The Rocky Horror Picture Show continua
sendo uma delícia de assistir mesmo depois de cinquenta anos de seu lançamento.
Trailer
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