Hoje revisitaremos essa ótima comédia de erros capitaneada pelo ator Joe Pesci, especialista em fazer o tipo do "cara-baixinho-e-invocado" e que rendeu um Oscar de melhor atriz coadjuvante para Marisa Tomei.
As história é bem simples, um jovem, Billy(Ralph Macchio, ele mesmo, o Daniel-San de Karate Kid), e seu amigo estão viajando pelo interior dos Estados Unidos quando, ao parar na loja de conviência de um posto vagabundo no estado do Alabama, percebem que esqueceram de pagar por uma das mercadorias. Ao serem abordados pela polícia eles imediatamente confessam o crime, acreditando que no máximo pagariam uma multa.
O que eles não sabiam é que não tinham sido abordados pelo pequeno furto e sim por serem suspeitos de matar o balconista da lojinha de conveniência e ao confessarem o crime na verdade confessam o assassinato. Para fujir da enrascada resolvem pedir ajuda ao primo advogado de um deles, Vincent "Vinny" Gambini(Joe Pesci).
Vinny é o típico ítalo-americano de Brooklyn e ao chegar na pequena cidade do interior do Alabama se vê completamente deslocado ali, gerando um engraçado diálogo com sua noiva(Marisa Tomei no melhor papel de sua carreira, embora em momento algum sua atuação justifique o Oscar que ganhou), uma patricinha fútil que estranhamente é fanática por carros e mecânica, assim que salta do carro. Após um hilário reencontro com seu primo e seu amigo na cadeia, num diálogo sobre "prestação de favores" aos presidiários, Vinny revela que apesar de formado só advoga a seis meses já que apenas recentemente passou no exame da Ordem e nunca venceu nenhuma causa.
Apesar da inexperiência seu primo Billy confia nele e convence seu amigo a aceitá-lo como advogado. Vinny então terá de lidar não só com sua inexperiência, mas também com um juiz que insiste em prendê-lo por desacato devido aos seus métodos não ortodoxos e com sua insônia, já que não importa onde vá, os acontecimentos da pequena cidade insistem em acordá-lo na madrugada. Sem querer estragar muito as piadas do filme, digo apenas que Vinny é o típico herói das comédias de erros aquele que faz tudo errado e por uma incrível sorte acaba fazendo tudo funcionar, não importa o quão absurda ou constranjedora seja a sua situação. O personagem se beneficia do carisma e do talento de Pesci que, como eu disse antes, é mestre em retratar personagens pavio curto e de lígua afiada. Ele mostra também que pode levar um filme sozinho sem problemas, sendo uma pena ter tido tão poucos papéis como protagonista.
Numa época onde as comédias estão cada vez mais sem graça, vale a pena assistir um filme que faça rir de verdade através de situações absurdas, mas que em nenhum momento parecem forçadas ou inverossímeis. Essa excelente comédia é uma rapsódia que merece ser revisitada.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
