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terça-feira, 18 de março de 2025

Crítica – Milton Bituca Nascimento

Análise Crítica – Milton Bituca Nascimento

Review – Milton Bituca Nascimento
Fui assistir Milton Bituca Nascimento achando que seria um documentário sobre os bastidores de sua última turnê. Não deixa de ser sobre isso, mas a produção aproveita o gancho de ser uma turnê de despedida do músico para refletir sobre seu legado artístico, sobre o que torna Milton um artista tão diferenciado e as inspirações de sua arte. O resultado é um mergulho mais abrangente e compreensivo da arte de seu objeto do que se ele se limitasse a apenas acompanhar bastidores da turnê, ainda que seja um documentário bem típico em sua estrutura.

Caçador de mim

Narrado por Fernanda Montenegro, o filme analisa a trajetória do cantor e seu impacto, mostrando como ela repercute tanto no Brasil quanto no resto do mundo. Há uma qualidade poética no texto da narração que tenta dar conta da força sensorial e emotiva da força de Milton, mas o texto é também bastante didático em explicar os aspectos mais técnicos e musicológicos do que torna sua música tão diferenciada. Nesse sentido, a narração de Fernanda Montenegro consegue dar a medida da capacidade expressiva da arte de Milton, de sua complexidade e de fazer a audiência entender como é feita essa música.

quarta-feira, 12 de março de 2025

Crítica – Amizade

 

Análise Crítica – Amizade

Review – Amizade
Dirigido por Cao Guimarães, o documentário Amizade funciona como um filme-ensaio mesclando imagens de arquivo e narrações para construir um senso de que acompanhamos o fluxo de consciência do realizador enquanto ele reflete sobre amizade e conexões afetivas.

Alma que mora em dois corpos

O ponto de partida do filme é a mudança do diretor para o Uruguai e durante a viagem ele capta imagens de um dos amigos que o ajuda na mudança. Em seu novo lar ele examina imagens antigas, registradas em diferentes mídias, para refletir sobre o papel da amizade em sua vida. A narração do diretor ajuda a dar unidade a esses fragmentos de memória plasmados em imagem nos mostrando essas cenas de interação entre ele e as pessoas próximas para refletir como essas conexões e afetos são importantes em sua vida. Sem a narração essas imagens bastante pessoais e descontextualizadas, que provavelmente não significariam nada para alguém que não está inserido nesse círculo de amizade.

terça-feira, 11 de março de 2025

Crítica – O Melhor Amigo

 

Análise Crítica – O Melhor Amigo

Review – O Melhor Amigo
Dirigido por Allan Deberton, do ótimo Pacarrete (2019), O Melhor Amigo é uma comédia romântica musical com um inesperado clima de nostalgia. É uma trama sobre encontros e desencontros amorosos que se vale dos números musicais para fins de humor e criar um clima de excentricidade.

Romance difuso

A narrativa acompanha Lucas (Vinícius Teixeira) que vai sozinho em uma viagem de férias para a praia de Canoa Quebrada depois de uma crise com o namorado, Martin (Léo Bahia). Lá ele reencontra um antigo colega de faculdade, Felipe (Gabriel Fuentes), que trabalha como guia no local. Os dois se reconectam, trazendo desejos antigos à tona.

segunda-feira, 3 de março de 2025

Conheçam os vencedores do Oscar 2025

 

Conheçam os vencedores do Oscar 2025

A cerimônia do Oscar foi realizada ontem, dois de março, e foi uma noite histórica para o Brasil, com Ainda Estou Aqui vencendo como melhor filme internacional, levando o primeiro Oscar para o cinema brasileiro. Infelizmente Fernanda Torres não levou o prêmio de melhor atriz, que ficou com Mikey Madison de Anora. O filme de Sean Baker, por sinal, foi o maior vencedor da noite, com cinco prêmios e Baker se tornou a primeira pessoa a vencer quatro Oscars numa mesma noite com o mesmo filme. Apesar de treze indicações Emilia Perez levou apenas dois prêmios, com o filme perdendo força durante a campanha por conta de declarações problemáticas de pessoas envolvidas com o filme. Confiram abaixo a lista completa dos indicados e dos vencedores.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Rapsódias Revisitadas – Bye Bye Brasil

