Escrito e dirigido por Mel
Brooks, Primavera para Hitler (1967)
era uma divertida comédia que satirizava a indústria do entretenimento e também
o nazismo. O sucesso rendeu uma adaptação para a Broadway como musical e depois
o musical teatral foi levado aos cinemas neste Os Produtores (um percurso similar ao de A Pequena Loja dos Horrores) que foi lançado em 2005.
Contabilidade criativa
A narrativa acompanha o
fracassado produtor de teatro Max Bialystock (Nathan Lane), longe do seu auge e
que recorre a seduzir velhinhas para continuar financiando suas peças. Quando
seu contador, Leo Bloom (Matthew Broderick), descobre ser possível embolsar
mais dinheiro com um fracasso do que com um sucesso, eles se unem para produzir
o pior musical da história de modo a sair de cartaz depois da estreia e eles
poderem fugir com o dinheiro da produção. O material escolhido é uma peça
nazista chamada Primavera para Hitler,
um musical escrito por um ex-soldado alemão, Franz Liebkind (Will Ferrell),
feito para exaltar o terceiro reich. Com um material desprezível em mãos, os
dois creem ter encontrado um fracasso certo, mas a produção acaba sendo um
sucesso, sendo recebida como uma sátira, criando problemas para os dois.
Dirigido por Allan Deberton, do
ótimo Pacarrete (2019), O Melhor Amigo é uma comédia romântica
musical com um inesperado clima de nostalgia. É uma trama sobre encontros e
desencontros amorosos que se vale dos números musicais para fins de humor e
criar um clima de excentricidade.
Romance difuso
A narrativa acompanha Lucas
(Vinícius Teixeira) que vai sozinho em uma viagem de férias para a praia de
Canoa Quebrada depois de uma crise com o namorado, Martin (Léo Bahia). Lá ele
reencontra um antigo colega de faculdade, Felipe (Gabriel Fuentes), que
trabalha como guia no local. Os dois se reconectam, trazendo desejos antigos à
tona.
Dirigido e estrelado pelo ator
Jake Johnson, Autoconfiança parte de
uma premissa inusitada para tentar refletir sobre solidão e conexões humanas. A
trama é protagonizada por Tommy (Jake Johnson), um homem que se isolou depois
do término de um longo relacionamento. Um dia ele é abordado pelo ator Andy
Samberg (interpretando a si mesmo) na rua e é convidado a participar de um
estranho reality show da deep web: ele precisa sobreviver por 30
dias sendo caçado por outros participantes, se conseguir receberá um milhão de
dólares. Tommy decide aceitar se apoiando na regra de que ninguém pode tentar
matá-lo se ele estiver próximo de outra pessoa, uma norma feita para evitar que
não participantes se firam, mas isso não é tão fácil como ele pensa.
A presa menos perigosa
Todo o começo com Tommy sendo
levado por Samberg em uma limusine até o galpão em que dois nórdicos
excêntricos lhe explicam as regras dá a entender que tudo será uma aventura
aloprada, mas a verdade é que a trama carece desse senso de maluquice que os
primeiros minutos imprimem na narrativa. Eu entendo que a prioridade de Johnson
é esse lado mais introspectivo, de ruminar sobre conexões interpessoais, mas
para que a mudança de atitude de Tommy tenha credibilidade precisamos sentir
que ele está nessa situação de vida ou morte que o obriga a repensar suas
prioridades.
Há um senso comum de que
distopias falam sobre o futuro, alertas de possibilidades trágicas ou horrendas
para a humanidade. A verdade, no entanto, é que distopias são sobre o agora,
sobre algo que já está acontecendo em nosso mundo. Pensei muito nisso enquanto
assistia Mickey 17, novo filme de
Bong Joon Ho depois de seu excelente Parasita(2019).
Mão de obra descartável
A narrativa acompanha Mickey
(Robert Pattinson), um trabalhador a bordo da espaçonave destinada a colonizar
o remoto planeta gelado Niflheim. Mickey, porém difere de outros trabalhadores
do local por um Descartável. Sua função é realizar trabalhos com claro risco de
morte porque se ele morrer pode ser clonado novamente carregando as mesmas
memórias de seu antecessor. Depois de sobreviver a uma queda que o mataria,
Mickey retorna ao seu quarto para descobrir que um novo Mickey foi feito por
acreditarem que ele estaria morto.
