quinta-feira, 11 de julho de 2013

Crítica – O Cavaleiro Solitário



O Cavaleiro Solitário é um personagem nascido na década de 30 em um programa de rádio e de lá para cá originou uma série de televisão (que foi ao ar de 1949 a 1957), quadrinhos e filmes, mas fazia um tempo que o personagem não aparecia para o grande público. Produzido por Jerry Bruckheimer, dirigido por Gore Verbinski e estrelado por Johnny Depp (o mesmo trio da trilogia inicial de Piratas do Caribe), o filme parece ter a clara intenção de iniciar uma nova franquia de ação para a Disney, substituindo a já desgastada franquia de piratas protagonizada pelo Capitão Jack Sparrow.
O filme se passa no velho oeste americano e é centrado no promotor público John Reid (Armie Hammer) que é gravemente ferido e tem todos os companheiros assassinados durante a caçada ao perigoso Butch Cavendish (William Fichtner), sobrevivendo graças à ajuda do índio Tonto (Johnny Depp) que também tem contas a acertar com o criminoso. Assim, os dois se unem para agir por conta própria e levar o criminoso à justiça.
A dupla principal é bem carismática e funciona muito bem. Depp continua a repetir os mesmos trejeitos e afetações de seus trabalhos recentes (em especial Jack Sparrow) com seus olhos esbugalhados e linguagem corporal exagerada, lembrando um ator da época do cinema mudo, apesar de repetitivo é impressionante constatar que todos os truques do ator continuam surtindo efeito graças ao seu bom timing. Hammer também é bem sucedido na construção de Reid como um sujeito bem intencionado que acredita no pleno funcionamento da lei e inicialmente reluta em assumir a persona do justiceiro mascarado. Outro ponto positivo é o vilão interpretado por William Fichtner, um sujeito cruel e violento que se entrega a arroubos canibais quando elimina seus adversários. Seu visual sujo e desfigurado contribui para torna-lo ainda mais ameaçador.

Crítica – O Homem de Aço

Ao contrário da Marvel, que conseguiu consolidar seu universo cinematográfico nos cinemas, os personagens da DC não tiveram exatamente a mesma sorte. Claro, os três Batman dirigidos por Christopher Nolan fizeram grande sucesso entre público e crítica, mas o fracasso retumbante de Lanterna Verde (2011) fez o estúdio colocar seu próximo projeto de super-heróis sob a coordenação de Nolan, que escreveu (ao lado de David Goyer) e produziu este O Homem de Aço, deixando a direção a cargo de Zack Snyder (Madrugada dos Mortos, 300).
O filme reapresenta a origem do herói, mostrando o planeta Krypton como um mundo estéril, controlado por um rígido sistema de castas e uma ideologia eugênica, uma abordagem que se assemelha bastante à seminal história em quadrinhos O Homem de Aço (o filme ainda remete a outros arcos como O Legado das Estrelas e o recente Superman: Terra Um), escrita por John Byrne na década de 80. A destruição de Krypton se dá pela exaustão dos recursos do núcleo do planeta e o cientista Jor-el (Russel Crowe) envia seu único filho à Terra para salvá-lo. Clark (Henry Cavill) é um jovem com um forte senso de inadequação, divido entre sua herança extraterrestre e sua criação terrena. Na sua busca por compreender quem é e de onde veio seu caminho se cruza com o da repórter Lois Lane (Amy Adams) e chama atenção dos militares, em especial do Coronel Hardy (Christopher Meloni). As coisas se complicam quando o implacável General Zod (Michael Shannon) e sua tropa de kryptonianos chegam ao nosso planeta, obrigando Clark a tomar uma decisão quanto ao seu lugar neste mundo. É uma história de origem bem aos moldes de Batman Begins (2005) e com a mesma atmosfera realista, tentando entender que impacto teria se um ser quase que onipotente se apresentasse diante do mundo.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Crítica – Truque de Mestre