 

Análise – Bye Bye Brasil

Resenha Crítica – Bye Bye Brasil
Dirigido por Cacá Diegues e lançado em 1979, já próximo ao final da ditadura militar brasileira, Bye Bye Brasil é uma reflexão sobre esse período da história do país e das consequências dele em nossa sociedade. É um filme sobre conhecer o Brasil, suas transformações, imposições, sonhos e distopias. Em ver como é possível construir um país em meio a tudo que aconteceu, acontece e, de certa forma, continua a acontecer mesmo nos dias de hoje.

Turnê itinerante

A narrativa acompanha uma trupe de artistas ambulantes que viaja pelo interior do Brasil, a Caravana Rolidei. Ela é liderada pelo Lorde Cigano (José Wilker) e composta pela dançarina Salomé (Betty Faria) e pelo homem forte Andorinha (Príncipe Nabor). Eventualmente o sanfoneiro Ciço (Fábio Jr.) e sua esposa grávida Dasdô (Zaira Zambelli) se juntam à trupe. Conforme viajam o grupo tem dificuldade de conseguir público para seus shows, já que mesmo os menores rincões agora tem ao menos uma televisão que serve de entretenimento para o público e os distrai do circo. Cigano, no entanto, adquire esperança de um novo lugar ao ouvir sobre Altamira no Pará, onde a rodovia transamazônica está sendo construída e que se tornou um lugar de grande oportunidade.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Conheçam os indicados ao Oscar 2025

 

Academy Awards Nominees 2025

Na manhã desta quinta, 23 de janeiro, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou os indicados ao Oscar 2025. Para nós, brasileiros, a melhor notícia foi Ainda Estou Aqui ter conseguido três indicações, incluindo uma indicação inédita ao prêmio de melhor filme. O filme com mais indicações foi Emilia Perez, que recebeu treze menções, seguido por O Brutalista, que recebeu dez indicações. A cerimônia do Oscar acontecerá no dia três de março, domingo de carnaval, e será apresentada por Conan O’Brien. Confiram abaixo a lista completa de indicados.

 

Melhor Filme

"Anora"

"O Brutalista"

"Um Completo Desconhecido"

"Conclave"

"Duna: Parte II"

"Emilia Pérez"

"Ainda Estou Aqui"

"Nickel Boys"

"A Substância"

"Wicked"

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Crítica – Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa

 

Análise Crítica – Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa

Review – Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa
Depois de dois filmes (Turma da Mônica: Laços e Turma da Mônica: Lições) e duas séries (Turma da Mônica: A Série e Turma da Mônica: Origens) da turminha da Rua do Limoeiro, agora é a vez do Chico Bento receber tratamento live action neste Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa.

A vida na roça

A trama acompanha Chico Bento (Isaac Amendoim) e seus amigos da Vila Abobrinha enquanto eles tentam impedir que um empresário local derrube a goiabeira do Nhô Lau (Luis Lobianco) para construir uma estrada. É uma trama simples que foca mais no lado de uma aventura pueril e na comédia do que no desenvolvimento emocional presente nos filmes da Turma da Mônica.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Drops – Passagrana

 

Crítica – Passagrana

Review – Passagrana
Ao acompanhar um grupo de malandros que tenta um assalto mirabolante, Passagrana funciona como uma versão brasileira de Onze Homens e Um Segredo. A trama é protagonizada pelo quarteto Zóinhu (Wesley Guimarães), Linguinha (Juan Queiroz), Mãodeló (Elzio Vieira) e Alãodelom (Wenry Bueno). Eles vivem de pequenos esquemas até que resolvem partir para um golpe mais ousado e roubam o carregamento de dois caminhões. O que eles não sabiam é que o carregamento pertencia ao policial corrupto Britto (Caco Ciocler), que os ameaça a cobrir seu prejuízo. Agora eles resolvem roubar um banco para devolver o dinheiro.