Estrelado por Will Ferrell e
Reese Whiterspoon, Casamentos Cruzados é
uma daquelas comédias românticas que não arrisca muito além dos lugares comuns
do gênero. A narrativa acompanha duas famílias que acidentalmente tiveram
casamentos marcados para o mesmo dia em uma bucólica e pequena ilha. Jim (Will
Ferrell) é um pai viúvo que vai organizar o casamento de sua única filha, Jenni
(Geraldine Viswanathan), enquanto que Margot (Reese Whiterspoon) é uma
obstinada produtora de tv que fica responsável pelo casamento de sua irmã, Neve
(Meredith Hagner).
Dirigido por Jesse Eisenberg, A Verdeira Dor é uma meditação sobre
como lidamos com o sofrimento, passado ou presente, seja ele de natureza
pessoal ou coletiva. No coração desse conflito há uma dinâmica familiar cujas
tensões borbulham abaixo da superfície conforme os dois protagonistas viajam
pela Europa.
Tensões em família
A narrativa acompanha os primos
David (Jesse Eisenberg) e Benji (Kieran Culkin) que viajam juntos em uma
excursão pela Polônia para se reconectarem com seu passado e com a memória da
falecida avó, que veio do país. Ao longo da viagem conflitos antigos começam a
emergir entre os primos e também as razões para o excêntrico Benji ter ficado
tão abalado pela morte da avó.
Divulgado como o retorno de
Cameron Diaz depois de onze anos longe das telas, De Volta à Ação mostra que Diaz ainda tem carisma para sustentar um
blockbuster de ação. Infelizmente,
Diaz e sua co-estrela Jamie Foxx são desperdiçados em uma produção genérica,
daquelas que a gente começa a esquecer assim que os créditos sobem.
Retorno em não tão grande estilo
A narrativa é protagonizada pelo
casal de espiões Emily (Cameron Diaz) e Matt (Jamie Foxx). Depois que uma
missão dá errado e Emily descobre estar grávida eles aproveitam para forjarem
as próprias mortes e desaparecer. Quinze anos depois eles levam uma típica vida
suburbana com seus dois filhos até que um incidente faz seus disfarces serem
revelados. Agora a família é alvo de criminosos que buscam o item que a dupla
escondeu em sua última missão como espiões.
Os filmes do diretor Sean Baker
costumam focar em pessoas que vivem nas margens, tentam desesperadamente
alcançar algum sonho apenas para perceberem que nunca estiveram perto de
conseguir o que desejavam ou ver o sonho se dissolver diante de si. Anora tem muito disso, embora exiba uma
trama mais focada ao invés dos personagens errantes de Projeto Flórida(2017)ou
Red Rocket(2021), ao acompanhar uma
personagem cuja mudança de vida toma uma guinada inesperada. É uma trama
tributária a Noites de Cabíria (1957),
de Federico Fellini, e também de comédias românticas como Uma Linda Mulher (1990), a qual subverte com gosto, embora nunca se
torne derivativa pelo modo como Baker imprime sua personalidade no material.
A trama acompanha Chico Bento
(Isaac Amendoim) e seus amigos da Vila Abobrinha enquanto eles tentam impedir
que um empresário local derrube a goiabeira do Nhô Lau (Luis Lobianco) para
construir uma estrada. É uma trama simples que foca mais no lado de uma
aventura pueril e na comédia do que no desenvolvimento emocional presente nos
filmes da Turma da Mônica.
Ao acompanhar um grupo de
malandros que tenta um assalto mirabolante, Passagrana
funciona como uma versão brasileira de Onze
Homens e Um Segredo. A trama é protagonizada pelo quarteto Zóinhu (Wesley
Guimarães), Linguinha (Juan Queiroz), Mãodeló (Elzio Vieira) e Alãodelom (Wenry
Bueno). Eles vivem de pequenos esquemas até que resolvem partir para um golpe
mais ousado e roubam o carregamento de dois caminhões. O que eles não sabiam é
que o carregamento pertencia ao policial corrupto Britto (Caco Ciocler), que os
ameaça a cobrir seu prejuízo. Agora eles resolvem roubar um banco para devolver
o dinheiro.
