Apesar do título, The First Slam Dunk não é um prelúdio
para a história do anime/mangá Slam Dunk
de Takehiko Inoue. Na verdade, ele é uma espécie de continuação do anime ao
adaptar o último arco do mangá e mostrar a partida decisiva entre os
protagonistas do colégio Shohoku e os rivais do colégio Sannoh. De partida isso
pode afastar novatos a este universo, já que encontramos esses personagens e
suas relações plenamente desenvolvidos, mas o filme, dirigido pelo próprio
Inoue em sua estreia como realizador de cinema, consegue funcionar como uma
ótima introdução a Slam Dunk.
Vidas em jogo
A narrativa se passa durante a
partida derradeira entre Shohoku e Sannoh e ao logo do jogo volta algumas vezes
ao passado dos protagonistas para construir suas histórias e o que está em
disputa para cada um naquela partida numa estrutura similar a Rivais(2024). Se o anime e mangá eram
protagonizados pelo jovem delinquente Sakuragi, que entrava para um time de
basquete para se aproximar de uma garota de quem gostava, aqui o foco da
narrativa é Ryota, um armador de baixa estatura, mas muito ágil.
Hoje na coluna Drops, dedicada a
textos mais curtos, vou falar sobre dois filmes que acabei deixando passar
quando foram exibidos nos cinemas, Transformers:
O Início e Hellboy e o Homem Torto,
dois filmes que funcionam como recomeços para seus respectivos personagens.
Aventura “padrão Marvel”
Transformers: O Início acompanha a história de dois mineradores,
Orion Pax (Chris Hemsworth) e D-16 (Bryan Tyree Henry, de Atlanta) antes que eles se tornem os lendários Optimus Prime e
Megatron respectivamente. A trama mostra uma Cybertron arruinada, que depende
da constante mineração de energon para sobreviver enquanto o líder, Sentinel
Prime busca a mítica matriz da liderança para resolver o problema de energia do
planeta.
Desde o início incomoda como o
filme se apoia no expediente de ter seus personagens trocando piadinhas ou
diálogos engraçadinhos o tempo todo, muitas vezes comentando a própria trama,
como se esse tipo de humor “padrão Marvel” fosse um substituto para personagens
sem personalidade ou para uma trama mal escrita (tentar rir de um roteiro ruim
não é por si só engraçado). Isso é principalmente evidente em B-127 (que virará
o Bumblebee), cujo falatório constante é mais constrangedor e irritante do que
engraçado, e em Elita-1 (Scarlett Johansson), que é reduzida à “a garota”, se
limitando a reagir exasperada às ações dos demais personagens de maneira tão
clichê que imaginei que em algum momento ela fosse jogar os braços para cima e
dizer “ah, homens” aborrecida.
Essa terceira temporada de The Legend of Vox Machina tem um clima
de apoteose considerando que ela marca o confronto derradeiro entre os
aventureiros da Vox Machina e o conclave de dragões liderado pelo poderoso
dragão vermelho Thordak. É um conflito que foi construído ao longo das duas temporadas anteriores e cuja execução aqui não decepciona.
Masmorras e dragões
Mesmo depois de coletarem os Vestígios na segunda temporada, o grupo ainda não é páreo para Thordak. Eles
são abordados por Raishan, antiga aliada de Thordak, que propõe uma aliança com
eles, já que ela quer se vingar do dragão por ter se recusado a ajudá-la a
eliminar uma maldição que a estava matando aos poucos. Mesmo relutantes, a
equipe aceita o acordo e parte em busca de uma armadura que pode absorver o
poder de Thordak. A missão se torna mais urgente com a descoberta que o dragão
está chocando centenas de ovos que estão prestes a eclodir para liberar novos
dragões contra o reino.