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Crítica – O Auto da Compadecida 2

 

Análise Crítica – O Auto da Compadecida 2

Review – O Auto da Compadecida 2
Já faz alguns anos que Hollywood vem fazendo continuações tardias de sucessos de décadas atrás. Produções que em muitos casos se resumem a um apelo a nostalgia passada, sem oferecer muito mais que isso. Agora parece que o cinema brasileiro se atentou para o potencial comercial desse tipo de continuação tardia, com O Auto da Compadecida 2 sendo o primeiro de um ciclo que já anunciou produções como Deus é Brasileiro 2 e um segundo filme da Bruna Surfistinha.

De volta ao sertão

Se passando vários anos depois do original, a narrativa tem João Grilo (Matheus Nachtergaele) voltando para Taperoá e reencontrando Chicó (Selton Mello), que transformou sua história de morte e ressurreição em uma lenda e João Grilo se tornou uma figura amada no local. Isso coloca a dupla na mira dos dois candidatos a prefeito da cidade, o coronel Ernani (Humberto Martins) e o empresário Arlindo (Eduardo Sterblich). João Grilo precisa então usar a sua esperteza para engambelar os dois e sair ileso.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Crítica – Ainda Estou Aqui

 

Análise Crítica – Ainda Estou Aqui

Review – Ainda Estou Aqui
O cinema brasileiro já produziu vários filmes sobre o período da ditadura militar, um período que nunca passamos realmente a limpo e cujas consequências da impunidade em relação aos envolvidos continua a impactar o presente do país. Ainda assim não esperava me impactar tanto por Ainda Estou Aqui do jeito que me impactei, principalmente pelo modo como o filme constrói a jornada de sua protagonista sem didatismos, sem discursos fáceis. A dureza dos seus dias e seus esforços para seguir adiante são o suficiente para comunicar a brutalidade daqueles tempos.

Luzes e sombras

A trama acompanha Eunice Paiva (Fernanda Torres), esposa do ex-deputado Rubens Paiva (Selton Mello). Quando Rubens é levado por homens do governo, Eunice busca descobrir o que aconteceu com o marido enquanto tenta manter sua casa funcionando e os cinco filhos em segurança.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Crítica – Empate

 

Análise Crítica – Empate

Review – Empate
Focado na luta do movimento seringueiro do Acre, o documentário Empate explora o passado e o presente dessa luta e da figura de Chico Mendes como principal mobilizadora desses trabalhadores em prol da proteção das matas. O filme acompanha algumas das principais vozes do movimento, praticamente todos atuaram ao lado de Mendes até ele ser assassinado, para compreender como eles se organizaram e o que vem pela frente.

Passado de luta

O filme começa com imagens de arquivo, mostrando entrevistas de Chico Mendes enquanto ele narra a situação com fazendeiros no Acre e a necessidade de evitar o desmatamento. O documentário intercala imagens de arquivo com entrevistas e imagens do presente acompanhando lideranças do movimento. É um produto de natureza mais expositiva, que visa informar o espectador sobre quem foi Chico Mendes, a pauta do movimento, suas conquistas e os problemas atuais da causa.

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Crítica – O Dia Que Te Conheci

 

Análise Crítica – O Dia Que Te Conheci

Review – O Dia Que Te Conheci
O cinema de André Novais e dos outros diretores da Filmes de Plástico é muito calcado na construção de um senso de cotidianidade. Se o drama normalmente tenta se concentrar nos grandes momentos de triunfo ou tragédia da vida comum, André e seus colegas entendem que a vida se constrói principalmente nos interlúdios entre essas duas coisas, que o grosso de nosso tempo se concentra nesse “eterno quase” de conseguirmos ou não aquilo que desejamos e neste "eterno quase" em que residem muitos de nossos momentos especiais. O Dia Que Te Conheci é um romance que se desenvolve justamente nesses momentos.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Crítica – Quando Eu Me Encontrar

 

Análise Crítica – Quando Eu Me Encontrar

Review – Quando Eu Me Encontrar
A ausência de um ente querido promove mudanças no cotidiano de todo mundo afetado por esse vazio. A produção cearense Quando Eu Me Encontrar se propõe justamente a examinar as consequências dessa ausência e como as pessoas reexaminam suas vidas diante dela.

