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quarta-feira, 6 de julho de 2022

Rapsódias Revisitadas – Os Imperdoáveis

 

Crítica – Os Imperdoáveis

Review Crítica – Os Imperdoáveis
Enquanto gênero cinematográfico o western era comprometido em construir uma visão mítica da expansão para o oeste dos Estados Unidos. Eram filmes que transmitiam como o país foi construído pela coragem e engenhosidade de homens dispostos a domarem esse espaço ermo e selvagem para construir riquezas. Com o tempo, o cinema começou a rever esses mitos. Dança Com Lobos (1990), por exemplo, ponderava que era o homem branco, não a população indígena, os selvagens que destruíam aquela terra. No mesmo clima revisionista, este Os Imperdoáveis, lançado em 1992, dirigido e estrelado por Clint Eastwood, repensa a figura do pistoleiro errante que vaga o oeste caçando malfeitores em busca de justiça e recompensas.

A narrativa é protagonizada por Will Munnny (Clint Eastwood) pistoleiro que abandonou uma vida de violência e morte depois de se casar, mas que aceita um último trabalho para pagar as dívidas de sua fazenda. Abordado por Schofield Kid (Jaimz Woolvet), Munny aceita viajar até uma pequena cidade no Wyoming para matar dois fazendeiros que retalharam uma prostituta. Com a ajuda do antigo companheiro, Ned (Morgan Freeman), Munny parte para o Wyoming ao lado de Kid em busca da recompensa. A pequena cidade, no entanto, é policiada com mão de ferro pelo xerife Little Bill (Gene Hackman).

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Crítica – Ataque dos Cães

 Análise Crítica – Ataque dos Cães


Review – Ataque dos Cães
O western é um gênero que fala da realidade histórica dos Estados Unidos. Durante o período clássico hollywoodiano esses filmes ajudavam a construir mitos ao redor da expansão do país rumo ao oeste. Uma expansão na qual o homem branco dominava um ambiente selvagem e bravio com sua coragem e iniciativa. Eram histórias sobre a identidade nacional, o destino do país e sobre a superioridade de um povo. Já tem um tempo que o western adquiriu um caráter mais revisionista, desde produções como Dança Com Lobos (1990) até produções mais recentes como First Cow (2021). Este Ataque dos Cães, novo trabalho da diretora Jane Campion também apresenta um olhar revisionista sobre elementos típicos do western.

Na trama os irmãos George (Jesse Plemons) e Phil (Benedict Cumberbatch) são fazendeiros com um negócio em ascensão. George cuida do lado administrativo enquanto Phil supervisiona o cotidiano dos animais da fazenda. Phil se comporta com um típico caubói de western, um homem estoico e durão, que fala e socializa pouco e tem orgulho de seu bom manejo da terra e dos animais. A relação entre os dois irmãos é abalada quando George se casa com a viúva Rose (Kirsten Dunst), levando ela e o filho Pete (Kodi Smit-McPhee) para morar na fazenda. Aos poucos Phil começa a atormentar Rose e Pete, ridicularizando Rose por suas incursões musicais fracassadas e Pete por seus modos afeminados ou sua paixão por ciência.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Crítica – Vingança & Castigo

 

Análise Crítica – Vingança & Castigo

Review – Vingança & Castigo
O faroeste (ou western) é um dos gêneros mais identificáveis da produção hollywoodiana. Suas tramas e sua mitologia se relacionam com o evento histórico da expansão dos Estados Unidos rumo à costa oeste e visam construir o entendimento do povo estadunidense como audaz, desbravador, capaz de domar o mais hostil dos ambientes graças à sua força e inteligência. Muitos filmes foram feitos a partir de figuras históricas reais como Wyatt Earp ou Doc Holiday.

O protagonismo do western, no entanto, sempre esteve nas mãos de pessoas brancas apesar do registro histórico também mostrar a presença importante de figuras negras como Bass Reeves. Ao fazer isso, a iconografia do gênero acaba dando a impressão de que apenas os brancos tinham as características ideais para prosperarem no velho oeste. Por isso a revisão feita neste Vingança & Castigo é tão importante, mostrando as histórias negras presentes neste momento histórico.

