Na Broadway, o musical Wicked trazia uma interessante releitura
para a mitologia do universo de O Mágico
de Oz, ponderando como sobre o perigo de ouvir apenas um lado da história e
como isso resulta em maniqueísmos injustos. Fiquei curioso com o anúncio de uma
adaptação para cinemas, principalmente pela escolha de dividir o musical em
duas partes, que evitaria ter que condensar demais a narrativa e prejudicar a
construção dos personagens e conflitos, como aconteceu em Caminhos da Floresta(2014). Sim, esse filme é só a primeira metade
da história.
Metáforas da diferença
A narrativa começa com a derrota
da bruxa Elphaba (Cynthia Erivo) no filme de O Mágico de Oz e enquanto a terra de Oz comemora a sua morte,
Glinda (Ariana Grande), a bruxa boa, relembra o passado das duas e como ninguém
nasce naturalmente maligno. Acompanhamos então a juventude das duas e como elas
estudaram juntas para se tornarem feiticeiras, com Elphaba sempre demonstrando
uma aptidão natural para magia enquanto Glinda não tinha o mesmo talento embora
desejasse dominar a magia. As habilidades de Elphaba chamam a atenção da
professora Morrible (Michelle Yeoh), que a consideram capaz de ajudar o grande
Mágico de Oz (Jeff Goldblum), embora a aparência verde de Elphaba desperta
preconceito e intolerância nos colegas.
Não creio que ninguém que tenha
assistido Gladiador (2000) tenha
saído do filme pensando “nossa, mal posso esperar por uma continuação que conte
a história do filho do protagonista”, mas mesmo sem ninguém querer ou que fosse
necessário para amarrar qualquer ponta da história que Ridley Scott contou há
mais de vinte anos atrás, Gladiador 2
está entre nós. Não faz a menor diferença, não precisava existir, mas não é
exatamente ruim.
Ecos da eternidade
A narrativa é centrada em Lucius
(Paul Mescal), filho de Lucilla (Connie Nielsen) e Maximus (Russell Crowe) do
primeiro filme. Para ser mantido em segurança Lucius foi mandado para longe e
se tornou um guerreiro no norte da África. Quando suas terras são conquistadas
por Roma e sua esposa é morta pelo general Acacius (Pedro Pascal) ele é vendido
como escravo e usado como gladiador pelo inescrupuloso Macrinus (Denzel
Washington). Agora Lucius retorna à Roma para se vingar do general e dos cruéis
imperadores Geta (Joseph Quinn, de Stranger Things) e Caracalla (Fred Hechinger).
É basicamente a mesma premissa do
primeiro filme, mas tudo é duplicado. Ao invés de um guerreiro que luta por
vingança e para restaurar a justiça em Roma temos essas motivações divididas
entre Lucius e Acacius. Ao invés de um imperador imaturo e sádico temos dois em
Geta e Caracalla,
mas de resto é a mesma história sobre defender “o sonho de Roma” que embalou a
história trágica de Maximus.
Repetição também está no trabalho
do elenco ainda que entreguem performances competentes. Denzel Washington devora o cenário ao interpretar Macrinus como uma
versão romana e com mais joias do que um bicheiro carioca de seu Alonzo de Dia de Treinamento (2001). Macrinus é um
sujeito ardiloso, que joga em vários lados sempre visando o ganho pessoal e
está sempre a frente dos oponentes, como se ele estivesse jogando xadrez
enquanto os demais jogassem damas. É um personagem que domina cada cena em que
está, mas a essa altura da carreira Washington o interpretaria com as mãos
amarradas nas costas. Connie Nielsen traz a mesma dignidade e altivez a Lucille que apresentava
no original, enquanto Pedro Pascal traz um misto de honra e desilusão a
Acacius.
Os dois imperadores, por outro
lado são tão histriônicos que pendem para a caricatura. Joseph Quinn se sai um
pouco melhor ao conseguir injetar algum mínimo grau de humanidade a Geta, mas o
Caracalla de Fred Hirchinger passa do ponto do exagero e soa como um vilão de
desenho animado. Sim, eu entendo que ele deveria ser um sujeito louco com o
cérebro carcomido pela sífilis, mas mesmo entre toda essa loucura há uma pessoa
ali (pensem em Forrest Whitaker como Idi Amin em O Último Rei da Escócia) e o trabalho de Hirchinger é tão exagerado
ao ponto de soar falso.