Marcas da ausência

Na trama, a jovem Dayane vai embora de casa sem dar satisfação nenhuma à família. Sua mãe, Marluce (Luciana Souza) fica em choque com a partida repentina que a faz reexaminar sua relação com a própria mãe. Antônio (David Santos), noivo de Dayane, tenta de algum modo encontrar uma explicação para o sumiço da amada, se aproximando da melhor amiga dela, Cecília (Di Ferreira). A irmã mais nova de Dayane, Mariana (Pipa), enfrenta problemas na escola de classe média que ela frequenta como bolsista depois que uma amiga é abusada durante uma festa e elas se tornam alvos de comentários maldosos.

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Crítica – Othelo: O Grande

 

Análise Crítica – Othelo: O Grande

Review – Othelo: O Grande
Um dos atores de carreira mais longeva e marcante na dramaturgia brasileira, Grande Otelo, nome artístico de Sebastião Bernardes de Souza Prata, demorou para ter o devido reconhecimento. Parte disso se deve ao racismo da época em que ele atuou, parte por sua trajetória ser muito marcada pela comédia, um gênero muitas vezes considerado “menos artístico” ou “menos sofisticado”. O documentário Othelo: O Grande reconta a trajetória do ator, suas dificuldades, seus triunfos e seu ativismo político.

Memória audiovisual

A narrativa é toda contada através de imagens de arquivo, usando produções das quais Otelo participou e também várias entrevistas e discursos públicos que o ator deu ao longo de sua carreira. A pesquisa de arquivo é a principal força do filme trazendo imagens raras e em ótima qualidade de trabalhos antigos, como o Moleque Tião ou suas comédias para a Atlântida, que quase sempre encontramos em qualidade ruim pela internet.

A pesquisa de arquivo também é eficiente nas falas que traz do ator, com ele trazendo desde seus posicionamentos, denunciando o racismo ao longo de sua trajetória, narrando experiências com diretores renomados, como a impagável fala em que conta como foi trabalhar com Werner Herzog em Fitzcarraldo (1982), e também refletindo sobre a natureza da dramaturgia brasileira nos palcos, no cinema e na televisão. Há uma fala interessante de Grande Otelo sobre o Cinema Novo em que ele pondera que o fato do movimento nunca ter atingido as massas como almejavam seus agitadores provavelmente se relacionava com a linguagem experimental de seus filmes, mencionando como uma produção como Macunaíma (1969) teve penetração junto ao público justamente por ter uma linguagem mais próxima das comédias populares de sua época.

Otelo e o cinema brasileiro

Nesse sentido, conhecer a história de Grande Otelo é também conhecer a história do teatro e do audiovisual brasileiro, considerando a longevidade de sua trajetória e a amplitude de diretores e movimentos com os quais colaborou. Vemos o histórico de racismo na dramaturgia onde até mesmo alguém da competência de Grande Otelo tinha dificuldade em conseguir trabalho porque papéis negros eram interpretados por brancos em blackface, algo que Joel Zito Araújo também mostrou no documentário A Negação do Brasil (2001). 

Acompanhando a trajetória de Grande Otelo vemos a ascensão das chanchadas (não confundir com pornochanchadas) da Atlântida em filmes como Carnaval Atlântida (1952). Testemunhamos o surgimento de diretores como Nelson Pereira dos Santos, com quem Grande Otelo trabalhou em Rio, Zona Norte (1957) e a eclosão de vanguardas como o Cinema Novo. Vemos o surgimento e a consolidação da televisão como meio de comunicação de massa e sua difusão pelo país no trabalho de Grande Otelo em programas como A Escolinha do Professor Raimundo. Como o filme nos mostra, conhecer Grande Otelo é conhecer o desenvolvimento do audiovisual brasileiro. 

Por outro lado, o documentário se prende demais às convenções de um filme de arquivo, soando demasiadamente expositivo e convencional para uma figura que não pode ser facilmente colocada em caixinhas. Grande Otelo é uma figura complexa, multifacetada e bastante singular. O filme transmite isso nas falas e depoimentos, mas fica a impressão de que a forma, não apenas o conteúdo, poderia também ser usada para construir a complexidade do biografado. 