Apesar de se basear em figuras que existiram de verdade no período, a narrativa em si é ficcional. A narrativa acompanha o pistoleiro Nat Love (Jonathan Majors) em sua busca por vingança contra o criminoso Rufus Buck (Idris Elba), responsável pela morte da família de Nat. Tendo escapado da prisão recentemente e se reunido com seu perigoso bando, Rufus toma o controle de uma pequena cidade. Sabendo que não tem como enfrentar Rufus sozinho, Nat se reúne com um grupo de caçadores de recompensa liderados pelo xerife Bass Reeves (Delroy Lindo).

segunda-feira, 28 de junho de 2021

Crítica – First Cow: A Primeira Vaca da América

 

Análise Crítica – First Cow: A Primeira Vaca da América

Review – First Cow: A Primeira Vaca da América
De certa forma eu poderia dizer que este First Cow: A Primeira Vaca da América é um western. Pode parecer estranho usar esse gênero para falar de uma história sobre um padeiro que faz doces com leite roubado, mas a narrativa traz muitos elementos típicos do western desde sua ambientação durante a expansão para o oeste dos EUA (embora aqui focado nas áreas mais noroeste ao invés das regiões mais ao sudoeste) a temas como civilização versus barbárie e os mitos fundadores da sociedade do país, em especial a ideia de meritocracia e esforço individual.

A trama é centrada em Cookie (John Magaro), um padeiro de formação que acompanha um grupo de caçadores de pele no norte do Oregon para tentar fazer dinheiro com o comércio de peles durante a expansão ao oeste dos Estados Unidos. Durante a viagem ele conhece o chinês King Liu (Orion Lee) e ambos acabam se tornando amigos. Quando King descobre o talento de Cookie para fazer doces, ele sugere ao amigo que roubem leite da vaca (a primeira e única da região) do chefe do entreposto comercial em que moram para fazerem doces e venderem a preço alto já que ninguém ali seria capaz de vender algo semelhante.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Rapsódias Revisitadas – Banzé no Oeste

 

Análise Crítica – Banzé no Oeste

Review – Banzé no Oeste
O comediante Mel Brooks se tornou famoso pelos filmes paródicos que realizou. Brincou com o universo dos musicais da Broadway em Primavera para Hitler (1967), com o terror em O Jovem Frankenstein (1974), filmes de aventura em A Louca! Louca História de Robin Hood (1993) e com os faroestes neste Banzé no Oeste, lançado em 1974.

A trama se passa durante a expansão para o oeste dos Estados Unidos. O empresário Hedley Lamarr (Harvey Korman) deseja construir uma nova ferrovia, mas a pequena de Rocky Ridge está em seu caminho. Para conseguir as terras da cidade, Lamarr planeja manipular o corrupto governador do estado para nomear um xerife que a cidade deteste, esperando que todos abandonem o local. O escolhido para a ingrata tarefa é Bart (Cleavon Little) um trabalhador ferroviário negro que estava prestes a ser enforcado. Lamarr espera que a população não irá aceitar um xerife negro, mas não imaginava que Bart conquistaria a população, se tornando uma pedra em seu sapato.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Crítica – Relatos do Mundo

 


Westerns em geral são sobre o homem contra a selvageria. A selvageria do espaço árido do oeste selvagem ou a do ser humano. São histórias sobre o triunfo de domar esse espaço brutal e sem lei, sobre a força do espírito humano em resistir a tudo. Este Relatos do Mundo toca nesses temas, mas, de certa, forma, vai na contramão de alguns elementos típicos do gênero para construir um feel good movie dentro do oeste selvagem.

A trama é protagonizada por Kidd (Tom Hanks), um veterano da Guerra de Secessão que viaja de cidade em cidade do estado do Texas narrando as notícias que saem nos jornais impressos. A rotina dele muda quando ele encontra Johanna (Helena Zengel), uma menina que foi sequestrada por indígenas. Agora Kidd precisa cruzar o Texas para devolver a garota para a família dela.

