Os atentados de 11 de setembro mudaram os Estados Unidos, a superpotência que até então parecia inatingível foi ferida brutal e publicamente, já não podia mais ser vista como invencível e imune a ameaças. Parecia lógico, portanto, para esta nação que se considerava ferida perseguir o responsável como uma maneira de reparação, de fechar as feridas abertas, é exatamente sobre a busca por Osama Bin Laden que trata este A Hora Mais Escura.
O filme acompanha a jornada da agente Maya (Jessica Chastain) desde 2003 até os instantes ocorridos na casa do Paquistão onde Bin Laden foi abatido (e não, isso não é spoiler). O filme se mostra bastante didático em apresentar datas, locais e fatos de modo a reforçar que está retratando fatos reais. Contribui também para isso a divisão da narrativa em tópicos e a própria direção de Kathryn Bigelow que conduz a obra com uma objetividade quase que jornalística como se fosse um filme-reportagem.
É bom deixar claro, no entanto, que isso não significa que tudo que vemos tela ocorre tal qual a realidade, ainda estamos diante de uma obra de ficção, encenada, roteirizada e atuada. Muito bem atuada por sinal, a protagonista Jessica Chastain constrói muito bem a transformação da agente Maya que inicialmente apresenta-se incomodada com as práticas de interrogatório para, aos poucos, abrir mão de qualquer coisa e se alienar de qualquer humanidade em nome de sua obsessão em localizar de Bin Laden. É interessante inclusive como o filme usa sua protagonista feminina para chamar a atenção para o machismo que ainda existe nos locais de trabalho, principalmente na cena da reunião com o diretor da CIA onde Maya, a única mulher do recinto e a que mais conhece o assunto, é colocada para sentar em uma cadeira distante, próxima à parede, enquanto o resto da equipe senta-se à mesa e ao redor do diretor e todos conversam de costas para ela, ignorando sua presença até o momento em a agente se manifesta.