domingo, 16 de junho de 2013

Crítica – Antes da Meia-Noite

Resenha Crítica – Antes da Meia-NoiteNove anos se passaram depois de Antes do Pôr do Sol (2004) e mais uma vez o diretor Richard Linklater nos coloca para acompanhar um dia na vida de Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy) da mesma forma como fizera no filme anterior e em Antes do Amanhecer (1995). Dito isto, preciso esclarecer que é quase imprescindível ter visto os dois filmes anteriores (ou pelo menos saber o que acontece neles) para apreciar por completo o que acontece aqui.
Assim como nos outros dois filmes, o foco é todo em Jesse e Celine a na maneira como eles se relacionam. A história mostra o casal finalmente vivendo junto depois dos eventos do filme anterior e pais de duas meninas. Eles estão de férias na Grécia, hospedados na casa de um escritor amigo de Jesse, e este é o último dia da viagem. O casal recebe de presente de seus anfitriões uma noite em um hotel de luxo, para que, enfim, possam aproveitar alguns momentos sozinhos.
O filme é extremamente competente em retratar como os personagens mudaram ao longo do tempo, não apenas fisicamente, mas, principalmente como mudou a relação entre eles. De um amor distante e idealizado nos dois primeiros filmes, os nove anos passados tornaram a convivência entre os dois algo extremamente pragmático e se antes falavam de seus desejos e preocupações, agora falam de como educar os filhos ou sobre a viabilidade de uma nova proposta de emprego. Aqui estamos diante de um amor concretizado e vivido, mostrando o que acontece com ele conforme o tempo passa.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Crítica – Uma História de Amor e Fúria

A animação brasileira Uma História de Amor e Fúria é uma obra ousada. Não apenas por ser um longa-metragem animado num país sem tradição gênero, mas por ser um longa animado, gênero que muitas pessoas associam ao público infantil, voltado para adultos, tratando de temas sérios como tortura e estupro e exibindo uma relativa quantidade de sangue e nudez. Ainda assim acredito que desavisados ainda irão protestar a respeito do conteúdo do filme, gerando uma polêmica semelhante à do filme Ted (2012) e um deputado.
A animação conta a história de um homem (Selton Mello) com mais de 600 anos em busca de sua amada, Janaina (Camila Pitanga), com quem se encontra e se separa ao longo da história do Brasil, onde diversos conflitos levam o casal a ficar separado, algumas vezes de forma violenta. A história vai desde as disputas entre tupinambás e tupiniquins no século XVII, passando pela revolta da balaiada no século XIX, a ditadura militar na década de 60 e, por fim num Brasil futurista e distópico no ano de 2096, onde se enfrenta uma guerra pela água que restou no planeta.
Apesar do pano de fundo histórico, o foco é o romance entre o personagem de Selton Mello e Janaina, que ele passa séculos tentando reencontrar apenas para perdê-la novamente. É interessante perceber como o protagonista se torna mais receoso de se aproximar de sua amada conforme o tempo passa, temendo que mais uma vez experimentem uma efêmera felicidade antes de serem separados por circunstâncias fora de seu controle. Ao mesmo tempo, o personagem vai adquirindo um relativo cinismo e desencanto em relação aos conflitos e revoltas populares que presencia, já que o resultado é quase sempre o mesmo: aqueles que têm pouco tem sua voz sufocada enquanto que aqueles que tem poder e posse nas mãos detêm a hegemonia. Assim, quando o vemos no último segmento, ele praticamente desistiu de fazer qualquer manifestação. Por outro lado, o trabalho de Camila Pitanga ajuda a transformar as múltiplas encarnações de Janaina em figuras não apenas adoráveis e apaixonantes, mas dotadas de incrível força e determinação, não sendo difícil entender porque o protagonista mantém um sentimento forte em relação a ela.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Crítica – Depois da Terra