Se passando pouco tempo depois do fim da Guerra de Secessão, a narrativa mostra um Texas devastado pelo conflito, ainda com as cicatrizes da guerra, tentando se reconstruir, mas ainda sendo tratado como inimigo pelos soldados do norte que ocupam a região. É um lugar polarizado, sem esperança e sem perspectiva. Com as histórias insólitas que conta das manchetes de jornais Kidd espera trazer algum alento ao sofrimento daquelas pessoas. Nesse sentido, além da ligação entre Kidd e Johanna, o filme é também sobre o poder das narrativas, na força que elas tem em nos mover, inspirar, nos conectar uns com os outros, e modificar um cotidiano de dor.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Crítica – O Mandaloriano: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – O Mandaloriano: 2ª Temporada

Review – O Mandaloriano: 2ª Temporada
Confesso que fiquei surpreso com a primeira temporada de O Mandaloriano. De cara chamava atenção como ela, assim como o primeiro filme de Star Wars, evocava antigos seriados de aventura. Com episódios de tramas quase que inteiramente autocontidas enquanto acompanhávamos um mercenário errante, remetendo a histórias de faroeste e filmes de samurai, vagando por uma galáxia devastada pela guerra em busca de respostas envolvendo seu próprio povo e o que fazer com uma pequena criatura que encontrara em sua missão. O segundo ponto era a inesperada conexão emocional que aos poucos se desenvolvia entre o estoico mercenário e a pequena criatura, que foi apelidada de Baby Yoda, conforme a trama progredia.

A segunda temporada segue no ponto em que o ano de estreia parou. Em fuga de Moff Gideon (Giancarlo Esposito), o mandaloriano Din Djarin (Pedro Pascal) parte em busca de informação sobre algum Jedi que pudesse lhe ajudar com a pequena criatura que protege. Tal como no primeiro ano há o mesmo espírito de aventura despretensiosa, com o protagonista chegando a um planeta diferente a cada semana e alguém ou alguma crise específica para resolver nesse local que ao final dá alguma contribuição para mover a trama principal para frente. A partir desse ponto, aviso que o texto pode conter SPOILERS da temporada.

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Rapsódias Revisitadas – Três Homens em Conflito

 Análise – Três Homens em Conflito

Review – Três Homens em Conflito
O terceiro da “trilogia dos dólares” dirigida por Sergio Leone e protagonizada por Clint Eastwood, Três Homens em Conflito é uma grande epopeia do western, que pondera não só a respeito da aridez e brutalidade do velho oeste dos Estados Unidos, como também sobre a Guerra de Secessão e outros eventos do período histórico.

Na trama o Homem Sem Nome (Clint Eastwood), o bandido Tuco (Eli Wallach) e o mercenário Olhos de Anjo (Lee Van Cleef) se envolvem em uma corrida para chegar a milhares de dólares em ouro enterrados secretamente por soldados confederados em um cemitério remoto. Como cada um tem uma parte do segredo necessário para encontrar o tesouro, acabam tendo que relutantemente cooperar.

Como em outros faroestes conduzidos por Leone, há um trabalho na dilatação do tempo através da montagem. Isso ajuda a nos fazer sentir o vazio e imensidão do oeste, com o desenho de som ressaltando os ruídos ambientes como moscas os hélices de moinhos, para mostrar o silêncio e a falta de pessoas dos lugares. A dilatação de tempo também serve para ampliar a tensão em muitas cenas, já que sabemos o quanto os personagens são letais e um movimento em falso pode resultar em morte.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Crítica – Bacurau


Análise Crítica – Bacurau


Review – Bacurau
Fiquei um tempo em silêncio sentado na poltrona do cinema enquanto os créditos subiam ao fim de Bacurau, novo filme de Kleber Mendonça Filho, que aqui dirige ao lado de Juliano Dornelles. Os dois longas anteriores de Kleber, O Som ao Redor (2012) e Aquarius (2016) tinham me causado impacto semelhante e, em igual medida, fui deixado sem saber como organizar meu raciocínio para falar do filme ou o que dizer exatamente sobre ele, já que parecia ter coisa demais para eu dar conta em um texto. Ainda assim, tentarei.