Depois da recepção negativa de
sua tentativa de continuar o universo de O
Exorcista, o diretor David Gordon Green retorna a comédia com o natalino Os Quebra-Nozes. Mike (Ben Stiller) é um
corretor de imóveis que precisa ir a uma pequena cidade no interior depois do
falecimento de sua irmã e cunhado. Ele não tem qualquer interesse em ficar com
a guarda dos quatro sobrinhos e tenta deixá-los com uma assistente social para
que ela consiga uma família adotiva. O problema é que as crianças são
extremamente travessas e ninguém quer ficar com elas. A contragosto, Mike fica
na cidade enquanto tenta encontrar uma nova família para os sobrinhos.
Natal em família
Obviamente esse corretor que só
pensa em trabalho e ganhar dinheiro irá se conectar com os sobrinhos e aprender
a importância da família. Tudo é relativamente previsível, seguindo exatamente
aquilo que se espera de uma película natalina. As quatro crianças que
interpretam os sobrinhos de Mike, todas irmãs na vida real, tem uma boa química
juntas e divertem com seus esquemas caóticos ou as situações inesperadas nas
quais colocam o tio.
Já faz alguns anos que Hollywood
vem fazendo continuações tardias de sucessos de décadas atrás. Produções que em
muitos casos se resumem a um apelo a nostalgia passada, sem oferecer muito mais
que isso. Agora parece que o cinema brasileiro se atentou para o potencial
comercial desse tipo de continuação tardia, com O Auto da Compadecida 2 sendo o primeiro de um ciclo que já
anunciou produções como Deus é Brasileiro
2 e um segundo filme da Bruna Surfistinha.
De volta ao sertão
Se passando vários anos depois do
original, a narrativa tem João Grilo (Matheus Nachtergaele) voltando para
Taperoá e reencontrando Chicó (Selton Mello), que transformou sua história de
morte e ressurreição em uma lenda e João Grilo se tornou uma figura amada no
local. Isso coloca a dupla na mira dos dois candidatos a prefeito da cidade, o
coronel Ernani (Humberto Martins) e o empresário Arlindo (Eduardo Sterblich).
João Grilo precisa então usar a sua esperteza para engambelar os dois e sair
ileso.
Tem sido interessante ver as
escolhas de Sebastian Stan em seus projetos fora da Marvel como o Soldado
Invernal. Ele vem arriscando em papéis inesperados como interpretar Donald
Trump em O Aprendizou neste Um Homem Diferente em que vive um homem
desfigurado que tem a chance de mudar de rosto, mas logo vê que seu sonho de
ter uma aparência mais convencional não resolve seus problemas.
Ponto de mutação
Edward (Sebastian Stan) tem um
problema de saúde que deixa seu rosto deformado. Ele sonha em ser ator, mas não
consegue nada além de trabalhos em vídeos educativos sobre pessoas com
deformidades. Ele também não tem sorte com mulheres, tentando se aproximar sem
sucesso da vizinha Ingrid (Renate Reinsve, de A Pior Pessoa do Mundo), uma aspirante a dramaturga. Quando surge a
oportunidade de testar uma droga que pode melhorar sua deformidade, ele aceita
e para sua surpresa ele consegue uma aparência normal, forjando a própria morte
como Edward e assumindo uma nova identidade como Guy. Tempos depois ele
reencontra Ingrid e descobre que ela escreveu uma peça baseada na experiência
que teve com ele. Apesar de Ingrid buscar um ator com uma deformidade no rosto
para interpretar seu protagonista, Guy faz teste para o papel e a convence a
escalá-lo pela verdade que ele traz ao personagem.
Como seria viver a juventude com
o conhecimento e experiência de nossa versão mais velha? É essa pergunta que Meu Eu do Futuro tenta ponderar a
resposta e o resultado é um exame singelo sobre o impacto de nossas escolhas de
vida e como o tempo muda nossa perspectiva das coisas, nem sempre para melhor.
Convergência temporal
A narrativa é protagonizada por
Elliott (Maisy Stella), uma garota que aproveita suas últimas férias antes de
ir para a faculdade. Um dia ela vai acampar com as amigas Ruthie (Maddie
Ziegler) e Ro (Kerrice Brooks) e elas acabam usando cogumelos alucinógenos.