Lembro claramente da minha sensação ao ver o trailer deste Truque de Mestre pela primeira. A premissa de mágica e roubo, uma mistura de O Grande Truque (2006) com Onze Homens e um Segredo (2002), parecia promissora e o filme ainda contava com um elenco competente. Então o trailer foi chegando ao fim e vi que Louis Laterrier assinava o filme e minha empolgação se tornou desânimo, afinal trata-se do sujeito que construiu uma carreira em cima de filmes insossos como Carga Explosiva 2 (2005), O Incrível Hulk (2008) e o terrívelFúria de Titãs (2010). Infelizmente meus temores se confirmaram e o filme é apenas uma repetição sem graça daquilo que já vimos (e melhor) em vários outros filmes.
A trama acompanha Daniel (Jesse Eisenberg), Merrit (Woody Harrelson), Henley (Isla Fisher) e Jack (Dave Franco), mágicos de rua que um dia recebem um convite misterioso para um apartamento decadente em Nova Iorque. Lá encontram diagramas e especificações para uma série de surpreendentes truques de mágica com potencial para faturarem uma larga soma de dinheiro. Um ano depois eles começam a colocar os truques em prática e são caçados pelos agentes Rhodes (Mark Ruffalo) e Dray (Melanie Laurent) e pelo ex-mágico Thaddeus (Morgan Freeman), um especialista em revelar os truques de outros ilusionistas, uma espécie de Mister M com voz de Cid Moreira.
O filme tenta tratar de temas como a natureza enganadora e dual da mágica e da necessidade de acreditar em algo extraordinário e sobrenatural e das rivalidades exacerbadas que nascem neste meio. Nada disso é exatamente novidade, já tendo sido tratado em filmes como O Ilusionista (2006) e o próprio O Grande Truque, mas diante da comparação Truque de Mestre empalidece pela sua superficialidade, não acrescentando nada ao que as obras anteriores já falaram nem ambiciona lançar um novo olhar sobre essas questões.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Crítica – Guerra Mundial Z



Durante muito tempo os filmes de zumbis foram relegados à produções de baixo orçamento (o que nunca impediu que obras sensacionais fossem feitas) e suas criaturas eram costumeiramente considerados como inferiores a outros monstros do cinema como vampiros, lobisomens ou fantasmas. De uns tempos para cá, entretanto, começamos a viver um literal surto de zumbis, com produções de grande orçamento e visibilidade em quadrinhos, televisão e, claro, cinema. Assim chegamos a Guerra Mundial Z (baseado no livro homônimo de Max Brooks), um blockbuster de quase duzentos milhões de dólares que definitivamente coloca os monstros devoradores de cérebro no mainstream cinematográfico.
A trama é centrada em Gerry (Brad Pitt), um ex-agente das forças de segurança da ONU que precisa voltar à ativa depois que uma praga zumbi se alastra pelo mundo. O filme não economiza nas cenas de destruição e já começa com um ataque massivo de zumbis ao centro de Nova Iorque. A direção de Marc Forster (007: Quantum of Solace)chama a atenção pela escala grandiosa que o filme dá ao apocalipse zumbi, abusando de tomadas abertas que mostram as multidões de criaturas avançando contra a população.
Não há muito sangue, é verdade, mas essa deficiência é compensada por um clima de tensão bastante eficiente e alguns sustos que certamente farão o público pular da cadeira. Boa parte das cenas de ação também são bastante criativas no uso dos zumbis, que se empilham e se jogam sobre obstáculos formando verdadeiras ondas de mortos-vivos, essa inventividade contribui para dar frescor à narrativa.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Crítica – O Lugar Onde Tudo Termina

Assim que saí da sala de cinema após assistir este O Lugar Onde Tudo Termina, novo filme do diretor e roteirista Derek Cianfrance (de Namorados para Sempre), soube que seria difícil escrever sobre ele. Não que seja um filme complicado e inacessível, mas pelo fato da narrativa estar em um constante movimento que sempre desafia nossas expectativas. Assim, tive a clara noção que, ao comentar sobre os méritos e qualidades da obra, deveria ter cuidado para não entregar as principais viradas do filme e assim estragar a experiência daqueles que ainda irão assisti-lo.
Quando menciono as reviravoltas, não me refiro aos fatos inesperados por si só, mas todo o impacto emocional e o sentimento de fatalismo e implacabilidade da vida que nos toma quando eles ocorrem. Entregar o desenvolvimento da trama não estragaria somente a surpresa, mas boa parte da experiência sensorial, emocional e de produção de sentido que filme visa provocar em seu público.
Mas deixemos de lado o que não é possível ser dito e partamos para o que é. O filme começa com Luke (Ryan Gosling) um motociclista que viaja com um circo realizando o truque do globo da morte. Quando ele se reaproxima de Romina (Eva Mendes), uma mulher com quem se relacionou na última vez em que estivera na cidade, Luke descobre que teve um filho com ela e assim decide abandonar a vida circense e se estabelecer. Entretanto, as coisas não são fáceis para o motociclista e o único modo que encontra para ajudar no sustento do filho é recorrer ao crime e isso o coloca em confronto com o policial Avery (Bradley Cooper), num encontro que mudará para sempre a vida dos dois.