Não esperava nada da animação Robô Selvagem e me surpreendi com sua
narrativa singela e emocionante sobre cuidado, cooperação e maternidade. A
trama é focada na robô Roz (voz de Lupita Nyong’o), que depois de uma
tempestade vai parar em uma ilha habitada apenas por animais. Lá ela acaba
acolhendo um bebê ganso órfão, a quem chama de Bico-Bonito, e toma para si a
tarefa de criá-lo e prepará-lo para voar até o momento da migração de inverno,
contando com a ajuda da raposa Escobar (voz de Pedro Pascal) para educar a
pequena ave.
Cresci com as tirinhas do
Garfield e assistindo a série animada que passava no Cartoon Network, até
assisti os dois live action em que
Bill Murray deu voz ao gato mal humorado (o primeiro é inofensivo, o segundo é
ruim), mas mesmo o retorno à animação não me empolgou muito para este Garfield: Fora de Casa. A trama tenta
recontar o início da relação do gato Garfield (Chris Pratt) com seu dono, Jon
(Nicholas Hoult), com Garfield eventualmente sendo sequestrado e forçado a
ajudar o pai que nunca conheceu, Vic (Samuel L. Jackson), a realizar um roubo
para a perigosa gata Jinx (Hannah Waddingham) como forma de pagar um dívida.
Depois que Sailor Moon: Eternaladaptou o quarto arco do mangá em dois filmes,
a saga de Usagi e suas aliadas iniciada em Sailor
Moon Crystal chega ao fim neste Sailor
Moon: Cosmos, que adapta o arco final do mangá. Como na história anterior,
o anime produzido pela Netflix vem no formato de dois filmes.
A Lenda da Luz da Lua
A história inicia com Usagi e as
demais voltando ao seu cotidiano de estudantes, mas essa paz é logo
interrompida pela chegada das misteriosas Sailor Starlights, guerreiras de
outro planeta que vieram à Terra um busca de sua princesa, e também da poderosa
vilã Sailor Galaxia, que está em busca dos Sailor Crystals que Usagi e as
outras carregam consigo.
Lançada em 1992 Batman: A Série Animada, produzida por
Bruce Timm, redefiniu as histórias do Batman ao inserir novos personagens, como
a Arlequina, e repensar a mitologia de vários de seus vilões, como o Sr. Frio,
lhes dando mais complexidade. A série também é importante por ter originado
todo um universo animado, sendo seguida por Superman:
A Série Animada, Liga da Justiça e
Liga da Justiça Sem Limites. Todo
esse conjunto é, talvez, uma das melhores adaptações do universo DC para o
audiovisual, então recebi com empolgação a notícia que Timm voltaria a produzir
uma série animada do Batman neste Batman:
Cruzado Encapuzado, que ainda conta com o veterano dos quadrinhos Ed
Brubaker como roteirista.
O ano de estreia de Minhas Aventuras Com o Superman acertava
na construção de um Superman mais esperançoso, benevolente e conectado à sua
humanidade. Esse segundo ano continua isso e expande o universo com novos
personagens.
Depois de salvar Metrópolis do
Parasita o Superman conta com aprovação de boa parte do público, embora Amanda
Waller ainda o trate como ameaça, principalmente depois da visão de uma frota
kryptoniana se aproximando. Clark tenta descobrir mais sobre seu passado
enquanto Lois se esforça para se reaproximar do pai e Waller cruza ainda mais
limites éticos para conseguir meios de enfrentar o Superman, buscando inclusive
ajuda do gênio tecnológico Lex Luthor.
A temporada explora o senso de
solidão de Clark por ser o único de sua espécie e a dificuldade dele em lidar
com o legado kryptoniano que parece ser o de um império expansionista. Esse
senso de isolamento desperta inseguranças em Lois de que ela talvez seja banal
demais ou não seja o suficiente para alguém tão extraordinário quanto Clark.
Jimmy, por outro lado, só vai ter algum arco próprio quando Kara chega na
cidade e ele se torna a principal conexão dela com a humanidade, mostrando o
lado positivo do nosso planeta para a prima do Superman, que parece ter vindo
para nos dominar.