Mesmo nunca saindo das convenções de um documentário de arquivo, Othelo: O Grande envolve pela trajetória longeva do ator e como ela se mescla com o desenvolvimento do cinema brasileiro.

 

Nota: 6/10


Trailer

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Crítica – Estômago 2: O Poderoso Chef

 

Análise Crítica – Estômago 2: O Poderoso Chef

Review – Estômago 2: O Poderoso Chef
O primeiro Estômago (2007) divertia por sua mistura narrativa inusitada entre gastronomia, comédia e trama criminal. Era uma história bem executada, que amarrava com habilidade seus arcos narrativos e nunca senti que havia necessidade ou espaço para uma continuação. Talvez por isso vi com estranhamento o anúncio deste Estômago 2: O Poderoso Chef, que nos coloca novamente ao lado do cotidiano do protagonista como um detento e cozinheiro.

O chef agora é outro

Nonato (João Miguel) continua preso e continua cozinhando, agora não apenas para o líder de facção Etcetera (Paulo Miklos), mas para os guardas e o diretor do presídio, usando seu talento para obter mordomias. A dinâmica da prisão muda quando o misterioso italiano Dom Caroglio (Nicola Siri), chega para cumprir pena. As tensões aumentam e Nonato tenta acalmar os ânimos ao mesmo tempo em que voltamos ao passado para descobrir como o italiano passou de um ator fracassado chamado Roberto ao Dom de uma família criminosa.

terça-feira, 20 de agosto de 2024

Crítica – Motel Destino

 

Análise Crítica – Motel Destino

Review – Motel Destino
Motéis são um espaço de discrição e também de livre exercício de nossos desejos. Um lugar em somos encorajados a fazer o que queremos porque ninguém nos vê. Não é acidente, portanto, que a locação central de Motel Destino, um filme cuja história gira em torno de desejo e da necessidade de se esconder, seja um motel.

Neon Noir

A trama é protagonizada por Heraldo (Iago Xavier). Ele e o irmão trabalham para a chefe de uma facção local e são incumbidos de eliminar um rival dela. Um dia antes do assassinato, Heraldo se envolve com uma mulher que conheceu em um show e vai com ela para um motel, ele acorda no dia seguinte atrasado para o assassinato e quando chega no local combinado descobre que o irmão tentou o ataque sozinho e foi morto. Temendo a vingança da chefe e dos companheiros, Heraldo volta ao motel para se esconder e convence o casal de donos, Dayana (Nataly Rocha) e Elias (Fábio Assunção) a deixá-lo ficar lá em troca de emprego. Aos poucos, tanto Elias quanto Dayana demonstram interesse nele, com Heraldo eventualmente se envolvendo com Dayana.

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Lixo Extraordinário – Cinderela Baiana

 

Crítica – Cinderela Baiana

Review - Cinderela Baiana
Desde que comecei a Lixo Extraordinário, essa coluna dedicada a filmes lendários por sua ruindade, nos idos de 2017 sempre ouço a mesma pergunta: “e quando você vai falar sobre Cinderela Baiana?”. Talvez o mais lendário filme ruim do cinema brasileiro Cinderela Baiana foi lançado em 1998 e trazia Carla Perez interpretando uma versão ficcionalizada de si mesma e de sua trajetória de garota pobre de Salvador a estrela da dança. O filme foi um imenso fracasso no lançamento e só começou a ser visto pelas pessoas quando caiu na internet nos primeiros anos do Youtube (reza a lenda que Carla Perez teria adquirido e destruído boa parte dos VHS do filme) se tornando uma espécie de clássico cult da ruindade.

