Este Os Miseráveis, dirigido por Tom Hooper (O Discurso do Rei) não adapta diretamente o romance de Victor Hugo e sim o musical da Broadway baseado no romance. Assim sendo, aconselho de se manterem afastados do filme aqueles que têm dificuldade em comprar a ideia de ter pessoas cantando o tempo todo ao invés de falarem umas com as outras, já que se trata de exemplar bastante tradicional do gênero musical.
O filme se passa na França do século XIX e conta a história de Jean Valjean (Hugh Jackman) um homem que passou vinte anos preso por roubar um pedaço de pão e foge depois de receber sua liberdade condicional, passando a ser caçado pelo inspetor Javert (Russel Crowe). Anos passam e Valjean se torna prefeito de uma pequena cidade, mas, quando decide tomar conta da filha da trabalhadora Fantine (Anne Hathaway), acaba indo em direção ao seu perseguidor e à explosão de uma revolta popular em Paris.
É uma pena que uma história tão forte e com tanto potencial foi parar em mãos tão preguiçosas quanto às de Tom Hooper que, assim como fizera com em O Discurso do Rei(2010), parece estar dirigindo com o piloto automático ligado. Seus planos são quase sempre estáticos e pouco exploram a profundidade do campo. O registro dos atores (principalmente quando estão cantando) se dá primordialmente por primeiros planos e isso se torna bastante problemático quando mais de duas pessoas interagem ao mesmo tempo já que a montagem fica pulando rapidamente de um close para outro, não valorizando ou utilizando o espaço da cena ou mesmo outros aspectos da performance de seus atores que não seus rostos. A sensação é que ele posicionou as câmeras, fez a marcação dos atores e depois saiu para tomar um café enquanto a cena era rodada.