O anime Go! Go! Loser
Ranger! funciona como um The Boys
para o universo dos Super Sentai/Power Rangers na medida em que satiriza esse
tipo de história e pensa como, num olhar mais realista ou mais cínico esses
personagens se tornariam celebridades inebriadas pela própria fama e poder,
além de uma força fascistoide de controle social. Com doze episódios primeira
temporada tenta nos introduzir esse universo e os problemas dele, embora sofra
com alguns problemas de ritmo.
A trama se passa em um mundo no qual uma nave de invasores
alienígenas paira sobre o nosso planeta. Semana após semana os invasores enviam
monstros para a nossa superfície e cabe aos Guardiões do Dragão da Tropa Ranger
deter esses monstros. Munidos de equipamentos poderosos chamados de Artefatos
Divinos, os Rangers detêm um poder enorme e se tornaram celebridades. Estádios
foram construídos no local de pouso mais comum dos monstros e a guerra que se
estende há treze anos é agora um espetáculo para as massas, com as lutas sendo
televisionadas para o mundo inteiro. Só há um problema: os Rangers derrotaram
os invasores no primeiro ano do ataque e tudo que veio depois é uma encenação.
Quando escrevi sobre Meu Malvado Favorito 3(2017) mencionei como o filme deixava evidente o
desgaste criativo da franquia, se limitando a encadear uma série de gags
cômicas de modo aleatório e episódico sem uma trama que ajudasse a nos manter
investidos em todo o caos. Este Meu
Malvado Favorito 4 segue o mesmo caminho, partindo de um fiapo narrativo
para jogar um monte de situações cômicas a esmo, sendo que uma parcela não
funciona como deveria.
Gru (Leandro Hassum) se vê ameaçado pelo antigo inimigo
Maxime Le Mal, que fugiu da prisão e jura se vingar de Gru e de sua família.
Agora ele, a esposa, Lucy (Maria Clara Gueiros), e as filhas se mudam para uma
pequena cidade, recebendo novas identidades. Ao mesmo tempo, os minions são
levados para o QG da Liga Antivilões para serem treinados como agentes, o que
logicamente dá muito errado e gera muitas confusões.
Eu adoro o primeiro Divertida Mente (2015) e como ele consegue transmitir, com um humor, sensibilidade e
de uma maneira acessível a todas as idades a complexidade de lidar com as
nossas emoções e como cada sentimento é importante para uma vida emocional
saudável. Apesar de todos os méritos, temi que esse Divertida Mente 2 pudesse não estar à altura do original,
principalmente no modo como a Disney vem fazendo continuação e remake de seus
principais filmes um atrás do outro e forçando a Pixar a fazer o mesmo.
Felizmente isso não acontece aqui e Divertida
Mente 2 é tão emocionante, divertido e complexo quanto o primeiro filme.
A trama mostra a garota Riley agora com treze anos. Ela tem
amigas na escola, ela é destaque no seu time de hockey e suas emoções
aprenderam a trabalhar em harmonia. A passagem do tempo também tornou o
funcionamento de sua mente mais complexo, com o surgimento de uma camada
profunda na qual certas memórias formam convicções que se enraízam no senso de
si da Riley. A Alegria se preocupa em só transformar em convicções as memórias
que se conectam a um senso de si positivo de que Riley é uma boa pessoa,
jogando para as margens da mente as memórias que ela acha negativas.
Foi uma surpresa o anúncio de que a Marvel iria reviver a
animação dos X-Men da década de 90 neste X-Men
97. Mais surpreendente ainda é que a produção não tenha se acomodado a ser
uma exploração cínica da nostalgia noventista e tenha realmente feito algo
incrível com esses personagens e esse universo. A verdade é que X-Men 97 é muito melhor do que teria
qualquer direito de ser e provavelmente é a melhor produção da Marvel Studios
desde sua origem.
