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segunda-feira, 24 de março de 2025

Crítica – Ruptura: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – Ruptura: 2ª Temporada

Review – Ruptura: 2ª Temporada
Depois de três anos da excelente primeira temporada, Ruptura finalmente volta para seu segundo ano com uma trama que amplia os conflitos de seus personagens e aprofunda a mitologia de seu universo, explorando mais o passado da Lumon e do processo de ruptura.

Trabalho interno

Depois dos eventos do fim do primeiro ano Mark (Adam Scott) volta a trabalhar refinando macrodados na Lumon. Seu interno não sabe como voltou para lá nem o que aconteceu no mundo exterior depois que conseguiram visitá-lo, mas sabe que sua esposa ainda está viva em algum lugar na empresa e tenta encontrá-la com a ajuda dos colegas Irv (John Turturro), Dylan (Zach Cherry) e Helly (Britt Lower), por quem está apaixonado. A saída deles também impacta no modo como a Lumon lida com os funcionários que passaram por ruptura, anunciando mudanças que supostamente vão melhorar a qualidade de vida deles.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Crítica – Um Completo Desconhecido

 

Análise Crítica – Um Completo Desconhecido

Review – Um Completo Desconhecido
Um dos melhores filmes biográficos que já assisti é Não Estou Lá (2007), de Todd Haynes. É uma biografia do cantor Bob Dylan que não o cita nominalmente e não usa sua música, mas trás vários segmentos em que atores e atrizes diferentes interpretam personagens que representam as diferentes fases da carreira e da vida de Dylan. É uma obra abrangente, que nos faz entender as multidões que Dylan continha em si e tudo o que o movia. Por isso não fiquei interessando quando soube desde Um Completo Desconhecido, já que dificilmente ele estaria no mesmo patamar que o filme de Haynes.

Registro mimético

A trama segue Bob Dylan (Timothee Chalamet) desde sua chegada a Nova Iorque em 1961 até o lançamento de Like a Rolling Stone no qual ele se distancia de boa parte de seus padrinhos artísticos da música folk. É uma biografia que mais está interessada em narrar os eventos da trajetória do cantor do que realizar qualquer tipo de estudo de personagem ou chegar a um entendimento maior de quem é Dylan e o que movia a construção de sua arte, se limitando a dizer que Dylan não gostava de ficar estagnado.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Crítica – A Ordem

 

Análise Crítica – A Ordem

Review – A Ordem
Olhar para o passado pode nos permitir analisar o presente. É isso que A Ordem faz ao contar a história real da investigação do FBI que desbaratou um grupo neonazista que estava acumulando fundos para tentar fomentar um golpe de estado na década de 80. Por mais que seja uma trama sobre eventos que aconteceram há quarenta anos, o filme não deixa também de pensar em como isso impacta na contemporaneidade.

Guerras secretas

A trama se passa em 1983 e acompanha o agente do FBI Terry Husk (Jude Law), que é enviado para reestruturar um escritório do FBI no interior de Idaho. É aparentemente um posto vazio, sem muita ação, algo que Husk deseja para poder ter a chance de se reconectar com a esposa e a filha. As coisas, no entanto, não continuarão tranquilas. Um policial local, Jamie (Tye Sheridan), avisa Husk de suas suspeitas de que a onda de assaltos a banco e roubos de carro forte que assolam a região podem estar conectadas a grupos neonazistas que estão acumulando recursos para planejar alguma grande ação.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Crítica – Better Man: A História de Robbie Williams

 

Análise Crítica – Better Man: A História de Robbie Williams

Review – Better Man: A História de Robbie Williams
Conheço muito pouco da trajetória do cantor Robbie Williams, então não estava particularmente curioso para este Better Man: A História de Robbie Williams. Como foi feito com a participação direta do cantor, que inclusive interpreta a si mesmo, temi que fosse aquele tipo de biografia chapa branca que existe só para divulgar as músicas do artista e foge de polêmicas como I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston (2022). Felizmente não é esse o caso e o filme abraça as contradições e problemas de seu protagonista com uma autoanálise bem consciente que me remeteu a Rocketman (2019).