Arena Mortal
O primeiro filme foi alvo de
críticas por sua falta de precisão histórica, algo que nunca me incomodou
pessoalmente, mas aqui Scott desvia tanto da realidade que o filme praticamente
entra no domínio da fantasia. Digo isso não apenas por sua trama se povoada por
muitos personagens ficcionais, mas por uma série de eventos que transcorrem,
principalmente dentro da arena do Coliseu. Aqui vemos batalhas com
rinocerontes, uma batalha naval com direito a tubarões nadando na arena uma
série de outras ocorrências que qualquer leigo é capaz de dizer que se trata de
liberdades artísticas.
Não que a ação seja ruim, pelo
contrário, ela é um dos pontos altos do filme. Essas liberdades que Scott toma
servem para evidenciar ainda mais a opulência e desigualdade de sua Roma
corrompida que gastava horrores com esses jogos no Coliseu enquanto a população
ficava à míngua e os espetáculos brutais serviam como uma distração para essa
miséria. A condução de Scott é eficiente em construir o senso de escala dessas e
o caos brutal desses embates. São lutas vencidas tanto na estratégia quanto na
força e cujas consequências sangrentas o filme faz questão de exibir. Seja nas
batalhas mais grandiosas ou em duelos mais íntimos, como na luta entre Lucius e
Acacius, a produção instila uma energia intensa na ação e um senso de que
Lucius e outros personagens passam por um risco palpável de serem derrotados. O
senso de grandiosidade e de tragédia também é construído pela música, inclusive
com o uso de faixas da trilha do primeiro filme como Now We Are Free de Hans Zimmer cuja melodia dá senso da jornada
grandiosa de seus personagens enquanto os vocais de Lisa Gerrard, cuja letra
menciona liberdade, constrói a dimensão transcendental e trágica dessa
história.
É por conta desse senso de
grandiosidade da ação e pelo trabalho do elenco que Gladiador 2 consegue oferecer algo de interessante ainda que não
tenha nada que Ridley Scott já não fez melhor antes. De certa forma é como ver
aquela banda que você gosta e que já não toca como antes sair em uma turnê
cantando seus melhores sucessos. É bacana, mas você sabe que é uma reprodução
menor do que veio antes.
Não esperava muita coisa de Operação Natal. O trailer dava a
impressão de um blockbuster genérico,
feito para cumprir a cota de filmes natalinos do ano, mas o resultado é uma
aventura divertida, que cria um universo interessante e tem um inesperado calor
humano. Além do mais, em um ambiente em que praticamente todos os blockbusters são continuações de
franquias longevas ou pertencem a algum universo compartilhado, é um alívio
enorme assistir um filme-pipoca que não te cobra o “dever de casa” de ter
acompanhado meia dúzia de outros filmes, séries e spin-offs para conseguir minimamente se situar na narrativa. É bom
ver que Hollywood ainda sabe fazer filmes que você pode simplesmente sentar e
se divertir.
Papai Noel em perigo
A trama é centrada em Cal (Dwayne
“The Rock” Johnson), o guarda-costas pessoal do Papai Noel (J.K Simmons). Ele
está prestes a se aposentar por estar descrente com a humanidade, cuja lista de
pessoas malvadas já superou a de pessoas boazinhas. No seu último dia de
trabalho, Noel é sequestrado e a única pista é o hacker que ajudou os
sequestradores a encontrarem a fábrica do Papai Noel. Assim, Jack (Chris
Evans), que nunca acreditou em Papai Noel, é arrastado por Cal para descobrir o
paradeiro do bom velhinho.
De certa forma é uma trama bem
esquemática. Uma dupla de personalidades opostas, com Cal sendo o sisudo focado
na missão enquanto Jack é um malandro que tenta resolver tudo na lábia e sempre
busca tirar vantagem. É claro que ao longo da trama eles irão aprender algo um
com o outro e Jack, que está na lista dos malcriados desde criança, vai
aprender a ser bonzinho e se reaproximar do filho com quem tem pouco contato. É
previsível, mas funciona pelo carisma do elenco.
