Hoje revisitaremos uma das melhores histórias do Batman, A Piada Mortal, escrita pelo papa dos quadrinhos Allan Moore e desenhada por Brian Bolland.
Dizer que o inglês barbudão é foda quase soa como um pleonasmo, já que Allan Moore é um dos melhores roteiristas de quadrinhos de todos os tempos, mas chega de rasgação de seda para o señor Moore e vamos falar da hq.
A Piada Mortal é centrada no Coringa e começa com o Batman indo visitá-lo no Asilo Arkham. O morcego quer conversar com o palhaço e fazer ele perceber que a relação de ódio existente entre eles só vai levar os dois a se matarem, Batman deseja tentar encerrar tudo de modo racional. Entretanto, o Coringa não está em sua cela e sim um dublê, o verdadeiro Coringa é mostrado em um parque de diversões abandonado matando o antigo dono com seu gás hilariante e tomando controle do lugar.
Enquanto o Coringa perambula pelo parque, nós conhecemos o seu passado. Ele era um comediante fracassado e com uma esposa grávida de seu primeiro filho. Os dois moram em um apartamento nojento e ele se lamenta por não poder dar uma vida melhor à esposa. Ao mesmo tempo, o Batman usa o computador da batcaverna para procurar seu arqui-inimigo, nesse momento Batman percebe que não sabe nada à respeito dele e se questiona como duas pessoas que não sabem nada uma da outra podem se odiar tanto.
A história volta para o Coringa, mostrando o palhaço invadindo a casa do comissário Gordon. O Coringa atira em Bárbara Gordon(a Batgirl), deixando-a paraplégica e sequestra o comissário. Em um novo flashback vemos o comediante e futuro Coringa conversando com dois assaltantes, eles planejam roubar uma fábrica de baralhos atravessando por uma fábrica de produtos químicos ao lado e querem que o comediante os guie. Desesperado, ele aceita e os ladrões dão a ele uma roupa idêntica ao do ladrão conhecido como Capuz Vermelho para o comediante se disfarçar.
Voltando ao presente, o Coringa tortura o comissário Gordon, fazendo-o lembrar do que aconteceu em sua casa. O palhaço diz que o policial não precisa lidar com aquelas memórias se ceder à loucura. O Coringa obriga Gordon a ver fotos que ele tirou de Bárbara ferida e indefesa no chão(nada é dito, mas fica subentendido que o Coringa abusou dela), o Coringa diz que o mundo é um lugar cruel e é preciso ser louco para sobreviver a ele.
A origem do palhaço do crime finalmente é revelada. Na noite do assalto o comediante descobre que sua esposa morreu em um acidente doméstico, ele tenta desistir, mas é forçado a continuar. Durante a invasão à fábrica química Ace os três são perseguidos pelo Batman e em pânico o comediante se atira num tanque de produtos químicos. Ao sair ele percebe que sua pele ficou branca, seus lábios vermelhos e seus cabelos verdes. Ele vê seu reflexo numa poça de água e ri insandescido.
O palhaço do crime revela seu plano, mostrar ao mundo que sob pressão qualquer um acaba por ceder à insanidade, mesmo o mais íntegro dos cidadãos. Fica claro que sua idéia é mostrar o quão tênue a linha que separa alguém como ele das pessoas ditas normais.
Batman termina por encontrar o parque abandonado e ao rever seu amigo, James Gordon, o vigilante acredita que ele perdeu a razão, mas Gordon se mostra mais forte do que ele esperava, o comissário pede que Batman prenda o Coringa para levá-lo à justiça. Precisamos mostrar a ele que nosso jeito funciona, diz o comissário.
Batman e o Coringa se confrontam, o palhaço comemora sua vitória dizendo que conseguiu provar que qualquer um pode se tornar como ele, basta apenas um dia ruim. Um dia ruim igual ao que separou o Coringa de todos os outros e igual ao que tornou Bruce Wayne em Batman. O Coringa argumenta que não é tão diferente do morcego e deduz que ele deve ter passado por uma situação semelhante para se tornar o que é. Batman e Coringa aqui são mostrados como duas faces de uma mesma moeda, ambos loucos e traumatizados cuja a única diferença foi o modo com que lidaram com seus respectivos traumas.
Durante a luta, Batman mostra ao Coringa que seu plano falhou, Gordon continua o mesmo. O vigilante se aproveita da supresa do Coringa para subjugá-lo. Ao prender o palhaço, Batman lhe diz que não é tarde demais, que ele ainda pode ser salvo e então vemos o Coringa em um breve momento de sanidade admitindo ser covarde demais para se tratar. O palhaço admite que prefere o conforto da insanidade ao tormento que seria confrontar seu passado.
Ao final vemos que o Coringa estava errado, nem todos perdem a razão ao viver um grande trauma, mas fica no ar uma pergunta. O que Gordon teria que Batman e Coringa não tinham? O que fez o policial resistir ao que o maior herói e o maior vilão de Gotham City não conseguiram?
Essa pergunta, caros boêmios, cabe a vocês encontrar a resposta ao revisitarem essa incrível rapsódia.
Nota: As imagens usadas neste post são das edições antigas de A Piada Mortal, na edição lançada este ano o desenhista Brian Bolland refez toda a colorização, por isso quem as tiver pode encontrar alguma discrepância.