Ele foi, provavelmente, o filme que iniciou o meu masoquismo audiovisual e sem ele provavelmente nunca teria pensado em criar essa coluna. Talvez por conta disso eu tenha esperado para falar sobre ele em uma ocasião especial. Essa ocasião acabou sendo minha participação no Festival Cinderela Baiana de Cinema que ocorreu de 16 a 18 de agosto aqui em Salvador. Fui convidado pela organização do festival a falar sobre o filme, então tive que revê-lo e aproveitei para fazer por escrito minhas considerações. O que vem a seguir é menos uma análise pormenorizada do filme e mais uma tentativa de explicar como ele ganhou seu status lendário de ruindade e porque ele continua sendo discutido mesmo sendo tão ruim.

terça-feira, 6 de agosto de 2024

Crítica – Mais Pesado é o Céu

 

Análise Crítica – Mais Pesado é o Céu

Review – Mais Pesado é o Céu
O Brasil é um país profundamente desigual e Mais Pesado é o Céu conta a história de duas pessoas tentando sobreviver em meio à miséria nas áreas mais remotas do país. Não é uma narrativa de superação como outras histórias sobre a pobreza. É, sim, uma narrativa que pondera sobre as consequências de ter que estar sempre “se virando” para sobreviver e os impactos físicos ou psicológicos de se submeter a violências ou humilhações para conseguir o mínimo para se sustentar.

Antônio (Matheus Nachtergaele) está cruzando o Ceará rumo ao norte do país para encontrar um amigo que aparentemente tem um negócio de caranguejo. No caminho ele decide parar em sua antiga cidade que agora foi alagada por açude. Lá ele encontra Teresa (Ana Luiza Rios), que também foi ver as ruínas da antiga cidade e encontra um bebê abandonado no local. Agora os dois resolvem ficar juntos para ajudar a prover para o bebê.

terça-feira, 9 de julho de 2024

Rapsódias Revisitadas – Holocausto Brasileiro

 

Crítica – Holocausto Brasileiro

Review – Holocausto Brasileiro
Baseado no livro de mesmo nome de Daniela Arbex, o documentário Holocausto Brasileiro foi lançado em 2016 e narra a chocante história real do hospital psiquiátrico Colônia, localizado em Barbacena, interior de Minas Gerais. Em seus oitenta anos de funcionamento o hospital abrigou milhares de pacientes, alguns que sequer tinham problemas psiquiátricos, mas as condições desumanas do local causaram a morte de mais de sessenta mil pessoas.

Estruturado ao redor de entrevistas e imagens de arquivo, o documentário conta a história do hospital desde sua origem no início do século XX, quando foi criado como um centro terapêutico para a elite carioca, e depois quando se tornou um hospital psiquiátrico pertencente ao estado de Minas Gerais. A partir daí vemos como o local se tornou um espaço de exclusão e tormento no qual as autoridades não apenas aprisionavam pessoas com transtornos mentais severos, mas também qualquer um que não tivesse para onde ir, como crianças órfãs e pessoas em situação de rua. Todos os que estavam no hospital, independente do diagnóstico, eram tratados como pacientes psiquiátricos, recebendo uma medicação pesada e até tratamentos mais agressivos, como eletrochoques.

segunda-feira, 8 de julho de 2024

Crítica – Ninguém Sai Vivo Daqui

 

Análise Crítica – Ninguém Sai Vivo Daqui

Review – Ninguém Sai Vivo Daqui
Inspirado no livro-reportagem Holocausto Brasileiro, de Daniela Arbex (que baseou o documentário de 2016 de mesmo nome), este Ninguém Sai Vivo Daqui narra a história do hospital psiquiátrico Colônia, localizado no interior de Minas Gerais, como uma história de terror. Com mais de 60 mil internos mortos ao longo de décadas, muitos dos quais sequer sofriam de transtornos mentais, o caso se tornou um símbolo da luta antimanicomial no Brasil.

A narrativa se passa nos anos 70 e é focada em Elisa (Fernanda Marques), enviada à força para Colônia pela família depois de engravidar de um namorado e recusar o casamento arranjado com outro homem feito por seu pai. Inicialmente sem saber o motivo de estar lá, ela logo descobre que outros internos e internas do lugar tem histórias como a dela, pessoas sem histórico de doença mental que foram colocados lá por não aderirem a certas normas sociais ou por não terem nada nem ninguém para onde ir. Ao vivenciar um cotidiano de maus tratos e torturas, ela tenta encontrar um meio de fugir.