Trajetória selvagem

A trama segue a trajetória de Robbie desde sua infância, passando pelo início da fama com a boy band Take That, sua carreira solo e seus problemas pessoais com drogas, além da relação complicada que tem com o pai. Robbie interpreta a si mesmo, mas não está exatamente em cena, já que ao invés do corpo do cantor temos um macaco antropomórfico. A ideia de colocar Williams como macaco é uma tentativa de ilustrar a insegurança e senso de deslocamento do artista, que sempre se viu como um pária, alguém que não pertencia ao lugar onde estava, inseguro do próprio valor e se vendo como uma criatura mais primitiva.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Crítica – Nickel Boys

 

Análise Crítica – Nickel Boys

Review – Nickel Boys
De certa forma Nickel Boys se conecta bastante a outro filme indicado ao Oscar esse ano, o documentário Sugarcane: Sombras de um Colégio Interno (2024). Os dois falam de instituições de ensino cujo objetivo deveria ser reformar ou integrar seus internos, mas que serviram apenas de instrumento de opressão e genocídio contra membros de minorias, indígenas em Sugarcane e negros aqui. São dois filmes que lembram como os Estados Unidos tratam essas minorias como cidadãos de segunda classe cujas vidas não importam.

Olhar em perspectiva

A trama adapta o romance homônimo de Colson Whitehead e se passa na Flórida da década de 1960. Elwood (Ethan Herisse) é um promissor jovem negro que está a caminho de um programa de estudos avançados. Na viagem ele pega carona com um desconhecido que é parado pela polícia e descobre que o carro é roubado. Preso como cúmplice Elwood é enviado para o Reformatório Nickel onde conhece Turner (Brandon Wilson). Os dois se tornam amigos e tentam sobreviver à crueldade do local, no qual castigos físicos e torturas são elementos do cotidiano. O reformatório foi baseado na Escola Dozier que operou por mais de um século na Flórida com um amplo histórico de abuso.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Crítica – O Brutalista

 

Análise Crítica – O Brutalista

Review – O Brutalista
No documentário O Apocalipse de um Cineasta (1991), que narra a produção atribulada de Apocalypse Now (1979), há uma cena em que o cineasta Francis Ford Coppola diz que a pior coisa que um filme pode ser é pretensioso, ter altas pretensões para si e não alcançar esse patamar alto que o cineasta imaginou. Pensei muito nessa fala enquanto assistia a O Brutalista, novo filme de Brady Corbet (de A Infância de um Líder e Vox Lux: O Preço da Fama), já que é um filme que estabelece pretensões altíssimas para si, mas o resultado é bem menos complexo ou esperto do que o filme pensa ser, algo que já acontecia em seus dois trabalhos anteriores.

Grandeza nos pequenos começos

A narrativa é centrada em Laszlo Toth (Adrien Brody), arquiteto húngaro que chega aos Estados Unidos no final da década de 1940. De início Laszlo vai morar com o primo Attila (Alessandro Nivola), trabalhando em sua empresa de móveis, mas logo o trabalho do arquiteto desperta a atenção do ricaço Lee Van Buren (Guy Pearce), que decide contratar Laszlo para desenhar um prédio que ele fará em homenagem a sua falecida mãe. É uma obra nababesca que irá mudar a paisagem da cidade e Laszlo aceita o desafio. O problema é que Van Buren é um homem melindroso, que muda de opinião e vontade frequentemente, obrigando o protagonista a navegar pelos humores de seu patrono.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Crítica – Vinagre de Maçã

 

Análise Crítica – Vinagre de Maçã

Review – Vinagre de Maçã
Depois de Inventando Anna (2022) a Netflix traz outra minissérie baseada em uma influencer trambiqueira neste Vinagre de Maçã. A essa altura é bem possível que isso vire um subgênero em si considerando que histórias de influencers que ganharam notoriedade mentindo existem a rodo e que essas histórias são sintomas do nosso zeitgeist no qual aparentar ser ou fazer algo é mais importante do efetivamente ser ou fazer aquilo que se clama.

Charlatanismo tóxico

A narrativa conta a história real de Belle Gibson (Kaitlyn Dever), uma influencer que se tornou famosa ao criar uma marca de produtos naturais dizendo que essa mudança de alimentação a fez se curar de um câncer no cérebro. Só tem um problema nessa história, Belle não tem nem nunca teve câncer. Em paralelo acompanhamos a história da também influencer Milla Blake (Alycia Debnam-Carey, de Identidades em Jogo), que tinha um tumor no braço, mas diz ter se curado com base em uma dieta de sucos e enemas de café. Diferente de Belle, Milla (que provavelmente foi baseada na figura real de Jessica Ainscough) tem realmente câncer e é a história dela e de como ela se tornou famosa na internet na qual Belle se baseia para criar toda a sua ficção.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Crítica – A Garota da Agulha

 

Análise Crítica – A Garota da Agulha

Review – A Garota da Agulha
Levemente inspirado em uma história real, a produção polonesa A Garota da Agulha traz uma meditação sobre a ação do mal em meio à miséria e o desamparo. Não é uma trama que dá muitos respiros em relação à realidade brutal que retrata, tentando nos deixar imersos na vida perturbadora de suas personagens.