A série continua de onde a animação original parou, com
Xavier sendo levado pelos Shi’ar depois de sofrer uma tentativa de assassinato.
Sem seu líder, os X-Men tentam prender Bolivar Trask e os remanescentes do
programa dos sentinelas, mas o testamento de Xavier coloca Magneto no comando
da equipe e da escola, iniciando novas tensões dentro do grupo.
Poucos produtos da Marvel entenderam tão bem a essência de
seus personagens e suas diferentes facetas como essa série faz. A série explora
os X-Men como super-heróis, como metáfora social para o preconceito, como
personagens de ficção científica e também como protagonistas de um grande
melodrama familiar repleto de triângulos amorosos e traições. Tudo isso embalado
em um pacote coeso, que nunca soa tonalmente inconsistente a despeito das várias
direções nas quais joga seus personagens.
A primeira temporada de Velmafoi tão universalmente odiada que se tornou um fenômeno de hate watching, com muita gente
assistindo só para conferir o que de fato ela tinha de tão ruim. Apesar de
ninguém ter gostado, a quantidade de pessoas que assistiram só para falar mal
garantiu que a série animada tivesse audiência suficiente para uma segunda
temporada.
O segundo ano começa com a turma tentando voltar ao normal
depois dos eventos do ano anterior. A tranquilidade, no entanto, dura pouco já
que uma nova onda de assassinatos volta a aterrorizar a cidade, começando pela
morte do xerife. Com as autoridades sem liderança, cabe a Velma e o resto da
turma tentarem resolver o mistério.
Velma era uma das piores personagens da temporada de
estreia. Egoísta, mesquinha, sem qualquer escrúpulo de usar os amigos sem se
importar com eles e desprovida de qualidades que a redimissem, ela era uma
personagem insuportável de acompanhar. Essa nova temporada some com isso e traz
uma Velma que, apesar de ser irritante por sua conduta sabichona, é mais
preocupada com o bem estar das pessoas ao seu redor e tem mais elementos que nos
fazem torcer por ela.
Assim como outras animações que tiveram continuações demais,
Kung Fu Panda 4 dá sinais de cansaço
da franquia e um senso de que tudo é feito a toque de caixa simplesmente porque
é mais barato e menos arriscado financeiramente fazer mais um do que tentar
algo novo. A trama coloca Po para enfrentar uma nova vilã ao mesmo tempo em que
o mestre Shifu o incumbe de encontrar um novo Dragão Guerreiro para
substituí-lo, já que Po deve se tornar o líder espiritual do Vale da Paz. Em
sua jornada, Po encontra a raposa Zhen e se alia a ela contra a nova vilã.
A trama é relativamente previsível, sendo óbvio desde o
início que Zhen vai trair Po e depois se arrepender por conta da amizade
genuína que o panda mostrou a ela. Do mesmo modo, é bem evidente quem Po
escolherá como seu sucessor. A vilã Camaleoa, apesar da dublagem de Viola Davis
torná-la ameaçadora, acaba se revelando uma antagonista bastante genérica,
longe dos vilões marcantes dos filmes anteriores, em especial o Tai Lung do
primeiro filme que reaparece aqui para nos lembrar de filmes melhores da
franquia. A ideia da vilã poder se transformar em inimigos do passado de Po
poderia servir de metáfora para o personagem confrontar seu passado, mas na
narrativa nunca faz nada de muito interessante com esse conceito.
Depois de uma primeira parte difusa, que se espalhava demais
tentando estabelecer os conflitos dos vários personagens, a segunda parte da
segunda temporada de Invencível
consegue entregar desfechos impactantes para os conflitos que iniciou em sua
metade inicial.