É interessante ver o que aconteceu com a carreira de M. Night Shyamalan, que passou de uma grande promessa para um cineasta cujas obras se tornaram gradativamente mais questionáveis e equivocadas, chegando, enfim, a este Depois da Terra onde seu nome não é considerado valioso o bastante para sequer ser citado no trailer. Vendo o filme é possível entender o motivo, afinal se até mesmo no insosso O Último Mestre do Ar (2010) ainda víamos um pouco do seu estilo de dirigir, aqui não há um resquício sequer de sua presença atrás das câmeras, sedimentando sua passagem de diretor autoral para um mero lacaio de estúdio, já que não existe nada aqui que não pudesse ter sido feito por qualquer um desses diretores de aluguel sem personalidade como Louis Laterrier, Jonathan Liebsman ou Brett Ratner.
Dito isto é necessário esclarecer que este filme passa longe de ser o ponto mais baixo na carreira de Shyamalan, A Dama na Água (2006) eFim dos Tempos (2008) ainda seguem insuperáveis neste quesito, mas trata-se de tão incrivelmente derivativo e genérico que certamente não irá fazer favor algum à carreira do diretor.
Escrito por Shyamalan e Gary Whitta a partir de um argumento desenvolvido pelo próprio Will Smith, o filme se passa mil anos no futuro quando a humanidade deixou a Terra depois de exaurir todos os recursos e partiu para um novo planeta onde trava uma guerra contra uma raça alienígena. A história é centrada em Kitai (Jaden Smith) um jovem que deseja se tornar um ranger (a elite militar do novo planeta) assim como seu pai, o herói de guerra Cypher (Will Smith), com quem nunca teve muito contato. Tentando se reaproximar do filho, Cypher o leva a uma missão de treinamento em um planeta distante, mas a nave é danificada e cai em um planeta incrivelmente hostil, a Terra. Kitai e Cypher são os únicos sobreviventes (sabe-se lá porque), mas Cypher é ferido gravemente e Kitai precisa sozinho caminhar até a outra parte dos destroços para encontrar o sinalizador da nave e chamar ajuda.

Crítica – O Grande Gatsby

Resenha Crítica – O Grande GatsbyA primeira coisa que pensei ao ouvir que o diretor Baz Luhrmann iria dirigir uma versão do clássico romance O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald, fosse que o ele repetisse a excessiva pompa e melodrama do moroso e vazio Austrália (2008) e a esperança que o diretor encontrasse aqui a chance de voltar à boa forma de Romeu e Julieta(1996) e Moulin Rouge (2001). Pois bem, o filme não é uma coisa ou outra, mas fica no meio do caminho entre as dois extremos.
O filme se passa na Nova Iorque da década de 20 conta a história de Jay Gatsby (Leonardo DiCaprio), um milionário misterioso que ficou famoso por dar imensas e suntuosas festas em sua mansão. Tais extravagâncias chamam a atenção de seu vizinho, o humilde corretor da bolsa Nick (Tobey Maguire). Ao se aproximar dele, descobre que o ricaço fora apaixonado por sua prima Daisy (Carey Mulligan) e que suas festas eram uma tentativa de se reaproximar dela. Simpatizando com pureza da esperança de Gatsby em rever a amada, Nick o ajuda a se aproximar dela, mesmo sabendo do comportamento agressivo de seu marido, Tom (Joel Edgerton).
A estética e a estrutura do filme lembram um pouco Moulin Rouge, desde o começo com o logo do estúdio aparecendo em preto e branco e da moldura antiga que se abre para começar a narrativa, passando pelo uso de um narrador depressivo e amargurado que relata a história através de uma máquina de escrever, aqui na figura de Nick e representado por Christian (Ewan McGregor) no filme de 2001. O uso da narração é bastante problemático, soando redundante em alguns momentos, falando exatamente aquilo que vemos em cena, e repetitivo em outros, as informações sobre o passado de Gatsby, por exemplo são repetidas pelo menos duas vezes pelo narrador.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Crítica – Se Beber, Não Case! Parte III

O primeiro Se Beber, Não Case! (2009) fez um enorme sucesso graças a seu humor ácido e escrachado, além de situações absurdas com uma enorme criatividade para o nonsense. O segundo filme, por sua vez acabou não sendo nada mais do que um arremedo do original, eliminando a criatividade em virtude de uma repetição da fórmula do anterior. Assim chegamos a este Se Beber, Não Case! Parte III, que apresenta o fim da “trilogia” e, ao contrário do que sugere o péssimo título nacional, não é centrada em nenhum casamento.
A trama é centrada em Alan (Zach Galifianakis), cujo comportamento imaturo e irresponsável começa a afetar sua família e leva seu pai (Jeffrey Tambor) a um infarto depois de uma hilária cena envolvendo a morte de uma girafa. Como se recusa a tomar sua medicação ou se submeter a qualquer tratamento, sua mãe pede a intervenção da “matilha de lobos” e assim Stu (Ed Helms), Phil (Bradley Cooper) e Doug (Justin Bartha) são chamados a convencê-lo de ir para uma clínica no estado do Arizona. Os problemas surgem quando o grupo é interceptado durante o trajeto pelo traficante Marshall (John Goodman) que pede ao grupo para encontrar o Sr. Chow (Ken Jeong) e recuperar o ouro que ele lhe roubou. Assim, o grupo começa mais uma jornada que, dessa vez, vai do México a Las Vegas.
Primeiramente é bom ver que o filme não se mantem preso ao formato dos anteriores, dessa vez não tem casamento ou amnésia, por outro lado o Doug é novamente deixado de fora da ação ao ficar cativo de Marshall como “garantia” de que trarão Chow de volta. Uma pena, pois o personagem de Justin Bartha podia trazer uma nova dinâmica ao grupo, que continua funcionando da mesma forma de antes. Alan age de forma imatura e sem sentido enquanto Stu fica histérico e Phil tenta resolver tudo.