Costura social

A narrativa se passa em Copenhague no ano de 1919 sendo protagonizada por Karoline (Vic Carmen Sonne). O marido dela foi servir na guerra, mas há um ano não manda notícias, fazendo Karoline crer que ele possa ter morrido. Despejada de onde mora, ela vai parar em um quarto miserável e acaba se envolvendo com o dono da fábrica na qual trabalha. Ela engravida do patrão, mas a mãe dele o proíbe de se casar com ela e a demite. Sem perspectiva, ela tenta forçar o fim da gravidez, mas é impedida por Dagmar (Trine Dyrholm), que diz ser capaz de encontrar um lar adotivo para o bebê de Karoline. Sem trabalho, Karoline vai viver com Dagmar como ama de leite dos bebês que ela traz e se afeiçoa à filha dela, Erena (Ava Knox Martin). Aos poucos, porém, Karoline começa a suspeitar que Dagmar não está sendo sincera em relação ao que faz com os bebês que são levados a ela.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Crítica – Sing Sing

 

Análise Crítica – Sing Sing

Review – Sing Sing
Em Um Sonho de Liberdade (1994) o protagonista Andy Dufresne (Tim Robbins) fala que na prisão ou ele se ocupa para viver ou ele se ocupa para morrer. Essa frase veio na minha mente enquanto eu assistia Sing Sing, um filme que também se passa numa prisão e que gira em torno de personagens que estão buscando um meio de se manterem ocupados para buscar novos rumos em suas vidas.

O mundo é um palco

A trama é baseada na história real do programa Rehabilitation Through the Arts (Reabilitação Através das Artes) que foi implementado na prisão de Sing Sing, no estado de Nova Iorque. O programa colocava detentos para estudar teatro, escrever produzir e encenar peças na prisão com o objetivo de fazê-los lidar com suas questões emocionais e ressocializá-los. A narrativa é protagonizada pelo detento John (Colman Domingo), alguém que encontrou no teatro um meio para lidar com o cotidiano da prisão. O cotidiano do grupo de teatro muda com a chegada de um novo integrante Clarence “Divine Eye” (Clarence Maclin), cuja postura agressiva perturba a paz dos detentos que estão tentando se libertar de seus passados violentos.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Drops – Batalhão 6888

 

Crítica – Batalhão 6888

Review Crítica – Batalhão 6888
Boas intenções nem sempre são suficientes para sustentar um filme. Batalhão 6888 é mais um exemplo disso, com uma trama que faz um importante resgate historiográfico não alcançando o impacto que deveria por conta de uma série de problemas.

Correspondência história

A produção conta a história real do Batalhão 6888, único batalhão composto por mulheres negras a servir na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. A missão do batalhão era dar apoio logístico às tropas, garantindo que as correspondências entre soldados e seus familiares chegassem onde deveriam. A trama é centrada em Lena (Ebony Obsidian), que se alista no exército depois que o amado morre na guerra, e na Major Adams (Kerry Washington) que tenta liderar seu batalhão a despeito de ser constantemente subestimada pelos superiores.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Crítica – Setembro 5

 

Análise Crítica – Setembro 5

Review – Setembro 5
O sequestro de atletas da delegação israelense por um grupo de terroristas durante as Olimpíadas de 1972 em Munique, na Alemanha, não é um tema novo no cinema. Steven Spielberg já tinha explorado esse evento no competente e pouco visto Munique (2005) e agora ele é revisitado sob a ótima dos responsáveis pela transmissão do evento neste Setembro 5.