A narrativa se passa em um futuro não especificado no qual as coisas pioraram bastante no Brasil. O ponto central da trama é a pequena cidade de Bacurau, que sofre com falta de água depois que o governo represou um rio próximo. Teresa (Barbara Colen) retorna à cidade para o funeral da mãe, dona Carmelita, mas em seu tempo lá coisas estranhas começam a acontecer: drones passeiam pelos céus, carros são baleados e pessoas são mortas sem explicação. Assim, Teresa e outras figuras proeminentes na cidade como Acácio (Thomas Aquino) e a médica Domingas (Sônia Braga) tentam entender o que está acontecendo.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Crítica – A Balada de Buster Scruggs


Análise Crítica – A Balada de Buster Scruggs


Review – A Balada de Buster Scruggs
Os irmãos Coen já dirigiram filmes em muitos gêneros diferentes e até já realizaram obras difíceis de subscrever a um único gênero como o caso de Fargo (1996). Agora, com este A Balada de Buster Scruggs eles se aventuram no western em um “filme de antologia” que nada mais é que uma série de curtas montados juntos. Sim, eles são unidos pela ambientação no velho oeste e também pelo tema da morte irônica e inesperada, com os destinos dos personagens sofrendo inesperadas reversões, mas ainda assim, são desconectados um do outro o suficiente para poderem ter sido lançados em episódios no formato de minissérie ao invés de colados juntos em um filme.

Como a maioria dos filmes que conta múltiplas histórias, A Balada de Buster Scruggs é irregular. Isso se dá tanto por conta de algumas tramas funcionarem bem melhor que outras como pelas mudanças bruscas de tom ou pelo fato da duração de algumas histórias ser muito maior do que as outras dando a impressão que de se estende mais do que deveria. É um pouco difícil saltar do humor excêntrico dos dois primeiros curtas, protagonizados por Tim Blake Nelson e James Franco respectivamente, para a melancolia da história encabeçada por Liam Neeson envolvendo um jovem sem pernas e sem braços.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Crítica - Terra Selvagem

Análise Terra Selvagem


Review Terra Selvagem
Narrativas policiais comumente tratam do embate entre a razão e a violência. Westerns (ou faroestes) normalmente tratam sobre o embate entre o homem e um ambiente selvagem, brutal, seja ele fruto da ação humana ou da natureza. É possível perceber como podem existir interseções entre os dois e, na prática, e Terra Selvagem opera com essas duas coisas em mente. Funciona como um mash-up entre Millenium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (2011) e Onde os Fracos Não Tem Vez (2007) e ainda que não chegue no altíssimo nível dos dois, consegue ser bastante competente.

A narrativa começa na reserva indígena de Wind River (que dá o título original do filme) no interior gelado do estado do Wyoming (o menos povoado dos Estados Unidos). O caçador Cory (Jeremy Renner) encontra o cadáver de uma jovem descalça na neve e como a reserva é terreno federal o FBI é chamado. A agente Jane (Elizabeth Olsen) examina o local e suspeita de assassinato. Como não conhece o território, Jane decide chamar Cory para ajudar na investigação com suas habilidades de seguir rastros.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Crítica - A Qualquer Custo

Análise A Qualquer Custo


Review A Qualquer Custo
Os westerns tinham como tema recorrente a luta do homem contra um ambiente bruto e sem lei. Uma terra erma e hostil no qual tudo precisava ser tomado à força e sucesso ou riqueza eram construídos sobre cadáveres e atitudes questionáveis. Sob essa perspectiva este A Qualquer Custo poderia ser tranquilamente entendido como western a despeito de sua ambientação contemporânea, com agências de bancos substituírem diligências e carros substituindo cavalos.

Os irmãos Toby (Chris Pine) e Tanner (Ben Foster) iniciam uma série de roubos à banco para juntar o dinheiro necessário para pagar as dívidas da falecida mãe antes que o banco execute a hipoteca da casa, ficando não apenas com o imóvel, mas com o recém-descoberto petróleo da propriedade. Os roubos chamam atenção do patrulheiro Marcus (Jeff Bridges) e seu parceiro Alberto (Gill Birmingham) que saem à caça da dupla.