Durante a viagem nas drogas, ela encontra sua versão mais velha (Aubrey Plaza)
e pede a ela conselhos para o futuro. Seu eu do futuro a alerta que tudo irá
mudar depois que for para a faculdade, que ela deve aproveitar o tempo que tem
com os irmãos e com os pais na fazenda da família e que deve evitar se
apaixonar por um rapaz chamado Chad. No dia seguinte ela conhece um Chad (Percy
Hynes White, de Wandinha) e não
consegue entender porque a Elliott do futuro lhe disse para não se envolver com
ele.
Dirigido por Anna Muylaert,
responsável por Que Horas Ela Volta?
(2015), O Clube das Mulheres de Negócios
tenta imaginar como seria um Brasil em que as mulheres dominassem a sociedade.
É uma ideia com potencial de repensar noções de masculino e feminino, de como
muito disso é uma construção social, mas infelizmente o filme se prende a um
binarismo raso que o reduz a ser uma sátira de uma piada só.
Mundo invertido
Na trama, o renomado fotógrafo
Jongo (Luís Miranda) e o inexperiente repórter Candinho (Rafael Vitti) vão ao
famoso Clube das Mulheres de Negócios, confraria privada que abriga as mulheres
mais poderosas do país, para entrevistar as integrantes da diretoria. Jongo
está apreensivo de entrar em um ambiente de mulheres tão poderosas, mas
Candinho não se sente intimidado por ser neto da presidente do clube, a
poderosa Cesárea (Cristina Pereira).
O diretor Sean Baker sempre
demonstrou interesse por pessoas que vivem nas margens, que sobrevivem nas
fissuras, nos cantos que nosso olhar não alcança ou não se interessa muito em
chegar. Em Projeto Flórida(2017)
acompanhava o cotidiano de uma garotinha que vivia uma existência nômade por
hotéis baratos ao lado da mãe viciada. Neste Red Rocket o diretor acompanha um ator pornô fracassado que volta
para sua cidade natal na costa do Texas.
Uma vida obscena
Mike (Simon Rex) chega cheio de
hematomas à sua cidade natal e pede para ficar uns dias na casa da ex-esposa
Lexi (Bree Elrod), de quem nunca se divorciou. Ela e sua mãe, Lil (Brenda
Deiss), que vive na mesma casa, não o querem ali, mas Mike usa sua lábia para
convencê-las em troca de ajudar no aluguel. Ele tenta conseguir emprego, mas é
recusado por conta de seu passado como ator pornô. Ele acaba convencendo uma
traficante local a deixá-lo vender maconha e passa a fazer ponto em uma loja de
rosquinha vendendo para trabalhadores que passam no local durante a troca de
turnos. Ele também fica interessado pela balconista da loja, a jovem Raylee
(Suzanna Son), cujo apelido é Morango.
Depois de reunir Matt Damon e
Casey Affleck com o fraco Os Provocadores, a AppleTV volta a promover mais uma mini reunião de Onze Homens e um Segredo (2001) ao
juntar novamente Brad Pitt e George Clooney neste Lobos. Infelizmente assim como Os
Provocadores o resultado aqui é um thriller
morno
Operativos discretos
Na trama, Clooney é um mercenário
especialista em fazer desaparecer as indiscrições dos poderosos. Ele é
contratado pela promotora Margaret (Amy Ryan) depois que um jovem com quem ela
está tendo um caso aparentemente morre em seu quarto de hotel. O problema é que
os donos do hotel também contrataram seu próprio mercenário no operativo vivido
por Brad Pitt. Como os dois clientes têm seus próprios interesses a proteger,
os mercenários são obrigados a trabalharem juntos. As coisas se complicam
quando os dois encontram uma quantidade enorme de drogas na mochila do garoto
morto e precisam descobrir a quem as drogas pertencem para que os donos não
mirem em seus clientes.