Chris Evans é bem divertido
fazendo um canalha de bom coração que aos poucos aprende a importância de
formar laços com outras pessoas enquanto Johnson funciona como o contraponto
mais sério à personalidade escorregadia de Jack. Evans inclusive encontra
momentos de emoção genuína nas conversas entre Jack e o filho durante o clímax.
J.K Simmons traz a Noel uma presença que é simultaneamente marcante e humilde.
É um sujeito que demonstra um grande poder, mas uma medida similar de
benevolência e afeto.
Universo fantasioso
A produção é criativa na
construção de seu universo em que seres mitológicos vivem ocultos em meio ao
nosso mundo, com uma agência secreta que mantem a paz entre seres lideradas
pela expediente Zoe (Lucy Liu). Cal, por exemplo, consegue se mover rapidamente
para qualquer lugar do mundo usando uma rede de portais que são acessados em
qualquer loja de brinquedos e uma manopla que pode transformar qualquer
brinquedo em um objeto real, como transformar um carrinho em miniatura em um
carro de verdade. Sim, esses momentos muitas vezes servem de publicidade para
algumas marcas de brinquedos, mas não deixam de gerar alguns momentos
divertidos.
O filme também acerta nas cenas
de ação e como usa diferentes criaturas de histórias natalinas, como os bonecos
de neve que congelam tudo em que tocam e servem de capangas para a vilã ou o
modo como Cal altera entre sua forma humana e sua forma de elfo enquanto luta usando
a variação de tamanho ao seu favor como se fosse o Homem-Formiga. O fato de boa
parte dessas criaturas serem feitas usando próteses e maquiagem ajuda a tornar
tudo mais crível e a dar um senso de materialidade a esse universo, como no
segmento em que Cal e Jack invadem o lar do Krampus (Kristofer Hivju), o irmão
maligno do Papai Noel, e todas as criaturas ali são primordialmente fruto de
efeitos práticos.
Inclusive nos momentos em que o
filme recorre a criaturas completamente digitais chega a ser difícil não sentir
algum estranhamento, já que elas não parecem pertencer ao mesmo universo que o
resto dos personagens, Alguns, como o urso polar Garcia, são convincentes, mas
outros nem tanto. O melhor exemplo disso é quando a bruxa Gryla (Kiernan Shipka,
de O Mundo Sombrio de Sabrina) assume
sua forma monstruosa durante o clímax e o resultado parece mais um design rejeitado para chefão de Dark Souls.
O texto ocasionalmente apresenta
algumas incongruências. Um exemplo é o fato de Cal trabalhar há séculos
protegendo o Noel e agindo como um guarda-costas pró-ativo e diligente, mas
quando é conveniente para o roteiro ele desconhece completamente como lidar com
determinadas criaturas embora ele se comporte como se já tivesse enfrentado
esses seres antes.
Mesmo com uma trama previsível, Operação Natal diverte pelo elenco
carismático e pelo universo criativo que mistura fantasia e realidade.
Hoje na coluna Drops, dedicada a
textos mais curtos, vou falar sobre dois filmes que acabei deixando passar
quando foram exibidos nos cinemas, Transformers:
O Início e Hellboy e o Homem Torto,
dois filmes que funcionam como recomeços para seus respectivos personagens.
Aventura “padrão Marvel”
Transformers: O Início acompanha a história de dois mineradores,
Orion Pax (Chris Hemsworth) e D-16 (Bryan Tyree Henry, de Atlanta) antes que eles se tornem os lendários Optimus Prime e
Megatron respectivamente. A trama mostra uma Cybertron arruinada, que depende
da constante mineração de energon para sobreviver enquanto o líder, Sentinel
Prime busca a mítica matriz da liderança para resolver o problema de energia do
planeta.
Desde o início incomoda como o
filme se apoia no expediente de ter seus personagens trocando piadinhas ou
diálogos engraçadinhos o tempo todo, muitas vezes comentando a própria trama,
como se esse tipo de humor “padrão Marvel” fosse um substituto para personagens
sem personalidade ou para uma trama mal escrita (tentar rir de um roteiro ruim
não é por si só engraçado). Isso é principalmente evidente em B-127 (que virará
o Bumblebee), cujo falatório constante é mais constrangedor e irritante do que
engraçado, e em Elita-1 (Scarlett Johansson), que é reduzida à “a garota”, se
limitando a reagir exasperada às ações dos demais personagens de maneira tão
clichê que imaginei que em algum momento ela fosse jogar os braços para cima e
dizer “ah, homens” aborrecida.