Jornalismo analógico

A trama acompanha a história real um grupo de jornalistas dos Estados Unidos em Munique fazendo a cobertura esportiva das Olimpíadas. Quando o sequestro dos atletas israelenses, os responsáveis pela transmissão, Roone (Peter Sarsgaard) e Geoffrey (John Magaro), precisam se adaptar às nuances de transmitir ao vivo um atentado terrorista.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Crítica – Casamentos Cruzados

 

Análise Crítica – Casamentos Cruzados

Review – Casamentos Cruzados
Estrelado por Will Ferrell e Reese Whiterspoon, Casamentos Cruzados é uma daquelas comédias românticas que não arrisca muito além dos lugares comuns do gênero. A narrativa acompanha duas famílias que acidentalmente tiveram casamentos marcados para o mesmo dia em uma bucólica e pequena ilha. Jim (Will Ferrell) é um pai viúvo que vai organizar o casamento de sua única filha, Jenni (Geraldine Viswanathan), enquanto que Margot (Reese Whiterspoon) é uma obstinada produtora de tv que fica responsável pelo casamento de sua irmã, Neve (Meredith Hagner).

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Crítica – Canina

 

Análise Crítica – Canina

Review – Canina
Dirigido por Marielle Heller, responsável por Poderia Me Perdoar? (2018) e Um Lindo Dia na Vizinhança (2019), Canina funciona como uma reflexão sobre como a maternidade altera a vida de uma mulher, a solidão que ela impõe e os desafios de se adequar às expectativas sociais de mãe. Nem tudo que o filme tenta fazer funciona e sua incursão no realismo fantástico não é bem aproveitada como deveria, mas não deixa de ter qualidades.

Solidão materna

A trama é centrada em uma mãe (Amy Adams) que abriu mão da carreira de artista plástica para se dedicar a cuidar do filho. Seu marido (Scoot McNairy) trabalha viajando e passa poucos dias em casa. Mesmo quando está em casa ele não contribui em nada com a criação do filho, sempre jogando a responsabilidade para a esposa. A protagonista também começa a perceber mudanças no seu corpo e sentindo como se ficasse mais animalesca.

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Crítica – Emilia Pérez

 

Análise Crítica – Emilia Pérez

Review – Emilia Pérez
A sensação de assistir Emilia Pérez é que o diretor francês Jacques Audiard, responsável pelo ótimo Ferrugem e Osso (2012), tentou fazer um filme do Almodóvar, mas sem a sensibilidade e curiosidade que o realizador espanhol tem pelos temas e personagens complicados que trata. O resultado é um filme que tinha muito potencial ao contar a história de um chefe do narcotráfico que reconstrói a vida ao realizar uma transição de gênero, mas fica na superfície por conta de um olhar distanciado e escolhas problemáticas.

Identidade em transição

A narrativa acompanha a advogada Rita (Zoe Saldaña) que é contratada pelo traficante Manitas (Karla Sofia Gascon) para tirá-lo do país em segredo para que ele faça uma cirurgia de transição de gênero e assuma uma nova identidade. Depois de quatro anos e vivendo como Emilia Pérez, ela volta a contatar Rita para que a advogada a ajude em outras questões e juntas elas iniciam uma organização filantrópica.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Crítica – A Verdadeira Dor

 

Análise Crítica – A Verdadeira Dor

Review – A Verdadeira Dor
Dirigido por Jesse Eisenberg, A Verdeira Dor é uma meditação sobre como lidamos com o sofrimento, passado ou presente, seja ele de natureza pessoal ou coletiva. No coração desse conflito há uma dinâmica familiar cujas tensões borbulham abaixo da superfície conforme os dois protagonistas viajam pela Europa.

Tensões em família

A narrativa acompanha os primos David (Jesse Eisenberg) e Benji (Kieran Culkin) que viajam juntos em uma excursão pela Polônia para se reconectarem com seu passado e com a memória da falecida avó, que veio do país. Ao longo da viagem conflitos antigos começam a emergir entre os primos e também as razões para o excêntrico Benji ter ficado tão abalado pela morte da avó.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Crítica – Anora

 

Análise Crítica – Anora

Review – Anora
Os filmes do diretor Sean Baker costumam focar em pessoas que vivem nas margens, tentam desesperadamente alcançar algum sonho apenas para perceberem que nunca estiveram perto de conseguir o que desejavam ou ver o sonho se dissolver diante de si. Anora tem muito disso, embora exiba uma trama mais focada ao invés dos personagens errantes de Projeto Flórida (2017) ou Red Rocket (2021), ao acompanhar uma personagem cuja mudança de vida toma uma guinada inesperada. É uma trama tributária a Noites de Cabíria (1957), de Federico Fellini, e também de comédias românticas como Uma Linda Mulher (1990), a qual subverte com gosto, embora nunca se torne derivativa pelo modo como Baker imprime sua personalidade no material.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Crítica – Aqui