domingo, 26 de maio de 2013

Crítica – Fuga do Planeta Terra

Toda a ideia de Fuga do Planeta Terra parecia mais uma dessas animações genéricas e derivativas feitas por executivos de estúdio para lucrar mais alguns tostões em cima do público infantil. Não há nada realmente novo no filme, desde a premissa de ETs bonzinhos que caem na Terra e são perseguidos pelos militares, passando pelos próprios personagens que lembram um pouco as criaturas vistas em Monstros vs Alienígenas (2009). Porém, o filme compensa suas previsibilidades com bons diálogos a algumas situações bem criativas.
A história é centrada em Scorch Supernova (Brendan Fraser) um alien tratado como um herói em seu planeta que realiza grandes feitos com a ajuda de seu irmão nerd Gary (Robb Coddry), a quem nunca dá crédito para seu sucesso. Quando surge a oportunidade de uma missão no temível “Planeta Negro” do qual nenhuma forma de vida jamais retornou, Scorch aceita a ideia sem problemas, mas seu irmão objeta, afirmando que é perigoso demais. Claro, como o sujeito orgulhoso que é Scorch desconsidera o irmão, afirmando que este é apenas um apertador de botões, e parte para o temível planeta que, obviamente, trata-se do nosso planetinha azul. Chegando aqui é feito refém pelo megalomaníaco general Shanker (William Shatner, o eterno capitão Kirk) e cabe a seu irmão vir até a Terra para resgatá-lo.
A partir daí torna-se evidente que teremos todas aquelas lições de vida sobre união familiar e trabalho em equipe que se apresenta em boa parte das animações destinadas ao público infantil. Não é exatamente uma novidade e tudo ocorre exatamente como esperamos, mas é tudo tão bem costurado e pontuado por um humor muito bem eficiente que acaba nos distraindo dessa previsibilidade.

Crítica – Além da Escuridão: Star Trek

Com Star Trek (2009) o diretor J.J Abrams conseguiu trazer de volta aos cinemas a famosa franquia de ficção científica que estava distante das telas desde o fracasso de Nêmesis (2002), trazendo um novo fôlego e um novo olhar a estes personagens tão queridos e interessantes sem se esquecer de suas origens. Pois bem, este Além da Escuridão: Star Trek (a colocação bizarra do subtítulo na frente do título é culpa da distribuidora brasileira e não minha) é um capítulo igualmente sólido da franquia que traz novas dinâmicas aos seus personagens sem se esquecer de suas origens e o que fez a série original ser tão memorável.
O filme já começa movimentado com os integrantes da Enterprise tendo que salvar um planeta primitivo da ação de um vulcão que pode destruir toda vida que há nele. No curso da ação Kirk (Chris Pine) ignora os regulamentos de não-interferência da Federação e empreende um plano arriscado para conter o desastre. O capitão é então chamado de volta para Terra para prestar contas sobre suas ações ao almirante Pike (Bruce Greenwood) quando um ataque terrorista perpetrado pelo ex-oficial John Harrison (Benedict Cumberbatch) coloca a Frota em alerta. Cabe então a Kirk, Spock (Zachary Quinto) e o resto da Enterprise deterem o vilão.
Assim como no longa anterior são as relações entre os personagens que movem o filme e são elas que nos deixam engajados na trama e boa parte do mérito reside no talentoso elenco. As composições de Quinto e Pine dão várias camadas de nuances a Kirk e Spock e os dois atores exibem uma sinergia que torna a relação entre eles bastante orgânica e verossímil.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Crítica – Velozes e Furiosos 6