Essa terceira temporada de The Legend of Vox Machina tem um clima
de apoteose considerando que ela marca o confronto derradeiro entre os
aventureiros da Vox Machina e o conclave de dragões liderado pelo poderoso
dragão vermelho Thordak. É um conflito que foi construído ao longo das duas temporadas anteriores e cuja execução aqui não decepciona.
Masmorras e dragões
Mesmo depois de coletarem os Vestígios na segunda temporada, o grupo ainda não é páreo para Thordak. Eles
são abordados por Raishan, antiga aliada de Thordak, que propõe uma aliança com
eles, já que ela quer se vingar do dragão por ter se recusado a ajudá-la a
eliminar uma maldição que a estava matando aos poucos. Mesmo relutantes, a
equipe aceita o acordo e parte em busca de uma armadura que pode absorver o
poder de Thordak. A missão se torna mais urgente com a descoberta que o dragão
está chocando centenas de ovos que estão prestes a eclodir para liberar novos
dragões contra o reino.
Apesar de ter adorado a vilã
afrontosa vivida por Kathryn Hahn em Wandavision,
confesso que não estava muito empolgado para a minissérie Agatha Desde Sempre. Primeiro porque não sabia se a personagem
tinha estofo suficiente para sustentar uma série sozinha. Segundo porque a produção
teve tantas atribulações, sendo reescrita, adiada e sofrendo alterações de
título tantas vezes que temi que o resultado fosse uma bagunça incoerente. Felizmente
a série é melhor do que eu esperava.
Algo oculto e impuro
A trama reencontra Agatha (Kathryn
Hahn) ainda presa na vida ilusória que Wanda (Elizabeth Olsen) criou para ela
no final de Wandavision. Ela é
libertada graças à intervenção de um misterioso jovem (Joe Locke) que deseja a
ajuda de Agatha para adentrar o mítico Caminho das Bruxas e alcançar o poder
dado a quem supera seus desafios. Agatha vê no garoto uma oportunidade de
recuperar seu poder, montando um novo coven de bruxas de quem poderá extrair
poder.
Não esperava nada da animação Robô Selvagem e me surpreendi com sua
narrativa singela e emocionante sobre cuidado, cooperação e maternidade. A
trama é focada na robô Roz (voz de Lupita Nyong’o), que depois de uma
tempestade vai parar em uma ilha habitada apenas por animais. Lá ela acaba
acolhendo um bebê ganso órfão, a quem chama de Bico-Bonito, e toma para si a
tarefa de criá-lo e prepará-lo para voar até o momento da migração de inverno,
contando com a ajuda da raposa Escobar (voz de Pedro Pascal) para educar a
pequena ave.
Estrelado por Halle Berry e Mark
Wahlberg, A Liga é uma mistura de
comédia romântica e filme de ação que não empolga em nenhuma das duas frentes.
Roxanne (Halle Berry) é uma espiã que trabalha para a agência secreta conhecida
como A Liga, quando uma missão da errado e toda a equipe dela é morta, a agente
decide pedir ajuda a alguém de fora, seu ex-namorado de tempos de colégio: Mike
(Mark Wahlberg). Ele é um operário de meia idade que mora com a mãe e continua
no mesmo emprego com a mesma vida e é recrutado por Roxanne para recuperar uma
lista com os dados de todos os agentes infiltrados de todas as agências de
inteligência do mundo antes que a lista caia em mãos erradas.
Depois de uma primeira temporada que demorava a desenhar seus principais conflitos e que funcionava como um
grande prólogo de uma narrativa que estava por vir, a segunda temporada de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder
entrega uma narrativa mais concisa e focada do que seu ano de estreia. Se o
primeiro ano demorou a encontrar um rumo, esta temporada já parece saber desde
o início qual será seu foco.