Voltando para a Terra depois de reencontrar o pai e tomar
uma surra dos viltrumitas, Mark precisa pensar em um meio de deter os poderosos
seres antes que eles lancem sua total invasão ao nosso planeta. Ao mesmo tempo
os Guardiões do Globo lidam com seus conflitos internos e o misterioso Angstrom
Levy trama nos bastidores sua vingança contra Mark.
Divulgado como o último filme do venerável Hayao Miyazaki, O Menino e a Garça foi lançado nos
cinemas japoneses sem qualquer trailer, apenas com um pôster para dar alguma
noção do que seria. Até o lançamento no ocidente saíram alguns trailers, mas
preferi assisti-lo sem ver nada, aberto a qualquer coisa que Miyazaki colocasse
diante de mim e sem saber o que esperar.
A trama se passa no Japão da década de 1940 e acompanha
Mahito, um garoto que perde a mãe em um bombardeio em sua vila durante a
Segunda Guerra Mundial. Ele é então mandado para morar com o pai e sua nova
esposa, que está grávida. Mahito tem dificuldade de se adaptar a essa nova vida
e as coisas começam a ficar estranhas quando uma garça que habita o lago da propriedade
começa a falar com ele e chamá-lo para uma torre em ruínas próxima que é alvo
de lendas dos moradores locais. Ao entrar na torre Mahito é levado para um
estranho universo paralelo e agora precisa sobreviver às ameaças e voltar para
casa.
Depois que Mestres do Universo: Salvando Etérniame pegou de surpresa com a maturidade com a qual
trabalhava seus personagens e trazia transformações significativas para o
universo da trama e os protagonistas, estava curioso para ver o que o produtor
e roteirista Kevin Smith faria com os ganchos deixados pela série. O resultado
é esse Mestres do Universo: A Revolução,
que entrega uma aventura mais tradicional do He-Man e passa longe da ousadia da
série anterior.
A trama continua do ponto em que a anterior parou. Esqueleto
se reconstruiu usando tecnologia e ajuda Hordak e sua horda a invadirem
Eternia. Enquanto isso Adam lida com a morte do pai e se divide entre seu papel
de herói e a possibilidade de ser Rei. Teela tenta usar seus poderes de
feiticeira para recriar Preternia de modo que as almas dos heróis caídos tenham
para onde ir.
A impressão é que muito dessa nova série foi pensado em
resposta às reações negativas de fãs à série anterior e o quanto ela mexia com
o status quo desse universo (o que
era seu melhor atributo na minha opinião, afinal bons personagens se
transformam com o tempo). Aqui, durante boa parte dos cinco episódios, não
temos qualquer tentativa de mexer na fórmula ou na dinâmica entre os personagens,
entregando uma aventura mais típica de He-Man contra o Esqueleto sem muito
desenvolvimento para os personagens.
A primeira temporada de What If...? tinha algumas boas histórias, mas sofria um pouco com alguns
episódios que não desenvolviam suas premissas de modo interessante. Essa
segunda temporada é mais consistente na sua curadoria de histórias e apresenta
tramas que se valem melhor de suas ideias.
Como na primeira temporada, a série acerta ao situar suas
tramas em diferentes gêneros. O primeiro episódio protagonizado pela Nebulosa é
bem tributário ao film noir,
remetendo a produções como O Falcão
Maltês (1940) ou o noir futurista
de Blade Runner (1982). O episódio de
Peter Quill invadindo a Terra remete a filmes de monstro e aquele que traz
Happy preso na torre dos Vingadores com um bando de criminosos é claramente
feito para remeter a Duro de Matar(1988).
Feito para celebrar os 100 anos da Disney, Wish: O Poder dos Desejos é uma
homenagem mais focada em nos lembrar do longevo legado do estúdio do que para
mostrar o espírito de inovação que o tornou tão amado. É uma produção que tem
sua parcela de qualidades, mas que não tem o impacto que esperaríamos de uma
celebração de um século.
