O diretor David O. Russel já tinha me surpreendido uma vez com Três Reis (1999), um filme que parecia ser mais um filme de ação sobre a Guerra do Golfo se revelou um retrato interessante da ocupação americana no Iraque durante o período. Me surpreendeu novamente com O Vencedor (2010), uma obra que parecia ser outro melodrama sobre boxe, mas que era, na verdade um drama eficiente sobre uma família problemática. Agora, com seu O Lado Bom da Vida, me surpreende pela terceira vez transformando o que poderia ser apenas mais um daqueles filmes indies/bonitinhos banais (sim, Juno, estou olhando para você) que sempre aparecem durante a temporada de premiações em uma comédia dramática extremamente eficiente sobre duas pessoas emocionalmente complicadas.
A história, adaptada do romance homônimo de Matthew Quick, acompanha Pat (Bradley Cooper), um homem recém-saído de um hospital psiquiátrico que volta a morar com os pais (Robert De Niro e Jacki Weaver) e tenta reconstruir sua vida e voltar para sua esposa. Buscando ter uma atitude positiva em relação à vida ele tenta reconstruir o vínculo com Ronnie (John Ortiz), seu amigo de infância, e acaba se aproximando de sua cunhada Tiffany (Jennifer Lawrence), uma jovem tão problemática quando ele próprio.
Construir uma história ao redor de indivíduos mentalmente perturbados é obviamente uma corda bamba temática, se o filme pegar leve demais e suavizar o problema cai no erro de ser condescendente e romantizar um problema sério. Por outro lado, se o diretor pesar demais a mão nos problemas dos personagens, pode acabar produzindo uma reação de repulsa ao invés de simpatia pelos protagonistas ou cair no melodrama barato que apenas visa mostrar como é trágico e difícil lidar com pessoas com esses problemas.