Se na temporada anterior tudo
girava em torno da possibilidade de Sauron (Charlie Vickers) estar vivo, aqui a
temporada foca justamente no vilão e como ele manipula todos à sua volta, em
especial o artesão élfico Celebrimbor (Charles Edwards). Os três anéis élficos
forjados no final do primeiro ano foram realizados sem a influência de Sauron e
agora o vilão quer estar perto de Celebrimbor conforme o convence a forjar anéis
de poder para os anões e homens, inserindo suas trevas nos artefatos. Ao mesmo
tempo, Galadriel (Morfydd Clark) tenta convencer o rei Gil-Galad (Benjamin
Walker) e Elrond (Robert Aramayo) da presença de Sauron entre eles e de como os
anéis élficos podem ser importantes para a batalha que virá. O Estranho (Daniel
Weyman) segue em sua peregrinação para leste ao lado de Nori (Markella
Kavenagh) enquanto Míriel (Cynthia Addai-Robinson) e Elendil (Lloyd Owen)
retornam para Numenor apenas para se verem sob a suspeita dos opositores
liderados por Pharazon (Trystan Gravelle).
Quando escrevi sobre o péssimo Mentes Sombriasnos idos de 2018 e o
fraco Máquinas Mortaisem 2019
mencionei como eles chegaram atrasados para a festa das adaptações de romances
jovens distópicos, estreando em um momento em que todo mundo já estava cansado
dos clichês desse tipo de história e com tramas que não faziam muito mais do
que repetir tropos desgastados. Pois é com surpresa ver que Hollywood ainda
insiste neste gênero que ninguém mais quer com este Feios. Produzido pela Netflix, é mais uma adaptação de uma série de
romances sobre distopias protagonizadas por adolescentes e, como era de se
esperar, é muito, muito ruim.
Filmes-catástrofe não fazem muito
meu estilo e não morro de amores pelo primeiro Twister (1996), então não fiquei exatamente empolgado com o anúncio
desse Twisters. Parecia só mais uma
dessas continuações tardias que existe para capitalizar em cima da nostalgia do
espectador. Talvez por isso eu tenha ficado surpreso com o fato de que o filme
se concentra mais em seus novos personagens sem se preocupar muito com
referências ao original.
Novos rostos
A trama é protagonizada por Kate
(Daisy Edgar-Jones), meteorologista que desenvolve um protótipo que pode
dissipar tornados. As coisas dão errado durante o teste e quase toda sua equipe
morre. Anos depois, ela trabalha em Nova Iorque quando o antigo colega, Javi
(Anthony Ramos), a procura para uma nova caçada a tornados. Javi está
trabalhando para o empreendedor Scott (David Corenswet), que financia sua
pesquisa de escaneamento de tornados. Com esse mapeamento, Kate poderia
aperfeiçoar seu protótipo e, assim, ela aceita participar da empreitada.
Chegando no interior do país, a equipe de Kate esbarra no grupo de youtubers
liderado por Tyler (Glen Powell), cuja postura é bem menos profissional que a
equipe de cientistas da qual Kate faz parte.
Depois que Sailor Moon: Eternaladaptou o quarto arco do mangá em dois filmes,
a saga de Usagi e suas aliadas iniciada em Sailor
Moon Crystal chega ao fim neste Sailor
Moon: Cosmos, que adapta o arco final do mangá. Como na história anterior,
o anime produzido pela Netflix vem no formato de dois filmes.
A Lenda da Luz da Lua
A história inicia com Usagi e as
demais voltando ao seu cotidiano de estudantes, mas essa paz é logo
interrompida pela chegada das misteriosas Sailor Starlights, guerreiras de
outro planeta que vieram à Terra um busca de sua princesa, e também da poderosa
vilã Sailor Galaxia, que está em busca dos Sailor Crystals que Usagi e as
outras carregam consigo.
De
certa forma The Umbrella Academytem
um problema similar ao de Game of Thrones
por adaptar uma história que não foi concluída em seu meio original,
ultrapassar a trama do material original e ter que construir um fim apenas com
apontamentos gerais dos criadores a respeito da direção em que querem levar a
narrativa. A terceira temporada da série já dava sinais de cansaço e agora este
quarto e último ano tropeça em uma conclusão que carece de impacto ao mesmo
tempo em que apenas repete ideias de tramas anteriores.