Crítica – Universidade Monstros

Resenha Universidade MonstrosDepois de doze anos depois do sucesso de Monstros S.A (2001), a Pixar finalmente revisita o criativo universo dos monstros que precisam assustar criancinhas para gerar energia para seu mundo. Entretanto, não é uma sequência propriamente dita e sim um prelúdio, pois se passa antes dos acontecimentos do filme original. Tudo bem, não é exatamente algo pelo qual os fãs da Pixar clamavam, eu mesmo preferia ver uma continuação do ótimo Os Incríveis (2004) a este filme, e embora seja descartável e desnecessário, não deixa de ser uma aventura carismática e bem bacana.
Ao invés da adorável Boo, a história aqui é centrada em Mike Wazowski (Billy Crystal) e sua vida universitária, quando entrou na Universidade Monstros (uma espécie de Harvard desse mundo) para se tornar um grande assustador. Com seu tamanho franzino e aparência pouco intimidadora, acaba não sendo levado a sério por seus colegas ou mesmo pela reitora (Helen Mirren). Seu futuro amigo Sulley (John Goodman) é um dos estudantes a implicar com ele e durante uma briga, os dois são expulsos do curso. A única forma dos dois serem aceitos de volta é ganhando o torneio universitário de sustos, mas, para isso, precisam pertencer a alguma fraternidade do campus. Logicamente a única que os aceita é a dos nerds e desajustados. Assim, Mike e Sulley precisam deixar as diferenças de lado e trabalharem em equipe com os novos colegas se quiserem vencer a competição.

domingo, 16 de junho de 2013

Crítica – Antes da Meia-Noite

Resenha Crítica – Antes da Meia-NoiteNove anos se passaram depois de Antes do Pôr do Sol (2004) e mais uma vez o diretor Richard Linklater nos coloca para acompanhar um dia na vida de Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy) da mesma forma como fizera no filme anterior e em Antes do Amanhecer (1995). Dito isto, preciso esclarecer que é quase imprescindível ter visto os dois filmes anteriores (ou pelo menos saber o que acontece neles) para apreciar por completo o que acontece aqui.
Assim como nos outros dois filmes, o foco é todo em Jesse e Celine a na maneira como eles se relacionam. A história mostra o casal finalmente vivendo junto depois dos eventos do filme anterior e pais de duas meninas. Eles estão de férias na Grécia, hospedados na casa de um escritor amigo de Jesse, e este é o último dia da viagem. O casal recebe de presente de seus anfitriões uma noite em um hotel de luxo, para que, enfim, possam aproveitar alguns momentos sozinhos.
O filme é extremamente competente em retratar como os personagens mudaram ao longo do tempo, não apenas fisicamente, mas, principalmente como mudou a relação entre eles. De um amor distante e idealizado nos dois primeiros filmes, os nove anos passados tornaram a convivência entre os dois algo extremamente pragmático e se antes falavam de seus desejos e preocupações, agora falam de como educar os filhos ou sobre a viabilidade de uma nova proposta de emprego. Aqui estamos diante de um amor concretizado e vivido, mostrando o que acontece com ele conforme o tempo passa.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Crítica – Uma História de Amor e Fúria

A animação brasileira Uma História de Amor e Fúria é uma obra ousada. Não apenas por ser um longa-metragem animado num país sem tradição gênero, mas por ser um longa animado, gênero que muitas pessoas associam ao público infantil, voltado para adultos, tratando de temas sérios como tortura e estupro e exibindo uma relativa quantidade de sangue e nudez. Ainda assim acredito que desavisados ainda irão protestar a respeito do conteúdo do filme, gerando uma polêmica semelhante à do filme Ted (2012) e um deputado.
A animação conta a história de um homem (Selton Mello) com mais de 600 anos em busca de sua amada, Janaina (Camila Pitanga), com quem se encontra e se separa ao longo da história do Brasil, onde diversos conflitos levam o casal a ficar separado, algumas vezes de forma violenta. A história vai desde as disputas entre tupinambás e tupiniquins no século XVII, passando pela revolta da balaiada no século XIX, a ditadura militar na década de 60 e, por fim num Brasil futurista e distópico no ano de 2096, onde se enfrenta uma guerra pela água que restou no planeta.
Apesar do pano de fundo histórico, o foco é o romance entre o personagem de Selton Mello e Janaina, que ele passa séculos tentando reencontrar apenas para perdê-la novamente. É interessante perceber como o protagonista se torna mais receoso de se aproximar de sua amada conforme o tempo passa, temendo que mais uma vez experimentem uma efêmera felicidade antes de serem separados por circunstâncias fora de seu controle. Ao mesmo tempo, o personagem vai adquirindo um relativo cinismo e desencanto em relação aos conflitos e revoltas populares que presencia, já que o resultado é quase sempre o mesmo: aqueles que têm pouco tem sua voz sufocada enquanto que aqueles que tem poder e posse nas mãos detêm a hegemonia. Assim, quando o vemos no último segmento, ele praticamente desistiu de fazer qualquer manifestação. Por outro lado, o trabalho de Camila Pitanga ajuda a transformar as múltiplas encarnações de Janaina em figuras não apenas adoráveis e apaixonantes, mas dotadas de incrível força e determinação, não sendo difícil entender porque o protagonista mantém um sentimento forte em relação a ela.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Crítica – Depois da Terra