A trama é focada em Asha, uma jovem que deseja se tornar
aprendiz do rei Magnifico, um monarca que trouxe paz e prosperidade ao reino
com seu poder de extrair e guardar os desejos de seus cidadãos, realizando-os
periodicamente. Quando Asha descobre que o rei usa os desejos como forma de
controlar a população ao invés de inspirá-la, ela decide devolver os desejos ao
povo. A jovem faz um pedido para uma estrela e ela ganha vida. Agora, com a
ajuda da estrela e seus poderes mágicos, ela decide enfrentar o rei.
É uma trama típica da Disney, com animais falantes e números
musicais que nos lembra da importância de sonhar e perseguir os próprios
desejos. Não tem nada aqui que quebre o molde do estúdio, mas não chega a ser
um grande problema já que a produção tem carisma e encantamento o suficiente
para nos manter interessados. Os números musicais são vibrantes e alguns deles,
como o que envolve galinhas dançantes, remetem aos mosaicos das coreografias de
Busby Berkeley. Não tem nenhuma música que soe com o impacto de hit instantâneo algo como Dos Oruguitas ou Não Falamos do Bruno de Encanto (2021), mas são canções carismáticas que entregam o que se espera.
Muito da graça do filme vem de como a trama costura
referências aos vários filmes da Disney ao longo do último século, da silhueta
da Malévola que aparece no livro de magia sombria do rei, passando pelo fato de
que os amigos de Asha se vestem como os sete anões, que o manto que a
protagonista usa remete ao da fada madrinha de Cinderela (1950) ou o vilão basicamente se tornar ao final no
espelho da Rainha Má de Branca de Neve e
os Sete Anões (1937). Nesse sentido, o avô de Asha ser um idoso de 100 anos
em busca de alcançar seu desejo de inspirar as pessoas é uma clara metáfora
para a Disney em si, que chega ao seu aniversário de um século ainda tentando
nos fazer acreditar nos sonhos e na magia.
Como algo que nos diz o tempo todo que foi feito para
celebrar o legado do seu estúdio, é relativamente decepcionante que ele
arrisque tão pouco e prefira que sua celebração consista meramente de repousar
sobre os próprios louros passados (nos lembrando de vários filmes melhores do
que esse que estamos assistindo) do que em nos mostrar que a Disney ainda é
capaz de inovar, de nos surpreender, de nos pegar desprevenidos e nos fazer nos
perguntar “como eles imaginaram isso?” como fizemos em seus filmes mais
memoráveis. Ao invés de nos mostrar como tem vigor para mais outros 100 anos de
encantamento Wish: O Poder dos Desejos
se acomoda em meramente nos fazer lembrar das glórias passadas. Claro, o filme
tem lá seus bons momentos e não tem nada de particularmente problemático, só
não está plenamente à altura de ser celebração que se propõe a ser.
Não sabia o que esperar de Leo animação produzida e estrelada por Adam Sandler, mas o que
encontrei é uma aventura infantil razoavelmente divertida e inofensiva apesar
de lugar-comum. Na trama, Leo (Adam Sandler) é um lagarto de 74 anos que vive
como mascote de uma turma de quinta série em uma escola na Flórida. Quando ele
descobre que pode ter apenas mais um ano de vida, decide fugir para aproveitar
o tempo que resta. Acontece que ele acaba se envolvendo com os problemas
pessoais dos alunos e decide ajudá-los.
Os arcos das crianças são tramas bem comuns nesse tipo de
história, como a criança que se sente deslocada depois do divórcio dos pais,
crianças inseguras com a própria aparência, outra que é superprotegida pelos
pais ou uma cujos pais substituem presentes e bens materiais por afeto. Ainda
assim há um calor humano genuíno nas interações entre Leo e as crianças, com o
crescimento e aprendizado que elas têm sendo coerente com a dinâmica que a
trama estabelece e mostrando como uma criança pode se desenvolver se lidar com
seus problemas.