Apocalipse? Now?
A
temporada continua no ponto em que a anterior parou, com os Hargreeves indo
parar em uma nova linha do tempo em que eles não tem super poderes. Anos se
passam e eles se resignam a viver como pessoas comuns até que Cinco (Aidan
Gallagher), que agora trabalha para a CIA, descobre uma nova ameaça nos Guardiões.
Liderados pelos excêntricos Gene (Nick Offerman) e Jean (Megan Mulally, esposa
de Offerman na vida real), o grupo reúne pessoas com memórias das outras linhas
temporais criadas pelas ações dos Hargreeves e que se ressentem pela vida que
levam na realidade atual, tentando reverter a situação ao organizar um evento
cataclísmico que ira destruir a linha do tempo. Sim, mais uma vez os irmãos
precisam correr contra o tempo para impedir um iminente fim do mundo, que
original.
Lançada em 1992 Batman: A Série Animada, produzida por
Bruce Timm, redefiniu as histórias do Batman ao inserir novos personagens, como
a Arlequina, e repensar a mitologia de vários de seus vilões, como o Sr. Frio,
lhes dando mais complexidade. A série também é importante por ter originado
todo um universo animado, sendo seguida por Superman:
A Série Animada, Liga da Justiça e
Liga da Justiça Sem Limites. Todo
esse conjunto é, talvez, uma das melhores adaptações do universo DC para o
audiovisual, então recebi com empolgação a notícia que Timm voltaria a produzir
uma série animada do Batman neste Batman:
Cruzado Encapuzado, que ainda conta com o veterano dos quadrinhos Ed
Brubaker como roteirista.
Considerando que Planeta dos Macacos: A Guerra(2017) deu
um encerramento digno à trilogia prelúdio iniciada com Planeta dos Macacos: A Origem (2011), não via muito sentido em
continuar seguindo na cronologia e não estava particularmente empolgado para
este Planeta dos Macacos: O Reinado.
O resultado não é dos piores da franquia, embora também não esteja entre os
melhores.
A trama se passa anos depois da
morte de Cesar, com os símios dominando o planeta e os humanos cada vez menos
numerosos. Noa (Owen Teague) é um jovem símio de um clã remoto que é atacado
pelos símios agressivos que servem a Proximus Cesar (Kevin Durand). Agora Noa
precisa se aventurar fora de seu vale remoto para resgatar a família. No
caminho ele aprende mais sobre o atual estado do mundo e como as coisas se
tornaram assim, ele conhece Raka (Peter Macon), um seguidor dos valores do
falecido Cesar, e a humana Mae (Freya Allan, a Ciri de The Witcher).
Nos últimos anos tivemos boas
adaptações de games como The Last of Us(2023)
ou Fallout, então é de se esperar que
Hollywood tente explorar esse filão, principalmente em um contexto de desgaste
de filmes de super-heróis. Borderlands
adapta o game de mesmo nome da desenvolvedora Gearbox e, ao contrário dos
exemplos citados, é mais um filme ruim baseado em games.
Problemas na produção
O longa teve uma produção
turbulenta, com atrasos, material sendo reescrito (Craig Mazin, de Chernobyle The Last Of Us escreveu uma primeira versão do roteiro e pediu para ter seu nome removido dos créditos quando as mudanças se afastaram de sua visão inicial) e posteriores refilmagens que
não contaram com a presença do diretor Eli Roth. É o tipo de coisa que já não
dá muita esperança que o resultado vá ser ruim e entrei para assistir esperando
algo que sequer conseguisse fazer o mínimo de sentido em sua trama. Os problemas
do filme não chegam a tanto, ao menos ele conta uma história com começo, meio e
fim, o que é o mínimo a se esperar.
O ano de estreia de Minhas Aventuras Com o Superman acertava
na construção de um Superman mais esperançoso, benevolente e conectado à sua
humanidade. Esse segundo ano continua isso e expande o universo com novos
personagens.