Poderia ser um filme hiper movimentado, barulhento e explosivo, mas o diretor David Mackenzie prefere manter as perseguições e assaltos tão secos quanto as paisagens texanas. Quase não há música durante esses momentos, a violência é bem gráfica e sem concessões e os planos são mais longos, com poucos cortes, e em média e ampla distância. A violência, portanto, não é retratada enquanto espetáculo, mas como algo duro, brutal, da qual não emerge catarse. As planícies do Texas são retradas em toda sua imensidão pelos planos amplos preponderantes e pela fotografia com predominância de tons de azul e amarelo.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Crítica - Sete Homens e Um Destino

Resenha Sete Homens e Um Destino


Sete Homens e Um Destino
Sete Homens e Um Destino (1960) é ainda hoje um dos mais icônicos westerns já feitos, então a ideia de refazer algo tão marcante (ainda que ele fosse basicamente uma versão ocidentalizada de Os Sete Samurais de Akira Kurosawa) me deixava temendo por outra bomba baseada em um filme seminal como foi o caso do recente (e indefensável) Ben-Hur. Felizmente, este novo Sete Homens e Um Destino é bem apreciável, ainda que não tenha muito a dizer que já não tinha sido dito antes.

Na trama, o rico empresário Bartholomew Bogue (Peter Sarsgaard) oprime uma pequena vila no velho oeste dos Estados Unidos para tomar as terras dos habitantes. Cansados da violência perpetrada por Bogue, alguns habitantes liderados pela viúva Emma (Haley Bennett), decidem contratar pistoleiros para ajudá-los a enfrentar seu algoz. A viúva encontra o pistoleiro Chisolm (Denzel Washington) e o contrata para ajudar, mas ele sabe que não será suficiente e recruta outros seis capazes combatentes, entre eles o atirador Robicheaux (Ethan Hawke), o jogador Faraday (Chris Pratt) e o lutador Billy (Byung-hun Lee, o ninja Storm Shadow dos filmes dos G.I Joe).

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Crítica - Os Oito Odiados



Análise Os Oito Odiados

Review Os Oito Odiados
Imaginem se o diretor Quentin Tarantino decidisse transformar a tensa cena da taverna do seu Bastardos Inglórios (2009) em um longa metragem de quase três horas, misturando-a com algumas ideias de Cães de Aluguel (1992). É mais ou menos isso que acontece neste ótimo Os Oito Odiados que se passa quase inteiramente dentro de um hospedaria durante uma nevasca com um grupo de estranhos no qual ninguém é o que diz ser.

Na trama, que se passa alguns anos depois da Guerra de Secessão dos Estados Unidos, o caçador de recompensas Marquis Warren (Samuel L. Jackson) se vê em meio a uma nevasca enquanto transporta os corpos dos seus três últimos alvos. Sem alternativa, acaba pegando carona na carruagem do também caça recompensas John Ruth (Kurt Russell), que está transportando a fugitiva Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh). A neve, no entanto, os obriga a parar em uma hospedaria na qual um grupo de estranhos também se abrigou. Confinados na casa por causa do mal tempo, o grupo vai aos poucos desconfiando das intenções uns dos outros e conforme se conhecem melhor vai aumentando a sensação de que algo muito errado está para acontecer na pequena hospedaria.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Crítica - The Ridiculous 6



O serviço de streaming Netflix se tornou bastante reconhecido pela qualidade de suas produções originais, tanto de seriados quanto de documentários, mas foi apenas recentemente que a plataforma começou a investir em longas-metragens de ficção. O primeiro foi o ótimo Beasts of No Nation, impactante história sobre crianças soldado na África, mas o projeto seguinte pegou todos de surpresa com o anúncio de que a Netflix se juntaria com Adam Sandler, comediante famoso pelos trabalhos rasteiros e cujas bilheterias vem diminuindo a cada novo projeto, tornando a escolha incompreensível tanto por razões artísticas quanto comerciais.