 

Análise Crítica – Aqui

Review – Aqui
Eu nunca gostei muito da expressão “tal coisa é um personagem” para qualificar a importância em um filme de algo que claramente não é um personagem. Dizer que “a casa é um personagem” ou “a música é um personagem” é um chavão genérico que não contribui para que expliquemos porque esse elemento de imagem/som se destaca ou ocupa uma posição tão central dentro de uma produção. Sim, objetos podem ser personagens, desde que ajam como tal, a exemplo de Memórias de um Liquidificador (2010) no qual o eletrodoméstico é um personagem de fato. A questão é que na maioria dos casos essa expressão é usada para qualificar elementos estéticos que claramente não ocupam essa função.

Feridas do tempo

Dirigido por Robert Zemeckis, Aqui meio que parte da ideia de que “a casa é um personagem” ao situar toda a sua trama em um único espaço ao longo de séculos e o resultado vai na contramão dessa ideia, com o espaço fazendo pouca ou nenhuma diferença no esquema geral da produção.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Crítica – Conclave

 

Análise Crítica – Conclave

Review – Conclave
Confesso que não imaginei que um filme focado no que é basicamente o TSE do Vaticano conseguiria me manter tão interessado, mas é exatamente isso que Conclave, novo filme de Edward Berger (responsável por Nada de Novo no Front), faz. Claro, o foco é mais nas intrigas da votação do que na burocracia em si, analisando as disputas de poder que ocorrem no coração da fé católica.

Eleição disputada

A trama é centrada no cardeal Lawrence (Ralph Fiennes), reitor da Santa Sé que fica incumbido de organizar o Conclave depois da morte do Papa. Com o colegiado dos cardeais isolados eles precisam votar para eleger um novo Papa. A votação, porém, não é um debate pacífico, com diferentes correntes disputando supremacia no pleito, segredos do passado trazidos à tona e até o surgimento de novas figuras, como o misterioso cardeal Benitez (Carlos Diehz), cuja nomeação foi feita em segredo pelo falecido Papa anterior e sua chegada na eleição desperta curiosidade quanto à sua legitimidade e intenções em relação ao pleito.

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Crítica – Maria Callas

 

Análise Crítica – Maria Callas

Review – Maria Callas
Terceira biografia dirigida pelo chileno Pablo Larraín depois de Jackie (2016) e Spencer (2021), Maria Callas conta a história da famosa cantora de ópera de origem grega. Como as outras biografias de figuras históricas femininas dirigidas por Larraín, é um filme que acerta ao tentar entender a subjetividade de sua biografada, embora este seja o mais fraco da trilogia do diretor.

Vida em revisão

A narrativa acompanha os últimos dias de Maria Callas (Angelina Jolie) vivendo uma existência solitária em seu apartamento em Paris. Ela passa os dias isolada, se enchendo de medicamentos que mexem com sua cognição e a fazem imaginar que está sendo entrevistada para um documentário. Esses delírios são uma maneira do filme nos deixar imersos no ponto de vista da protagonista, alguém que há muito já passou do seu ápice e agora se encontra em uma profunda depressão por conta de problemas de saúde que a impedem de cantar. Ao mesmo tempo, essa escolha também tenta servir como uma metalinguagem para as estruturas típicas de cinebiografias.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Crítica – Sol de Inverno

 

Análise Crítica – Sol de Inverno

Review – Sol de Inverno
Segundo longa-metragem do realizador japonês Hiroshi Okuyama, Sol de Inverno é uma história sobre amadurecimento e desilusão. O diretor narra essa história com um ritmo bastante deliberado e um olhar contemplativo diante de seus personagens conforme eles navegam pelos relacionamentos entre si.

Você é meu sol

A trama acompanha Takuya (Keitatsu Koshiyama), um garoto tímido e levemente gago que não tem muita aptidão para esportes, mas que tenta participar das ligas de sua cidade para acompanhar os amigos. Um dia ele se encanta por Sakura (Kiara Takanashi), uma jovem patinadora que está treinando para ser profissional. O técnico de Sakura, Arakawa (Sōsuke Ikematsu), ele próprio um ex-campeão de patinação, crê que Sakura e Takuya podem funcionar bem como uma dupla e que trabalhar em equipe pode ser bom para Sakura.