Tive minhas desconfianças quando
os envolvidos com Cavaleiro da Lua,
do diretor Mohamed Diab aos astros Oscar Isaac e Ethan Hawke, passaram a
divulgação inteira se referindo à série como um estudo de personagem.
Considerando o padrão das histórias dos filmes e séries da Marvel, no entanto,
não imaginei que o produto final fosse levar isso a cabo, mas, de fato, os seis
episódios colocam no centro o estudo da personalidade fraturada de seu
protagonista. Isso, porém, não significa que a série seja livre de falhas.
Na trama, Steven (Oscar Isaac) é
um pacato funcionário de museu que vê sua vida virar ao avesso quando começa a
ser perseguido pelo misterioso líder de seita Arthur Harrow (Ethan Hawke).
Aparentemente Harrow busca um artefato que lhe permitiria ressuscitar a cruel
deusa egípcia Ammit e esse artefato estaria com Steven. A questão é que Steven
tem uma personalidade alternativa, o aventureiro mercenário Marc Spector. Marc
serve como avatar do deus Konshu (F. Murray Abraham) na Terra, se transformando
no implacável Cavaleiro da Lua. Agora Marc/Steven precisa resolver sua
personalidade fraturada ao mesmo tempo que impede Harrow de reviver Ammit.
O primeiro episódio já estabelece
um claro tom anti-programático em relação ao que se espera de uma trama da
Marvel. Todas as cenas de ação são abruptamente cortadas toda vez que Marc
assume o lugar de Steven, com o personagem confuso em relação ao que aconteceu.
Isso permite a trama focar nos dramas de seu protagonista, nas tensões entre
ele e o deus Konshu e também no embate moral em relação a Harrow.