Depois de salvar Metrópolis do
Parasita o Superman conta com aprovação de boa parte do público, embora Amanda
Waller ainda o trate como ameaça, principalmente depois da visão de uma frota
kryptoniana se aproximando. Clark tenta descobrir mais sobre seu passado
enquanto Lois se esforça para se reaproximar do pai e Waller cruza ainda mais
limites éticos para conseguir meios de enfrentar o Superman, buscando inclusive
ajuda do gênio tecnológico Lex Luthor.
A temporada explora o senso de
solidão de Clark por ser o único de sua espécie e a dificuldade dele em lidar
com o legado kryptoniano que parece ser o de um império expansionista. Esse
senso de isolamento desperta inseguranças em Lois de que ela talvez seja banal
demais ou não seja o suficiente para alguém tão extraordinário quanto Clark.
Jimmy, por outro lado, só vai ter algum arco próprio quando Kara chega na
cidade e ele se torna a principal conexão dela com a humanidade, mostrando o
lado positivo do nosso planeta para a prima do Superman, que parece ter vindo
para nos dominar.
A ideia de uma série de Star Wars
que se passasse no período da chamada Alta República, séculos antes dos eventos
das três trilogias, poderia ser uma chance de fazer algo com mais liberdade,
sem um cânone tão amplo para limitar escolhas. The Acolyte até apresenta boas ideias, ampliando algumas noções
apresentadas na trilogia prelúdio e na trilogia sequência sobre como a soberba
dos jedi é parcialmente responsável pelo retorno dos Sith. O problema da série
está na execução, com personagens inconsistentes, dramaturgia problemática e
ritmo descompassado. Aviso que o texto contem SPOILERS.
A trama se passa cerca de cem
anos antes de A Ameaça Fantasma
(1999). Ela segue o mestre jedi Sol (Lee Jung-Jae) que investiga as mortes de outros
jedi ao redor da galáxia. Os jedi mortos parecem ter relação com um incidente
no qual Sol se envolveu anos atrás e com Osha (Amandla Stenberg), uma antiga padawan
de Sol que deixou a ordem. Sol, porém, descobre que quem está por trás de tudo
não Osha, mas Mae (Amandla Stenberg), irmã gêmea de Osha que todos acreditavam
estar morta. Apresentando poderosas habilidades da Força, Sol logo desconfia
que Mae possa ter sido treinada por alguém com domínio do lado sombrio e que
algum propósito nefasto está em ação na galáxia.
Quando escrevi sobre Meu Malvado Favorito 3(2017) mencionei como o filme deixava evidente o
desgaste criativo da franquia, se limitando a encadear uma série de gags
cômicas de modo aleatório e episódico sem uma trama que ajudasse a nos manter
investidos em todo o caos. Este Meu
Malvado Favorito 4 segue o mesmo caminho, partindo de um fiapo narrativo
para jogar um monte de situações cômicas a esmo, sendo que uma parcela não
funciona como deveria.
Gru (Leandro Hassum) se vê ameaçado pelo antigo inimigo
Maxime Le Mal, que fugiu da prisão e jura se vingar de Gru e de sua família.
Agora ele, a esposa, Lucy (Maria Clara Gueiros), e as filhas se mudam para uma
pequena cidade, recebendo novas identidades. Ao mesmo tempo, os minions são
levados para o QG da Liga Antivilões para serem treinados como agentes, o que
logicamente dá muito errado e gera muitas confusões.
Depois de uma boa primeira temporada e uma segunda temporada morna, que se perdia em um ritmo arrastado e em vários núcleos de personagem, a
terceira e última temporada de Sweet
Tooth tenta corrigir os problemas do ano anterior e dar um final digno à
série. É um esforço que em geral é bem sucedido.
A narrativa começa no ponto em que o ano anterior parou, com
Gus (Christian Convery), Jepp (Nonso Anozie), Becky (Stefania LaVie Owen) e Wendy
(Naledi Murray) tentando chegar ao Alasca para encontrar Birdie (Amy Seimetz),
a mãe de Gus, e uma possível cura para o Flagelo que aflige a humanidade. Gus e
seus amigos, no entanto, não são os únicos a buscarem a origem do Flagelo, já
que Zhang (Rosalind Chao), a última líder de facção a sobreviver aos eventos da
segunda temporada, busca a origem do vírus não apenas em busca da cura, mas
também de um meio de eliminar os híbridos e fazer humanos voltarem a nascer.