A produção foi marcada por problemas, em especial quando os figurantes indígenas se recusaram a trabalhar acusando o filme de ser racista. Dado o histórico de Sandler em fazer um humor baseado na reafirmação de preconceitos de raça e gênero, o filme começou a ser execrado antes mesmo de ser lançado e tudo apontava para um completo desastre. A verdade, no entanto, é que o filme de fato não é exatamente ofensivo em relação aos indígenas, embora seja difícil dizer se ele sempre foi assim ou se alterações foram feitas depois da polêmica ter surgido. De todo modo, nada disso evita que a obra seja mais uma coleção de piadas preguiçosas e desinteressantes que pode até não estar no baixo nível de atrocidades como Gente Grande 2 (2013) ou Cada um Tem a Gêmea que Merece (2011), mas ainda assim passa longe de ser minimamente satisfatória e é provavelmente a pior produção original do Netflix até então.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Crítica – O Cavaleiro Solitário



O Cavaleiro Solitário é um personagem nascido na década de 30 em um programa de rádio e de lá para cá originou uma série de televisão (que foi ao ar de 1949 a 1957), quadrinhos e filmes, mas fazia um tempo que o personagem não aparecia para o grande público. Produzido por Jerry Bruckheimer, dirigido por Gore Verbinski e estrelado por Johnny Depp (o mesmo trio da trilogia inicial de Piratas do Caribe), o filme parece ter a clara intenção de iniciar uma nova franquia de ação para a Disney, substituindo a já desgastada franquia de piratas protagonizada pelo Capitão Jack Sparrow.
O filme se passa no velho oeste americano e é centrado no promotor público John Reid (Armie Hammer) que é gravemente ferido e tem todos os companheiros assassinados durante a caçada ao perigoso Butch Cavendish (William Fichtner), sobrevivendo graças à ajuda do índio Tonto (Johnny Depp) que também tem contas a acertar com o criminoso. Assim, os dois se unem para agir por conta própria e levar o criminoso à justiça.
A dupla principal é bem carismática e funciona muito bem. Depp continua a repetir os mesmos trejeitos e afetações de seus trabalhos recentes (em especial Jack Sparrow) com seus olhos esbugalhados e linguagem corporal exagerada, lembrando um ator da época do cinema mudo, apesar de repetitivo é impressionante constatar que todos os truques do ator continuam surtindo efeito graças ao seu bom timing. Hammer também é bem sucedido na construção de Reid como um sujeito bem intencionado que acredita no pleno funcionamento da lei e inicialmente reluta em assumir a persona do justiceiro mascarado. Outro ponto positivo é o vilão interpretado por William Fichtner, um sujeito cruel e violento que se entrega a arroubos canibais quando elimina seus adversários. Seu visual sujo e desfigurado contribui para torna-lo ainda mais ameaçador.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Crítica - Django Livre

A vingança é um tema caro ao diretor Quentin Tarantino, praticamente em todos os seus filmes há um personagem engajado numa busca por vingança. O fascínio pelo tema é compreensível, afinal vingança consiste em reparar um erro ou uma injustiça feita com alguém de modo a devolver o equilíbrio às coisas. Neste Django Livre o tema da vingança parece mais do que adequado, já que se trata do levante de um escravo contra seus escravizadores e duvido que haja uma situação social tão unanimemente considerada como maligna quanto a escravidão.

No filme, dois anos antes da Guerra de Secessão americana que pôs fim à escravidão no país, Django (Jamie Foxx) é um escravo libertado pelo caçador de recompensas alemão Dr. King Schultz (Christoph Waltz) para ajuda-lo a encontrar um grupo de bandidos que apenas Django conhece o rosto. Ao mesmo tempo, Django deseja reencontrar sua esposa, Brunhilde (Kerry Washington), que foi vendida ao inescrupuloso fazendeiro Calvin Candie (Leonardo DiCaprio).

Tarantino, entretanto, não está aqui para produzir um longo tratado antropológico acerca das mazelas da escravidão, ele deseja produzir alguma sensação de reparação, mas o faz de seu próprio jeito, com diálogos irônicos e verborrágicos, além de, é claro, uma dose cavalar de ultraviolência. Se muitos podem criticar o filme por não adentrar em todas as implicações da escravidão, é impossível negar o efeito catártico produzido pelas imagens de Django açoitando violentamente seu feitor.