É interessante ver o que aconteceu com a carreira de M. Night Shyamalan, que passou de uma grande promessa para um cineasta cujas obras se tornaram gradativamente mais questionáveis e equivocadas, chegando, enfim, a este Depois da Terra onde seu nome não é considerado valioso o bastante para sequer ser citado no trailer. Vendo o filme é possível entender o motivo, afinal se até mesmo no insosso O Último Mestre do Ar (2010) ainda víamos um pouco do seu estilo de dirigir, aqui não há um resquício sequer de sua presença atrás das câmeras, sedimentando sua passagem de diretor autoral para um mero lacaio de estúdio, já que não existe nada aqui que não pudesse ter sido feito por qualquer um desses diretores de aluguel sem personalidade como Louis Laterrier, Jonathan Liebsman ou Brett Ratner.
Dito isto é necessário esclarecer que este filme passa longe de ser o ponto mais baixo na carreira de Shyamalan, A Dama na Água (2006) eFim dos Tempos (2008) ainda seguem insuperáveis neste quesito, mas trata-se de tão incrivelmente derivativo e genérico que certamente não irá fazer favor algum à carreira do diretor.
Escrito por Shyamalan e Gary Whitta a partir de um argumento desenvolvido pelo próprio Will Smith, o filme se passa mil anos no futuro quando a humanidade deixou a Terra depois de exaurir todos os recursos e partiu para um novo planeta onde trava uma guerra contra uma raça alienígena. A história é centrada em Kitai (Jaden Smith) um jovem que deseja se tornar um ranger (a elite militar do novo planeta) assim como seu pai, o herói de guerra Cypher (Will Smith), com quem nunca teve muito contato. Tentando se reaproximar do filho, Cypher o leva a uma missão de treinamento em um planeta distante, mas a nave é danificada e cai em um planeta incrivelmente hostil, a Terra. Kitai e Cypher são os únicos sobreviventes (sabe-se lá porque), mas Cypher é ferido gravemente e Kitai precisa sozinho caminhar até a outra parte dos destroços para encontrar o sinalizador da nave e chamar ajuda.

Crítica – O Grande Gatsby

Resenha Crítica – O Grande GatsbyA primeira coisa que pensei ao ouvir que o diretor Baz Luhrmann iria dirigir uma versão do clássico romance O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald, fosse que o ele repetisse a excessiva pompa e melodrama do moroso e vazio Austrália (2008) e a esperança que o diretor encontrasse aqui a chance de voltar à boa forma de Romeu e Julieta(1996) e Moulin Rouge (2001). Pois bem, o filme não é uma coisa ou outra, mas fica no meio do caminho entre as dois extremos.
O filme se passa na Nova Iorque da década de 20 conta a história de Jay Gatsby (Leonardo DiCaprio), um milionário misterioso que ficou famoso por dar imensas e suntuosas festas em sua mansão. Tais extravagâncias chamam a atenção de seu vizinho, o humilde corretor da bolsa Nick (Tobey Maguire). Ao se aproximar dele, descobre que o ricaço fora apaixonado por sua prima Daisy (Carey Mulligan) e que suas festas eram uma tentativa de se reaproximar dela. Simpatizando com pureza da esperança de Gatsby em rever a amada, Nick o ajuda a se aproximar dela, mesmo sabendo do comportamento agressivo de seu marido, Tom (Joel Edgerton).
A estética e a estrutura do filme lembram um pouco Moulin Rouge, desde o começo com o logo do estúdio aparecendo em preto e branco e da moldura antiga que se abre para começar a narrativa, passando pelo uso de um narrador depressivo e amargurado que relata a história através de uma máquina de escrever, aqui na figura de Nick e representado por Christian (Ewan McGregor) no filme de 2001. O uso da narração é bastante problemático, soando redundante em alguns momentos, falando exatamente aquilo que vemos em cena, e repetitivo em outros, as informações sobre o passado de Gatsby, por exemplo são repetidas pelo menos duas vezes pelo narrador.