Estrelado por Peter Dinklage e
Josh Brolin, Irmãos conta a história
de dois irmãos gêmeos não idênticos e criminosos que se reencontram depois anos
afastados para um último golpe. Jady (Peter Dinklage) sai da cadeia
antecipadamente ao prometer a um guarda corrupto, Farful (Brendan Fraser), dar
a ele esmeraldas que foram roubadas décadas atrás. Para recuperar as joias Jady
busca o irmão, Moke (Josh Brolin), para ajudá-lo no esquema, já que foi a mãe deles
quem roubou as esmeraldas. A questão é que Moke já abandonou a vida de crimes,
tem um emprego formal e está com a esposa, Abby (Taylour Paige, de Um Tira da Pesada 4), grávida, com o
retorno de Jady abrindo antigas feridas entre os dois.
Como em muitos outros filmes dos
irmãos Coen Garotas em Fuga apresenta
uma trama sobre pessoas comuns acidentalmente envolvidas em uma trama criminal.
Despreparadas para lidar com os eventos ao seu redor, as personagens agem de
maneira sem noção e provocam reações desproporcionais em seus perseguidores,
criando uma espécie de bola de neve crescente de burrice e caos. Dirigida por
Ethan Coen, a produção não tem nada que ele já não tenha feito antes, mas ao
menos envolve com suas personagens pitorescas.
Comédia de erros
A trama é centrada em Jamie
(Margaret Qualley), que busca um recomeço depois de terminar com a namorada,
Sukie (Beanie Feldstein), embarca em uma viagem para a Flórida ao lado de sua
amiga Marian (Geraldine Viswanathan). O problema é que o carro que elas
alugaram deveria ser entregue a um grupo de criminosos que iria transportar a
carga escondida nele até a Flórida e agora os criminosos estão no encalço das
duas.
Muito do humor vem das
personalidades opostas da dupla principal, com Jamie sendo aventureira e
disposta a qualquer maluquice enquanto Marian é mais retraída e introspectiva.
Boa parte das situações insólitas em que a dupla se coloca vem de Jamie querer
que Marian se solte e tenha uma transa espetacular com alguma garota que
encontrem na estrada, enquanto Marian prefere esperar pela garota ideal.
Universo caótico
Além das protagonistas, o filme
povoa seu universo com figuras esquisitas e histriônicas, como a dupla de
capangas no encalço de Jamie e Marian, que estão sempre discordando e
questionando o modo de agir um do outro, enquanto um quer ser mais violento o
outro tenta resolver via diálogo, um embate que terá consequências sangrentas
perto do final. Igualmente pitoresca é a agressiva policial vivida por Beanie
Feldstein que parece sempre reagir a qualquer situação com o máximo de intensidade,
que faça sentido para o momento ou não.
Esse senso de bizarrice se dá
também na própria progressão da trama, com guinadas que acontecem por conta de
coincidências ou desencontros fortuitos e revelações completamente absurdas. A
principal delas é a descoberta do que há na maleta escondida no carro de Jamie
e Marian e o motivo de um poderoso e conservador senador da Flórida
(interpretado por Matt Damon) estar tão focado em recuperá-la. De todas as
possibilidades de construir uma trama de escândalo político, o filme escolhe
pela via mais estúpida e aloprada possível. Há uma crítica aqui às hipocrisias
dessas figuras públicas que arrotam moralismo em prol da “família tradicional”,
mas são observações que nunca saem da superfície e carecem da acidez de sátiras
sociais que os Coen já fizeram em filmes como Fargo (1996), O Grande Lebowski(1998) ou Queime Depois de
Ler (2006).
Assim, Garotas em Fuga diverte pelo seu universo povoado por personagens
excêntricos, ainda que não faça nada que os Coen não tenham feito melhor em
trabalhos anteriores.
Cresci com as tirinhas do
Garfield e assistindo a série animada que passava no Cartoon Network, até
assisti os dois live action em que
Bill Murray deu voz ao gato mal humorado (o primeiro é inofensivo, o segundo é
ruim), mas mesmo o retorno à animação não me empolgou muito para este Garfield: Fora de Casa. A trama tenta
recontar o início da relação do gato Garfield (Chris Pratt) com seu dono, Jon
(Nicholas Hoult), com Garfield eventualmente sendo sequestrado e forçado a
ajudar o pai que nunca conheceu, Vic (Samuel L. Jackson), a realizar um roubo
para a perigosa gata Jinx (Hannah Waddingham) como forma de pagar um dívida.