A franquia Velozes e Furiosos nunca foi lá grande coisa, é verdade, mas lá pelo terceiro ou quarto filme tudo já parecia repetitivo e cansativo, não havendo motivo outro senão o lucro para continuar com a franquia. O respiro veio com Velozes e Furiosos 5 (2011) que despontou como o melhor exemplar da franquia ao abandonar o elemento dos rachas de rua, se tornando um filme de ação que assumia um caráter absurdo, exagerado e despretensioso. A adição de Dwayne “The Rock” Johnson ao elenco também ajudou a alavancar a franquia, já que o ator é bem mais carismático do que Vin Diesel e Paul Walker e, como apontei em meu texto sobre G.I Joe Retaliação, sabe muito bem como construir um brucutu canastrão e divertido.
Pois bem, este novo capítulo da franquia traz o agente Hobbs (The Rock) perseguindo um grupo de ladrões motorizados liderados pelo mercenário Shaw (Luke Evans) que estão roubando tecnologia militar. Incapaz de enfrentar os ladrões por conta própria, precisa recorrer a Dom (Vin Diesel), Brian (Paul Waker) e sua equipe para deter os criminosos. A trupe de foras-da-lei tem um motivo especial para ajudar, pois aparentemente Letty (Michelle Rodriguez), ex-namorada de Dom dada como morta no quarto filme, está auxiliando Shaw em seus audaciosos roubos.
O filme já deixa claro seu comprometimento com o exagero e absurdo desde as primeiras cenas, quando vemos Hobbs “interrogando” um membro da gangue de Shaw preso em Londres. O verbo está entre aspas, pois o que de fato acontece é que Hobbs simplesmente enfia a porrada no meliante, arrebentando-o e destruindo a sala de interrogatório no processo. Lógico que se isso acontecesse em um universo minimamente verossímil a prisão seria invalidada e o policial perderia o emprego e responderia a um processo criminal por tortura, mas Velozes e Furiosos 6 não possui qualquer compromisso com verossimilhança e sim com a ação brucutu estupidamente elevada aos limites do exagero, atingindo uma condição quase que cartunesca.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Crítica – Searching For Sugar Man

Todos sabemos que a música (assim como o cinema) é ao mesmo tempo uma arte e um negócio, uma indústria. Assim, não é difícil imaginar que muitas vezes o lado industrial pode tomar precedência do lado artístico e que muitas vezes artistas talentosos são deixados de lado por não serem vendáveis. Então, qual seria a sensação de saber que um nome incrivelmente promissor e bem avaliado pelos críticos foi relegado ao esquecimento? Pior, como reagiríamos ao saber que em virtude desse fracasso comercial e perda de oportunidades, perdemos um grande músico?
São algumas dessas perguntas que o filme Searching For Sugar Man, vencedor do Oscar 2013 como Melhor Documentário, tenta responder. A obra inicia com o depoimento de Stephen “Sugar Man” Segerman, dono de uma loja de discos na Cidade do Cabo, África do Sul. O comerciante conta que seu apelido veio da música homônima de autoria do músico norte-americano Rodriguez e que durante muito tempo procurou, sem sucesso, informações sobre o artista e tudo que descobrira foi que, após ser demitido por sua gravadora, ele teria se matado no palco, durante uma apresentação.
É a história da busca empreendida por Stephen e um amigo jornalista que diretor Malik Bendjelloul retrata aqui. O objetivo entender o que de fato aconteceu com Rodriguez, cujas letras e estilo folk remetem à Bob Dylan, e como ele se tornou incrivelmente conhecido na África do Sul, mas é solenemente desconhecido no resto do mundo, incluindo os Estados Unidos.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Crítica - 2 Mais 2

Análise 2 Mais 2


Review 2 Mais 2
Apesar de tudo, sexo ainda é um tema tabu em nossa sociedade, principalmente as práticas sexuais que vão de encontro às noções mais tradicionais de família. Dentre estas temos o swing, ou simplesmente troca de casais, e é sobre isso que trata a comédia romântica argentina Dois Mais Dois.

A história é centrada em Diego (Adrian Suar) e Emília (Julieta Diaz), um casal na faixa dos quarenta com um filho adolescente e que vê esfriar a sua vida a dois. Uma alternativa surge quando um casal amigo, Ricardo (Juan Minujin) e Betina (Carla Peterson), assume ter reacendido a chama da relação através da prática do swing e que esta poderia ser uma alternativa para eles.

É interessante como o filme vai inicialmente contrapondo as ações dos dois casais, revelando a oposição direta entre eles. Enquanto Betina e Ricardo se beijam loucamente com línguas para todos os lados, Diego apenas beija timidamente o ombro de Emília. Em outro momento Ricardo e a esposa transam com intensidade enquanto que Diego e Emília dormem e há um grande espaço vazio entre os dois na cama, indicando o distanciamento do casal.